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21 DE FEVEREIRO DE 1990 1611

Em relação à sua intervenção, vê-se mesmo que o Sr, Deputado não vive nem conhece Coimbra, porque senão não falaria das tradições de Coimbra da forma como falou.
Ao mesmo tempo, com o distanciamento e com a magnitude dos vitoriosos, o Sr. Deputado também podia falar das preocupações que as eleições estudantis de Coimbra deixam a todos nós, designadamente três ordens de preocupações- e, como disponho de pouco tempo, depois poderei falar mais dessa questão com o Sr. Deputado.
Em primeiro lugar, progressivamente, a participação estudantil nos actos eleitorais da Academia de Coimbra vem a decrescer - e, neste ano, isso aconteceu de uma forma ainda mais preocupante. É que, na segunda volta, decresceu em relação ao ano passado. Ou seja, a desmobilização aumenta, Sr. Deputado!
Por que razão é que a lista E, a lista de independentes, consegue, este ano, praticamente «discutir» a primeira volta, taco a taco, com as listas partidárias? Temos de interrogar-nos sobre isto, Sr. Deputado, mesmo quando somos vitoriosos, ou, melhor, quando ainda somos vitoriosos.
A segunda preocupação - que é dos estudantes de Coimbra e, certamente, da JSD - é a do alheamento progressivo dos estudantes de Coimbra pela parte cultural, pelas secções, pelos organismos autónomos, em que a Associação Académica é cada vez mais uma cantina em ponto grande e uma prestação de serviços e é cada vez menos a parte cultural, criativa.
A terceira preocupação diz respeito às tradições. Neste ano, em Coimbra, viveram-se situações em que os homens que escreveram sobre a praxe de Coimbra vieram a público dizer que não se está a pôr de pé a tradição de Coimbra, mas, isso sim, a perverter as praxes de Coimbra, designadamente nas latadas que houve este ano e nos casos degradantes que chegaram ao hospital, resultantes da aplicação perversa daquilo que são as justas e sãs tradições de Coimbra, às quais me honro de pertencer e de aderir.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Sr.ª Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Apolinário.

O Sr. José Apolinário (PS): - Sr. Deputado Carlos Coelho, vou ser muito rápido, porque disponho de pouco tempo. Apenas gostaria de transmitir cinco ideias fundamentais.
A primeira diz respeito ao espírito coimbrão. Devo dizer que me associo totalmente às duas intervenções que me antecederam, sobretudo no que se relaciona com a preocupação quanto à questão das praxes e do sentir académico.
Em segundo lugar, o Sr. Deputado Carlos Coelho tem de passar a ouvir mais os membros do órgão dirigente de que faz parte, isto é, da direcção da Juventude Social-Democrata. Estive, na quinta-feira, em Coimbra e, perante o que ouvi por parte do vice-presidente da JSD, João Granja, à comunicação social e o quo o Sr. Deputado acabou de dizer, constatei que os senhores não falam, não dialogam. Portanto, quem não está com sossego de consciência é o Sr. Deputado Carlos Coelho.
Em terceiro lugar, uma coisa é o sindicalismo estudantil de índole cultural ou social e outra é o sindicalismo político em termos estudantis. O que o Sr. Deputado aqui veio fazer foi a defesa do sindicalismo estudantil de cariz político-partidário.
Ora, como ex-dirigente associativo, como jovem, como português, preocupa-me o constante uso do discurso anti-parados aos níveis estudantil e associativo e que esse discurso tenha sido usado pela lista apoiada pela Juventude Social-Democrata. Preocupa-me, também, que o Sr. Deputado venha aqui lançar os foguetes e apanhar as canas dos próprios foguetes, em vez de reflectir sobre a razão por que aumenta a abstenção ou sobre o que é que está mal na actividade das organizações partidárias - tanto da minha como da sua- em relação à actividade estudantil. Vem aqui fazer a festa sozinho, porque precisa de fazê-la, como disse - e bem! - o Sr. Deputado António Campos.
Em quarto lugar, gostava de dizer-lhe. Sr. Deputado Carlos Coelho, que, há um ano, as eleições pronunciaram, de facto, uma viragem: o Partido Socialista ganhou, subindo consideravelmente, mostrando, pela primeira vez, o «cartão amarelo» ao PSD e ao Governo, nas eleições para o Parlamento Europeu; depois disso, ganhou claramente as eleições autárquicas, sendo, hoje, o maior partido.
Finalmente, não penso que estas eleições venham antever uma viragem política, porque não sei qual é o candidato que os senhores tem, em alternativa, à eventualidade do candidato Mário Soares - e as próximas eleições são essas. Gostaria de saber, em relação a essa matéria, como é que o Sr. Deputado vai posicionar-se ...
Não vejo, pois, que, no presente contexto, haja um qualquer sinal de alteração social perante os resultados eleitorais, conforme o Sr. Deputado nos pretendeu fazer crer.

A Sr.ª Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Coelho.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Começo por agradecer aos Srs. Deputados António Campos, Vítor Costa e José Apolinário as perguntas simpáticas que me fizeram e que me permitem esclarecer melhor aquilo que, julgo, já tinha sido claro da tribuna.
Em primeiro lugar, quero acentuar uma diferença no discurso do Sr. Deputado António Campos. É que sempre ouvi os socialistas defenderem que as eleições da AAC eram uma espécie de barómetro da situação nacional, que reproduzia a inclinação política do País. O Sr. Deputado António Campos, pela primeira vez, no País e nesta Assembleia, disse exactamente o contrário, isto é, a tese curiosa de que as eleições da AAC são o contrário do barómetro nacional: quem ganha na AAC perde no País e vice-versa. Ora, isto é exactamente o contrário do que sempre defenderam. Cumprimento-o por esta nova tese e não cometo a injustiça de pensar que é levado a defini-la só pelos resultados dessas eleições. Estou certo de que o Sr. Deputado António Campos terá pensado muito, antes de produzir esta nova teoria na Assembleia da República.
A segunda questão tem a ver com o élan.
Agradeço muito ao Sr. Deputado António Campos a comparação que faz com o meu amigo José Apolinário, dizendo que este ano estou à procura do élan que o Sr. Deputado José Apolinário criou no ano passado.
Está, desde logo, a desvalorizar a intervenção que o Sr. Deputado José Apolinário fez há um ano, ao dizer que ele não foi muito sincero, que ele queria era um élan e