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12 DE ABRIL DE 1991 2043

-tenho de dizer-vos isso-, não nos deixa indiferentes; sobretudo, confrange-nos, Srs. Deputados socialistas, mais do que nos ofende, de tal modo ela é injuriosa para a maioria do povo português!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas aqui chegados, Srs. Deputados socialistas, os senhores transformam a política, que deve ser nobre exercício de um magistério público, num cinismo que deve criar calafrios mesmo aqueles que confiaram em vós, de tal modo o vosso comportamento contradiz frontalmente, brutalmente, rudemente as vossas palavras.
Reparem, Srs. Deputados socialistas: no vosso partido, os senhores levaram a lógica de aparelho a graus de rudeza e brutalidade a que nunca se assistira antes,... ao ponto de, depois de terem passado pela célebre fase dos controleiros e comissários preparadores do vosso último congresso, terem agora estabelecido quotas de deputados atribuídas aos vários escalões dos vossos órgãos directivos-desde logo e com fatia de leão, ao vosso secretário-geral!

Vozes do PS: - Olha quem fala! O vosso presidente é que vai fazê-las todas!

O Orador: - Mas não satisfeitos com tanto, igual privilégio medieval se outorgou a si mesmo o vosso directório nacional.
Os senhores tomaram de assalto a velha fortaleza socialista; empoleiraram-se de cotovelos apertados na torre de menagem; defenestraram impiedosamente das alturas alguns de vós e desataram a despejar panelas de azeite fervente para cima da arraia miúda que acalenta a legítima esperança de passar a estreita ponte levadiça, entretanto já bem içada e obstruída!

Risos do PSD.

E que dizer, Srs. Deputados socialistas, da rocambolesca e caricata chegada aqui do Sr. Deputado Alberto Costa? 28 colegas vossos tiveram de renunciar à sua preferencia na lista de deputados para que o ungido agrícola do vosso directório aqui pudesse chegar, caminhando por cima de um tapete de destroços!

Aplausos do PSD.

Os senhores, Srs. Deputados socialistas, voltarão a ter a ousadia de se dizerem defensores do primado da individualidade e intocabilidade do mandato de deputado?
É que os senhores, no plano político, para além de estarem errados, deram em cínicos. Aliás, hoje, se há algo de novo e de bem patente, coerente e persistente no discurso da direcção socialista é o cinismo!
Por isso, Srs. Deputados socialistas, têm os senhores a coragem e a ousadia de nos dar lições de democracia?
Eu não sei, Srs. Deputados socialistas, se vos deva dirigir mais perguntas, repeti-las.
Quanto às eleições antecipadas, já nos disseram que se tratou de um «equívoco da comunicação social»...
Na política externa, os senhores serão capazes de reconhecer finalmente a vossa leviandade inicial, ao preconizarem o célebre empenhamento militar no Golfo, uma espécie de versão actualizada do triste e trágico «rapidamente e em força» do salazarismo?
E quanto ao vosso internacionalismo socialista que vos conduziu à caricata ligeireza do eurofederalismo, adeptos de «todas as uniões e já»? Terão sido os vossos camaradas na Internacional Socialista que vos aconselharam a actual e inopinada prudência?
Quanto ao Ministro da Educação, em que ficamos: é bom ou mau?
E que acrescentar. Srs. Deputados socialistas, depois de tantas vezes repetidas as coisas? Mesmo na política económica, nas privatizações, na aplicação dos fundos europeus, na saúde, na defesa, o que vos resta? Sim, os inquéritos! Pois, proponham-nos que nós aceitá-los-emos!
Entretanto, Srs. Deputados socialistas, esperamos aqui o vosso secretário-geral Que venha aqui o vosso secretário-geral! Ele devia, por maioria de razão, ter vindo aqui hoje, dia que tem como agendamento a vossa bandeira eleitoral: as regiões!
Entretanto, resolveu fazer uma conferência de imprensa extra-muros, o que é estranho-para não dizer ridículo-para quem martela aqui, todos os dias, a prioridade e a primazia do parlamentarismo.
Srs. Deputados socialistas e, sobretudo, Sr. Secretário-Geral do Partido Socialista: O Pais bem precisa e bem merece um bom debate. Queremos saber quais são, de facto, as vossas ideias, p que constitui um difícil exercício - mas não desistimos! -; queremos saber quais são as vossas propostas; queremos saber qual é, de facto, o discurso do PS; queremos conhecer, no fundo, algo de muito elementar, isto é, o nosso verdadeiro interlocutor. A nossa curiosidade é imensa, mas, no ponto a que a confusão socialista chegou, a curiosidade do povo português é, decerto, ainda muito maior!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Há dois Srs. Deputados inscritos mas, antes de lhes perguntar sob que forma pretendem usar da palavra, gostaria de recordar ao Sr. Deputado José Silva Marques, a propósito do início da sua intervenção, aquilo que o Sr. Presidente disse à Câmara, quando deu início ao período de antes da ordem do dia: a Mesa não registava qualquer pedido de palavra para declarações políticas, que, como é óbvio, têm precedência.
Pergunto, agora, ao Sr. Deputado Laurentino Dias para que efeito pretende usar da palavra.

O Sr. Laurentino Dias (PS): - Para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: -E a Sr.ª Deputada Edite Estrela pretende usar da palavra para que efeito?

A Sr.ª Edite Estrela (PS):-Para pedir esclarecimentos. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente:-Para fazer uma interpelação à Mesa, tem, então, a palavra o Sr. Deputado Laurentino Dias.

O Sr. Laurentino Dias (PS): - Na sequência das palavras do Sr. Presidente em exercício, quero perguntar à Mesa se confirma, ou não, aquilo que o Sr. Presidente Vítor Crespo disse há pouco, ou seja, que tinha sido o Sr. Deputado José Silva Marques a solicitar a sua inscrição para intervir em terceiro lugar.

O Sr. Presidente: -Sr. Deputado, a Mesa já recordou à Câmara aquilo que o Sr. Presidente tinha dito, na tentativa de esclarecer o que o Sr. Deputado José Silva Marques tinha dito antes da sua intervenção.