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20 DE JUNHO DE 1991 3223

O Orador: -... e nessa questão V. Ex.ª não entrou. Nós dizemos que a estabilidade foi boa e por isso pedimos aos Portugueses, naquilo que deles depende, que a renovem em Outubro próximo. Esta, sim, é a questão!
Em segundo lugar, gostaria de pontuar uma afirmação com a qual estou inteiramente de acordo e que é o facto de V. Ex.ª, e porventura o PS, ter agora algum apreço e desejar mesmo para Portugal um governo de maioria. Como às vezes parecem dar a impressão de que não, registo neste caso, com muito agrado, que também o PS defende um governo de maioria para Portugal!
Um outro aspecto que desejo pontuar tem a ver com o que V. Ex.ª disse no que concerne às relações entre o Sr. Presidente da República, o Primeiro-Ministro e o Governo, de um modo geral. Nos últimos anos, foi sempre estratégia do Partido Socialista tentar criar a dissensão entre o Sr. Presidente da República, o Governo e o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Vítor Caio Roque (PS): - Não é verdade!

O Orador: - Foi, no entanto, uma tarefa que nunca conseguiram levar a cabo. Aliás, quero dizer-lhe que nunca a conseguiram levar a cabo porque quer o Primeiro-Ministro quer o Presidente da República viram o que era importante construir, como relação institucional entre ambos, para servir Portugal. Foi isso que viram, foi assim que fizeram e é assim que, seguramente, vão continuar a proceder! Pode porfiar o Partido Socialista, pode porfiar V. Ex.ª nesse caminho, mas não «levarão a nau a bom porto»!

O Sr. Mário Montalvão Machado (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Em quarto lugar, V. Ex.ª falou de uma estratégia de desenvolvimento.
Sobre este lema, não queria dizer muito, porque iremos ter tempo, ao longo do debate, de falar sobre estes assuntos. No entanto, queria, desde já, apenas notar uma coisa: V. Ex.ª, quando falou da democracia, no exagero da sua linguagem - notável, mas prejudicial para V. Ex.ª, penso eu -, deve ter gasto na economia do seu discurso, porventura, uma 10 páginas, só que para falar no desenvolvimento não gastou mais do que meia página, suponho, ou, porventura, uma página.

Protestos do PS.

O Sr. António Guterres (PS): - Respondo-lhe já a essa questão!
O Orador: - Aliás, falou do desenvolvimento com a demagogia de sempre e até afirmou: «Agora é o milagre!» «Agora o Partido Socialista faz tudo!» É a consulta no próprio dia; é a educação para todos!...
Sr. Deputado António Guterres, penso que o Partido Socialista devia ter algum decoro quando fala em certas matérias.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: -Já que se trata de um exercício de lucidez, o Partido Socialista faria muito bem se olhasse para a sua própria história! É que nesta questão do desenvolvimento, nesta questão das soluções sociais, o Partido Socialista não
devia esquecer-se que, quando teve oportunidade de fazer, quando os Portugueses lhe confiaram um mandato para realizar, produziu mais desemprego, perda do poder de compra, trabalho precário, não foi capaz de promover concertação social, ele.... Iremos, certamente, falar muito disso, mas não quero deixar de referenciar que a história do PS recomenda ao Partido Socialista, no mínimo, muito decoro quando fala destas matérias!
Referiu-se, de seguida, à construção europeia para falar de um país - pasme-se! - «de chapéu na mão». V. Ex.ª não encontrou melhor imagem que esta: «Um país de chapéu na mão.» Ó Sr. Deputado António Guterres, não é pelas mãos do Partido Social-Democrata que o País anda a pedir. No entanto, foram as mãos dos socialistas que andaram, «com um chapéu na mão», a pedir para Portugal! Quem não se lembra do «grande empréstimo»!? Este era um empréstimo de escassas centenas de milhões de dólares e o Partido Socialista, quando foi governo, teve de procurar no mundo inteiro um sindicato bancário que pudesse emprestar dinheiro a um país que, nessa altura, não tinha crédito para escassas centenas de milhões de dólares!

Aplausos do PSD.

Sr. Deputado António Guterres, não foi o Partido Social-Democrata nem o actual governo que trouxeram a austeridade e a recessão; não foi o actual governo que trouxe para Portugal o Fundo Monetário Internacional. V. Ex.ª fala de democracia, mas esta é, em primeiro lugar, a capacidade que temos de decidir por nós próprios. Porém, esse não foi o caso, quando esteve aqui, trazido por VV. Ex.ªs, o Fundo Monetário Internacional!...
V. Ex.ª cometeu, como, aliás, tem cometido ultimamente o seu partido, um profundíssimo abuso na linguagem que, de um modo geral, empregam. Excessiva no que diz respeito à liberdade que V. Ex/diz não existir, no que diz respeito... Aliás, V. Ex.ª empregou aqui uma expressão notável: «Depois de falar, não vou ser preso.» Sr. Deputado, para bem do Partido Socialista, VV. Ex.ªs deviam mudar de linguagem!
Terminarei a minha intervenção com uma pergunta.
No rol de desgraças que hoje, como sempre, o Partido Socialista só vê em Portugal, faço-lhe, Sr. Deputado António Guterres, um desafio destinado a ver da sua própria lucidez, bem como da do seu partido: é capaz de apontar apenas três coisas, três simples coisas, que tenha achado positivas, que tenha achado boas para Portugal e que possa imputar ao Partido Social-Democrata e ao seu governo?
Três coisas, apenas, Sr. Deputado!

Aplausos do PSD.

Entretanto, assumiu a presidência a Sr.ª Vice-Presidente Maria Manuela Aguiar.

A Sr.ª Presidente: - Sr. Deputado António Guterres, como há mais oradores inscritos para lhe pedir esclarecimentos, pergunto se V. Ex.ª deseja responder já ou no fim.

O Sr. António Guterres (PS): - No fim, Sr.ª Presidente.

O Sr.ª Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado José Pacheco Pereira.
Neste momento, o deputado José Pacheco Pereira dirige-se para a Tribuna, sendo aplaudido pelo PSD.

Protestos do PS.