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2042 I SÉRIE-NÚMERO 62

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - De qualquer modo, ainda bem que assim aconteceu-em primeiro lugar, as intervenções regionais, antes da política geral-, porque isso permitiu uma demonstração prática do momento político que vivemos e diz respeito à minha declaração política.
Os socialistas desapareceram - as intervenções regionais e os problemas do País real provocam-lhes o bocejo -, foram-se todos embora, com certeza tratar de uma coisa muito mais urgente: as listas de deputados...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: -Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o País e o Parlamento não param. Por isso, se me permitem, vou fazer uma declaração política em nome da minha bancada, que, muito simplesmente, resulta de uma questão muito elementar e evidente. Trata-se de uma pergunta que. decerto, assalta o espirito de todos: que andam os socialistas a fazer? Por maioria de razão, há até motivos para perguntar que estarão eles a fazer lá dentro?
Os socialistas andam a falar-não há dúvida-, mas sem nada dizer! Não se conhece o seu verdadeiro discurso, tão vários e contraditórios são.
Infelizmente, o Sr. Deputado Jorge Sampaio não está e só ele possui a investidura para pôr termo a tão grande, quanto crescente, confusão. E não está porquê? Não voltou ainda porquê? O Sr. Deputado Jorge Sampaio veio aqui e desapareceu... Pois novamente lhe dirigimos um apelo: volte e quanto antes!
Desejamos um debate político claro e útil,...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ...um debate que permita aos Portugueses confrontarem soluções de governo para o País.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Contudo, para facilitar esse debate, e enquanto o Sr. Deputado Jorge Sampaio não chega, aqui lhe deixamos, desde já, alguns pontos à reflexão, sobretudo para quem demonstra tanta necessidade de reflectir indeterminadamente.
Em primeiro lugar, quem é o nosso interlocutor? Qual é o discurso do PS?
Trata-se de uma questão prévia, sem a qual o debate se toma impossível, transformado em simples retórica tribunícia, ao ponto de a própria direcção socialista já dever estar demitida a esta hora, dando como boa a sempre sólida opinião do Sr. Deputado António Barreto.
Peguemos depois, e desde logo, já que tem vindo aqui tanto à baila, no famigerado «mostrengo de Belém». E que os senhores acham o futuro edifício do centro cultural um mamarracho, embora, contudo, arquitectos dos mais ilustres não pensem assim. No entanto, como políticos e, por maioria de razão, como deputados, os senhores respondem: não abdicamos de nos pronunciarmos e de intervir! Muito bem! Porém, o que é que isso significa? Que os senhores preconizam que o poder político imponha aos arquitectos uma estética oficial?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Significa que, se os senhores mandassem, ditariam instruções estéticas aos arquitectos? Que repetiriam as teses e os comportamentos de todos os vanguardismos políticos e de todas as ditaduras?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aqui está, Srs. Deputados socialistas, uma oportunidade que vos proporcionamos para um debate claro. Respondam sim ou não, se forem capazes de o fazer!
Temos depois a questão da grande obra e da miséria- questão demagógica e cínica por excelência. É que enquanto a miséria existir, aqui ou em qualquer outra parte do Mundo, a nossa alma não poderá deixar de estar insatisfeita. Por isso. a voz dos inconformados sempre foi -e é-o sal da terra.
No entanto, se os senhores mandassem, o que fariam? Acabariam as grandes obras nacionais, inclusivamente as de natureza cultural, ou, a tudo querendo acudir, rebentariam, uma vez mais, com as finanças públicas e o Orçamento do Estado? Respondam, Srs. Deputados socialistas, que estamos a proporcionar-vos uma boa ocasião de debate político!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Vem depois a questão do ano de eleições.
É verdade! E ainda bem que, de norte a sul do País, pululam grandes empreendimentos, que o Governo tem forçado a andamentos e ritmos a que não estávamos habituados-é verdade!-, viciados numa tradicional ronceirice que o salazarismo cultivou!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, trata-se de andamentos e ritmos que, no entanto, não vêm já deste ano, coisa que os senhores, muito propositadamente, omitem.
Porém, o que é que aconteceria se os senhores mandassem? O que é que fariam em ano de eleições? Para que a vossa isenção política não sofresse mácula, retardariam as obras?... Podendo lançá-las, não o fariam?... Iriam mesmo ao ponto de as adiar, quiçá de as parar?... Os senhores seriam capazes de causar tão gravíssimo dano ao País? VV. Ex.as, Srs. Deputados socialistas, serão capazes de responder?...

Vozes do PS: - Somos!

Vozes do PSD: - Não são!

O Orador: - Falemos claro, Srs. Deputados socialistas! Os vossos descabelados ataques ao «mostrengo» não são senão, simbolicamente, a expressão viva da vossa visceral e ancestral fobia a tudo o que é obra, investimento, realização para o futuro! A vossa melhor tradição política é a de distribuir tudo e já. Por isso, Srs. Deputados socialistas, outros, que não os senhores, têm erguido as grandes obras nacionais.
Mas deixemos o «mostrengo» que tanto vos aflige-e que não é apenas Belém, mas o próprio conjunto das grandes realizações em curso!
«Há que curar da democracia!»-dizem-nos. Aí, os senhores arvoram-se -por desmedido pretensiosismo- em seus únicos e insuspeitos garantes. É lastimável, Srs. Deputados socialistas, que os senhores se atrevam mesmo a acusarem-nos do contrário. A afronta que nos dirigem tão gratuitamente, tão infundadamente, tão grosseiramente