O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

602 I SÉRIE-NÚMERO 18

O Orador: -Raras vezes o meu amigo fez o mesmo que Mário Soares, e isso é mau. Agora, devo dizer-lhe o seguinte: penso que o Dr. Mário Soares fez aquilo que devia em relação a Macau. Foi lá para assegurar estabilidade, e as notícias da imprensa dizem isso mesmo. A viagem dele representou um factor de estabilidade em Macau: falou com os chineses, falou com a gente... Teve a coragem de lá ir para fugir a qualquer inoportunismo, ao contrário do que poderia parecer! Ele não é um homem de oportunismos! Foi lá, porque entendeu que, passando lá perto, não havia razão para lá não ir. E fez o que devia! Quanto ao facto de se recusar a nomear, desde já, um governador, também faz o que deve.
Repare: coloque-se no lugar do governador que, quando fosse eleito o novo Presidente da República, admitindo que fosse o candidato Basílio Horta, a primeira coisa que tinha de fazer era pôr o lugar à disposição do novo Presidente da República.

O Sr. Basílio Horta (CDS):-Está enganado!

O Orador:-Era um governador de Macau a três meses. Sinceramente, essa não seria uma boa solução!...
Penso que, em Macau, não há propriamente gangs, mafias; agora, se há gangs em Macau, também os há cá.

O Sr. Basílio Horta (CDS):-Tem toda a razão!

O Orador:-Portanto, também não vale a pena estarmos a fazer distinções, que não são devidas.
Disse-me que não há derrotas antecipadas. Até estas eleições, também pensava assim. Mas, em relação a estas eleições, começo a modificar a minha opinião: julgo que há derrotas e vitorias antecipadas-mudei a minha opinião, o que, às vezes, acontece! - e, neste caso, vai haver.

A Sr.ª Presidente: - Sr. Deputado Almeida Santos, informo-o de que esgotou o tempo. Apesar de a Mesa lhe conceder alguma tolerância, peço-lhe o favor de ser breve.

O Orador: - Muito obrigado, Sr.ª Presidente. Vou acelerar seleccionando as perguntas.
Diz-me o Dr. Guilherme Silva que o Dr. João Jardim já fez o apelo ao voto. As notícias que me chegam são as seguintes: ele começou por fazer apelo ao voto no Dr. Basílio Horta; depois, fez apelo à abstenção; depois, ao voto em branco e, agora, ao que parece, já faz o apelo ao voto em Mário Soares. Devo dizer-lhe que isto não depõe muito a favor do Dr. João Jardim. Mas ele é um impulsivo ...
Tenho aqui um documento, oriundo do Partido Social-Democrata da Região Autónoma da Madeira, onde se diz: «Em conclusão, estas eleições presidenciais pouco mais constituem do que um acto burocrático de reduzido interesse para a Região Autónoma da Madeira, mesmo que agitem a classe política de Lisboa e da sua comunicação social». Se pensam que nós devemos ficar muito satisfeitos com o PSD da Madeira e com o Sr. Dr. João Jardim, os senhores que fiquem. Eu fico profundamente indignado!

Aplausos do PS.

E devo dizer que, se não explorei mais este aspecto na minha intervenção -porque era capaz disso-, foi porque entendi que devia ser comedido na sua exploração. Portanto, não fui tão longe quanto devia em determinado tipo de exploração de factos e acontecimentos.

O Sr. Guilherme Silva (PSD):-Permite-me que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador:-Sim, se o tempo for descontado.

O Sr. Guilherme Silva (PSD):-Pretendo unicamente prestar um esclarecimento.
Em primeiro lugar, V. Ex.ª apenas leu parte do texto; não o leu na íntegra.

O Sr. Almeida Santos (PS):-Li a conclusão. Peço desculpa!

O Sr. Guilherme Silva (PSD):-Não leu, por exemplo, a minha reafirmação de que foi feito um apelo ao exercício do dever cívico de votar.
Em segundo lugar, V. Ex.ª afirmou que o Dr. Alberto João Jardim teria, a dada altura, preconizado o voto no candidato Basílio Horta.

O Orador:-Isso veio publicado nos jornais!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Desconheço! Mas como V. Ex.ª já há pouco falou em más-línguas, por certo é mais uma má-língua a que recorre!

O Orador: - É, talvez, uma informação que não corresponde à realidade, porventura e seguramente bem-intencionada mas que não corresponde à verdade. Mas lá que a li nos jornais, isso é verdade. Não tenho dúvida alguma!

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Hoje, os jornais vendem muito!...

O Orador:-Não tenha a menor dúvida de que se a questão do perdão da dívida vier a ser apreciada aqui, na Assembleia, o Partido Socialista irá votar a favor, apesar de entendermos que essas matérias devem ser discutidas pela entidade com competência para o efeito e que o facto de o Governo ter preterido a Assembleia da República numa matéria tão fundamental não depõe muito a seu favor.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Mas não preteriu!

O Orador: - Sim, sim, isso é que preteriu!
Assim, entendo que essa matéria deveria ser discutida aqui para que cada partido pudesse pronunciar-se sobre ela e posso assegurar que o meu partido se pronunciaria a favor. Se, de facto, se trata de uma medida boa, não tenho dúvida de que merece o apoio desta Assembleia. Porém, não devemos esquecer que é a esta Assembleia que compete torná-la. A Constituição é para ser respeitada!
Sr. Deputado Carlos Coelho, não lenho qualquer dúvida de que o Primeiro-Ministro está a evoluir e o Partido Social-Democrata também.
Assim, façamos a história das vossas posições: primeiro, se o Dr. Mário Soares apresentasse a sua candidatura, o PSD não apresentaria (ponto final)!