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29 DE NOVEMBRO DE 1990 599

... e o quo é que o candidato Mário Soares poderá fazer para ficar em igualdade de circunstancias com o Dr. Basílio Horta ou com o Dr. Carlos Carvalhas, visto que também este poderá estar aqui exactamente nas mesmas circunstâncias, o que já não pode acontecer nem com o candidato Mário Soares nem com o candidato Carlos Marques.

Vozes do PSD:-Então e o pobre do Coelho de Coimbra?...

O Orador: - A primeira questão que lhe coloco é esta: como havemos de proceder para que todos nós - os candidatos, incluindo o Dr. Mário Soares, e os deputados, incluindo todos aqueles que se opõem ao Dr. Mário Soares e também os que se opõem ao Dr. Carlos Marques- possamos ficar em igualdade de circunstâncias?

Essa é a primeira questão que tem, naturalmente, contornos políticos, mas que também comporta sérios contornos regimentais e constitucionais.
Vamos transformar a Assembleia da República num terreno de campanha eleitoral para a Presidência da República? Além dos debates entre candidatos na Radio-televisão Portuguesa e na TSF, dos debates organizados por outras órgãos da comunicação social e dos debates entre os apoiamos que se travam por iniciativa de diferentes órgãos da comunicação social, vamos ter debates na Assembleia da República e vamos reservar o período de antes da ordem do dia para aqui trazer, um a um, os candidatos, interpelando-os um a um e travando debates com eles? É esta uma quesito que gostaria de ver resolvida, ...

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP):-Muito bem!

O Orador: -... tanto mais que neste momento tenho o privilegio de estar a falar com um brilhante constitucionalista, que, como se sabe, teve uma intervenção decisiva na última revisão da Constituição da República Portuguesa.

O Sr. Silva Marques (PSD):-A culpa é dos socialistas!

O Orador:-Em todo o caso, parece-me que esta interpelação ao Sr. Deputado Basílio Horta foi, apesar de tudo, uma figura de retórica e que por detrás dela havia outras preocupações e motivações. Como já aqui foi referido, passei os olhos pela imprensa de hoje e lá vi escrito: «PS apagado no MASP.»

Risos.

Será isto uma tentativa para vir à superfície e para tomar luz dentro do MASP?

Risos.

Creio que esta interrogação é legítima.
Julgo, por outro lado, que há outras circunstancias subjacentes. Não foi referido expressamente, mas estava implícito na essência da interpelação (chamo-lhe assim pelas razões que já expliquei) do Sr. Deputado Almeida Santos, aquilo que ontem se passou na televisão.

O Sr. Duarte Lima (PSD):-Uma grande entrevista a de ontem na televisão!

O Orador: -Se o objectivo é tentar um novo reforço para afrouxar o abraço que o PSD deu ao candidato Mário Soares e se essa é a estratégia do PS para afrouxar tal abraço e se poder prevalecer de um eventual sucesso eleitoral do candidato Mário Soares, quero dizer-lhe que a partir de ontem à noite a tarefa se tomou mais complicada.

Vozes do PSD:-Pois foi!

O Orador: -É que deixou de ser a não apresentação de uma outra candidatura e um apoio velado, para passar a ser um apoio declarado, com apelo ao voto.

O Sr. Duarte Lima (PSD):-Os senhores também lá vão, é só uma questão de dias!

O Orador:-Veremos!... Não se precipite, Sr. Deputado!

Risos.

Vá devagar, Sr. Deputado, até porque muitas vezes as aparências iludem...

Risos.

Repito: a partir de ontem à noite, a situação ficou muito mais complicada. E não há belas palavras, por mais belas que sejam, que possam «labaredcar» factos políticos, quando eles se desencadeiam, como aconteceu ontem à noite. É precisamente essa a questão que está agora colocada.

O Sr. Duarte Lima (PSD):-Aquela entrevista deixou-vos preocupados!

O Orador:-As declarações do Sr. Primeiro-Ministro e presidente do PSD ontem à noite, na televisão, não alteraram nada na candidatura do Dr. Mário Soares? Ou a partir de agora essa candidatura tem já um conteúdo marcadamente diferente daquilo com quo foi lançada, através daquela famosa declaração de candidatura ocorrida no princípio de Outubro?

Vozes do PCP:-Muito bem!

A Sr.ª Presidente: -Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

O Sr. Almeida Santos (PS):-Sr. Presidente e Srs. Deputados, sinto-me tremendamente honrado, porque, raras vezes, perante tão pouco -ao que parece não leria dito quase nada e o pouco que disse teria sido ligeiro e só gracioso-, me colocaram tantas questões. Porque tanta pergunta, tanta preocupação, tanta interpelação, tanto medo, tanto receio e tanta indagação? Se calhar, eu disse mesmo alguma coisa! Tenho uma vaga suspeita de que disse alguma coisa! Mas, então, vou responder -porque devo-vos essa homenagem- aos meus queridos amigos (que Iodos o suo!) que me dirigiram perguntas.
Meu querido amigo Basílio Horta, devo dizer que foi com muita alegria que soube que vinha hoje aqui, porque fiz questão em falar para si e não para as suas costas. O debate vivo é que tem interesse, como é óbvio! E o meu amigo é bom no debate. Portanto, nunca receei que se atrapalhasse e, mais uma vez, não se atrapalhou.