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2428 I SÉRIE - NÚMERO 72

O PPD/PSD teme as eleições. Daí que optasse, irreversivelmente, por apoiar, com o maior desapego que lhe for possível, o eventual, mas provável, candidato à presidência da República, Dr. Mário Soares. É a fuga em frente, mas uma fuga que precipita o desastre. Pela primeira vez desde 1976 o PPD/PSD vai ser dilacerado à esquerda e à direita pelas tempestades cujos ventos semeou. O mundo vive uma época de clarificação política em que os grandes equívocos dos tempos modernos passaram ou estão a passar à história.
Nos últimos meses assistimos, com fraterno e solidário júbilo, aos decisivos avanços na luta pela liberdade, pela dignidade cívica e pela justiça social em que desde sempre se empenham os socialistas democráticos de todo o mundo. Referimo-nos ao processamento final das derrotas do marxismo teológico, do apartheid e de outras formas de opressão.
De nada vale ao PPD encostar-se a essa árvore, entoando salinos tartufos na procura de ganhar em dois tabuleiros e acusar, por um lado, o PS do que ele se orgulha de ser, isto é, socialista, e, por outro, numa oitava abaixo e piscando o olho aos seus Miguelistas, lembrar que se diz social-democrata. Bem pode o PSD berrar que o PS de Sampaio já não d o PS de Constâncio, como antes berrava que o PS de Constâncio já não era o de Mário Soares e no tempo de Soares pinchava que o PS era igual ao PCP. Isso já deu!

Risos do PS.

Afinal o PS tem ligações históricas, institucionais e doutrinais com todos os partidos socialistas e sociais-democratas na União Europeia e na Internacional Socialista. O PS contribuiu e esteve associado às acções da IS e do grupo socialista do PE que activamente auxiliaram as mudanças já verificadas no mundo comunista e na África do Sul. O PS está confiante no seu futuro e orgulha-se do seu passado de grandes serviços prestados ao País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Bem pode, pois, o PPD apelar ao seu nome de crisma para beneficiar das vitórias do socialismo democrático. Na Europa política o PPD, que também assina PSD, é visto como uma clara «Branca das Neves».
Reduzido pelos seus próprios erros e vícios, a oposição à oposição, devorado pelo medo, consta que o partido do Governo foi ao psicólogo ou fez vir o psicólogo a si, como se os seus pesadelos fossem causa e não efeito dos seus males. Só que o mal do PPD/PSD e do seu governo tem outra origem, que é pecado capital - a gula. Comeu demais, engordou e a sua coluna vertebral, provadamente cartilaginosa, não suporia o peso de tamanho tecido adiposo. Daí que o povo português já lhe tenha prescrito o tratamento - uma longa e rigorosa dieta de poder.

Aplausos do PS.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Maia Nunes de Almeida.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Moreira.

O Sr. Manuel Moreira (PSD):-Sr. Deputado Luís Filipe Madeira, já há muito que não o ouvíamos falar nesta Câmara. Regressou finalmente de Estrasburgo e resolveu inaugurar a sua intervenção parlamentar na Assembleia da República com este discurso. Melhor: este discurso foi apresentado como uma declaração política, mas, dado o estilo e o ênfase que colocou na sua intervenção, mais parecia uma declamação política perante os deputados à Assembleia da República.
Devo dizer que tenho pena que não tenha trazido novos argumentos. Todo o discurso foi, no fundo, requentado, feito de argumentos estafados e que, efectivamente, têm sido aqui repetidamente aduzidos - mas não demonstrados - por parte do Partido Socialista, por parte da sua bancada. Fez um discurso prolixo, tentou tirar efeitos políticos de algumas das palavras que produziu, mas não disse nada de concreto. Fez a crítica fácil, mas não apresentou soluções.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Pergunto ao Sr. Deputado concretamente o seguinte: o que é que V. Ex.ª tem a apresentar, em concreto, como alternativa, a cada uma das críticas que fez às mais diversas áreas da acção governativa? O que é que o Sr. Deputado tem a apresentar a esta Câmara? Qual é a sua solução? Quais suo as propostas alternativas do Partido Socialista?
O Sr. Deputado não apresentou nenhuma proposta alternativa: só fez crítica fácil e foi muito hipercrítico. Já sabemos que o Partido Socialista quer ganhar pela crítica cada vez mais acentuada ao Partido Social-Democrata e ao seu Governo. Agora, de concreto não apresentou nada!... O PSD, o Governo, que apoiamos com convicção - e cada vez mais, continua a governar no dia-a-dia, realizando o seu programa de governo, as obras, procurando contrapor ao discurso, às palavras ocas e sem sentido do Partido Socialista, a acção. Estamos a realizar reformas múltiplas nos diversos sectores da sociedade, no sentido de mudar o País, modernizando-o e desenvolvendo-o.

Aplausos do PSD.

E o povo português, em 1991, vai saber, com bom senso e inteligência, como sempre o fez, dar resposta ao discurso demagógico do PS, dando-nos de novo a maioria, porque penso que bem a merecemos!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Filipe Madeira.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): -Sr. Deputado Manuel Moreira, antes de mais, quero agradecer-lhe o facto de estar atento às minhas intervenções, na Assembleia da República...

O Sr. Manuel Moreira (PSD):-Por acaso, foi só uma!

O Orador: - É pena que o Sr. Deputado tenha faltado algumas vezes, porque já fiz outras intervenções nesta Assembleia. Mas V. Ex.ª estava com tarefas mais nobres..., andava a mobilizar o seu partido para as eleições autárquicas...

Risos do PS.