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29 DE NOVEMBRO DE 1990 597

que os senhores vão a reboque ou que os senhores cheguem lá primeiro e que nós vamos a reboque.

O Sr. José Sócrates (PS):-Em Dezembro também andaram muito depressa!...

O Orador:- Nas eleições seguintes estaremos em dois barcos distintos, só que o meu tem uma potência muitíssimo maior, anda muito mais depressa e obtém mais recordes.

O Sr. Alberto Martins (PS):-Olhe o Titanic!

O Orador:-Eu não quereria também dar «bicadas», nem quereria dizer-lhe, por exemplo, Sr. Deputado Almeida Santos -servindo-me daquilo que um jornal responsável hoje publicou a propósito do que se passa no MASP e a que assisto com tristeza- que há velhos dirigentes socialistas que estão no MASP de «orelhas em baixo» porque (dizem) a candidatura do Sr. Dr. Mário Soares está a ser tomada por mãos que não devem ser aquelas que os senhores quereriam que fossem.
Os senhores querem apropriar-se da candidatura do Dr. Mário Soares, querem servir-se do prestígio do Sr. Dr. Mário Soares, mas têm que se lembrar que ele foi a primeira pessoa que, com dignidade, disse ao País que não era candidato de nenhum partido, que se candidatava sozinho com o apoio de todos os portugueses e para todos os portugueses.

Aplausos do PSD.

O Orador:-Deixemo-nos pois. Sr. Deputado Almeida Santos, de «bicadas» recíprocas, que -suponho- só trarão mal para o nosso candidato comum.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente:-Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Filipe Meneses.

O Sr. Luís Filipe Meneses (PSD):-Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Almeida Santos: Depois de os meus companheiros de bancada Guilherme Silva, Carlos Coelho e Montalvão Machado terem falado sobre este assunto, questionando-o, é extremamente difícil colocar-lhe qualquer tipo de questão.
É difícil porque, em relação a esta temática, a posição do PSD é de tal forma clara, aberta e compreendida por todos os portugueses -ainda para mais portugueses dotados de particular brilho intelectual como os Srs. Deputados socialistas- que basta ser explicitada uma vez para que todos a tenham compreendido.
Contudo, não posso deixar de sentir um pequeno remoque e um pequeno desgosto por constatar que, para infelicidade de todos nós -deputados do PSD e da restante oposição-, não temos podido contar com o brilho e eloquência do Sr. Deputado Almeida Santos noutros debates em que o PS talvez tivesse mais a ganhar, em termos partidários, com a sua intervenção, bem como com a de outros ilustres deputados que, como V. Ex.ª, também têm primado pela ausência, privando-nos assim do seu contributo intelectual em combates difíceis. Por exemplo, na discussão do Orçamento do Estado na semana passada, a «goleada» que a maioria deu ao PS poderia certamente ter sido amenizada pelo brilho intelectual de deputados como o Sr. Deputado Almeida Santos.
Passando à questão das presidenciais, e refiro-me ao discurso de V. Ex.ª e ao pedido de esclarecimento alargado que o Sr. Deputado Basílio Horta, posteriormente, fez, transparece algo que já é muito claro para o eleitor comum em Portugal de que existem duas posturas diferenciadas em relação às eleições presidenciais: uma por parte do PS e do CDS e outra por parte do PSD.
Do lado do PSD há claramente, como os meus companheiros Carlos Coelho e Montalvão Machado referiram, uma leitura correcta daquilo que são os preceitos constitucionais que estão na génese e no desenvolvimento de uma candidatura presidencial. Há também uma postura correcta no que diz respeito a uma real compreensão do que é o interesse nacional.
Do lado do PS e do CDS, como também já foi dito, há a tentativa de aproveitamento das eleições presidenciais para demonstrar ao povo português, a um ano das eleições legislativas, algo que não se compreende que esteja a ser demonstrado desde já, que é a total e completa falta de confiança e de esperança do PS, particularmente, mas também do CDS, em ser uma alternativa viável e credível ao PSD.
Os senhores, ao colocarem-se na posição de querer retirar dividendos à força de uma candidatura que não é só vossa, mas também de muitos outros portugueses, estão a demonstrar que já não acreditam minimamente em poder competir com o PSD para uma maioria e, de preferência, para uma maioria absoluta daqui a alguns meses.
De tudo isto constatamos que a posição do PSD é, de facto, a mais correcta e que os Portugueses compreendem, mais uma vez, que têm no PSD um partido que coloca os interesses nacionais acima dos seus próprios interesses e que, nos momentos próprios, se identifica com a sua vontade maioritária.
Sr. Deputado Almeida Santos, como homem de ciência que acredita em dados objectivos não susceptíveis de serem interpretados de forma dúbia, repare como as sondagens atribuem ao candidato Mário Soares -que é o seu candidato- um apoio maioritário a níveis semelhantes em partidos como o PSD, como o PS e até o próprio CDS e o PCP. Isto tem, com certeza, algo a ver com aquilo que é a grande sabedoria do povo português, independentemente das suas posições ideológicas.
Para terminar, Sr.ª Presidente e Sr. Deputado Almeida Santos, queria colocar-lhe uma questão que não tem já a ver com esta discussão comezinha, pseudo- eleitoralista para que o seu partido quer arrastar o problema das presidenciais.
Gostaria de ouvir, sobre esta questão, a opinião sincera do Sr. Deputado Almeida Santos, o qual até tem muito a ver com a Constituição portuguesa, com as alterações que ao longo dos tempos, desde 1976, lhe foram sendo introduzidas e com muita da legislação ordinária que decorre do desenvolvimento das normas constitucionais.
O sistema semipresidencial português apontava claramente para um papel arbitrai e anticonflilos entre os partidos, num sistema político que muito dificilmente apontava para a possibilidade de um único partido conquistar a maioria absoluta. O que constatámos há quatro anos e que -estou convencido- iremos constatar nos próximos meses é que o povo português, através do seu voto, vai contrariar as opções dos deputados que, maioritariamente, têm moldado a Constituição da República e vai de novo dotar o País de uma maioria absoluta de deputados nesta Assembleia.