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HD2 2046

I SÉRIE-NÚMERO 62

muito maior do que se pensava, mas desafio-os -aliás, como o fez um companheiro meu, vereador da Câmara - a aceitarem que a apreciação das despesas com publicidade da Câmara Municipal de Lisboa abranja os três primeiros meses deste ano. E que, como sabe, está aí o «alçapão» que encobre o «grande bolo».
Mas deixemos essas coisas e vamos a algo de mais substantivo.
Coloquei-vos várias perguntas e queria apenas insistir numa de natureza simbolicamente institucional e que respeita à visão que cada um de nós tem da arquitectura do Estado, do papel de cada agente nessa arquitectura e da própria mensagem política que se tem para dirigir ao País.
A pergunta que, simbolicamente, representa e exprime toda esta variedade de problemas ligados ao Estado, ao futuro do País e à sua governação, é esta: por que é que o vosso secretário-geral veio a esta Assembleia, desapareceu e não voltou?

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Quer a resposta já? Então, permita-me que o interrompa!

O Orador: - Esta é uma pergunta que não sofre fugas e que é impossível de iludir.
Evidentemente que não espero da vossa parte uma resposta imediata.

O Sr. Armando Vara (PS): - Mas dou-lha já, se quiser!

O Orador: - Sei que os senhores obedecem também aos princípios da disciplina partidária e que precisam de ir perguntar qual é a resposta - aliás, só vos presto a minha homenagem por isso.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado José Silva Marques, V. Ex.ª esgotou o tempo de que dispunha, pelo que lhe agradeço que termine as suas considerações.

O Orador: - Termino imediatamente, Sr. Presidente, mas estou a responder simultaneamente ao pedido de esclarecimento...

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª terá depois oportunidade de responder ao pedido de esclarecimento da Sr.ª Deputada Edite Estrela.

O Orador:.- Sr. Presidente, se me permite a tolerância de meio minuto acabarei os meus comentários.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado, desde que neles fique já englobada a resposta ao pedido de esclarecimentos da Sr.ª Deputada Edite Estrela.

O Orador: - Srs. Deputados socialistas, eu não vos disse tudo!... Não vou mesmo dizer-vos tudo agora.

Vozes do PS: -Ah!...

O Orador: - Vou dizer-vos apenas mais duas coisas, uma das quais relacionada com a firmeza, com a coerência e com a clareza do discurso político. A esse respeito vou dar-vos um «exemplo brilhante»!... O vosso secretário-geral disse, primeiro, que queria privatizar os serviços municipais, mas, acossado pelos protestos dos trabalhadores, declarou-lhes, pura e simplesmente: «[...] e as
referências a privatizações de serviços traduziam apenas um pensamento individual [...]» - profunda elucubração, com certeza! - «[...] sobre uma possibilidade remota em termos de concepção futura [...]».

Risos do PSD.

Intimismo profundo e nevoeiro-aliás, bem sintomático de certos aspectos negativos da nossa tradição, que tanto nos tem paralisado.
Vou colocar-lhes outra questão, Srs. Deputados, esta ligada à nossa postura face ao Estado.
Dou-lhes um exemplo brilhante e sintomático de duas posições: a nossa, que respeita o Estado, embora tenhamos os nossos problemas naturais; a vossa, que abocanha o Estado com um grau de minúcia que nos causa horror.
Imaginem: «linhas gerais do acordo entre as sensibilidades-Raul Brito e Jorge Catarino. O cabeça de lista é o Sr. Dr. José Catarino; o segundo da lista, que terá ' a seu cargo os serviços administrativos da Junta, ou seja, cemitérios, infantários e Quinta do Covêlo, é o João Rocha; a presidência da Quinta do Covêlo é do presidente, Luís Catarino; a presidência do conselho de gestão dos infantários é do camarada João Rocha [...]» - e assim sucessivamente.
Srs. Deputados, vou entregar-vos fotocópia deste documento.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente:-Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Mário Montalvão Machado para exercer o direito de defesa da honra e consideração da sua bancada.

O Sr. Mário Montalvão Machado (PSD): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Edite Estrela: Acredite que é com extraordinária sinceridade que uso neste momento da palavra para defender a consideração da minha bancada.
Numa linguagem agressiva, imprópria da sua pessoa e imprópria até de um deputado democrático, com uma linguagem extraordinariamente deselegante, imprópria de uma senhora que é elegante, com uma linguagem que feriu, extraordinariamente, a sensibilidade da minha bancada, V. Ex.ª fez-nos acusações sem a menor razão. Pior que isso, V. Ex.ª sabe que não tem razão!...
V. Ex.ª usou as expressões «controleiros», «denunciantes» e outras tais, que não vale a pena referir.

A Sr.ª Edite Estrela (PS): -Não disse isso.

O Orador: - Sim, sim!... Disse «denunciantes»!... Disse!... Eu tomei nota!... E tenho bons ouvidos!...

O Sr. Filipe Abreu (PSD):-Já não sabe o que diz.

O Orador: -Em primeiro lugar, pergunto à Sr.ª Deputada - que, melhor do que todos nós, compreende muito bem o português - se, efectivamente, ao empregar a palavra «denunciante» dirigida a um deputado que é coordenador de uma comissão parlamentar mas que visa a sua direcção parlamentar, relativamente à presença ou ausência de deputados, se isto é denúncia e, mais a mais, denúncia aviltante e comportamento aviltante.
Em segundo lugar, pergunto à Sr.ª Deputada-e na mesma qualidade - se alguma vez viu na minha bancada parlamentar qualquer espécie de «controleiro».