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6 DE NOVEMBRO DE 1992 275

diz «não há direitos sem deveres». Leiam o vosso hino, Srs. Deputados!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Qual hino?

O Orador: - A Internacional, que também é o hino do PSD!

O Sr. Silva Marques (PSD): - O nosso? O nosso é Paz, pão e liberdade!

O Orador: - Isso é o de campanha!
Em relação à segunda pergunta, e não vamos afastar-nos do essencial, aquilo que foi anunciado publicamente pelo líder do meu partido foi que estava disponível para que, quando se procedesse à revisão ordinária da Constituição,...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Revisão ordinária?!

O Orador: - ... não se mantivesse a amarra que actualmente existe de só poder haver o serviço militar obrigatório.

O Sr. Miguel Relvas (PSD): - Então, por que é que não votou favoravelmente o nosso projecto?

O Orador: - O nosso líder quer que, na lei ordinária, por opção do poder político democraticamente eleito, se faça essa opção e, naturalmente, para se rever essa matéria constitucional são precisos não só os votos da JSD como também os do PSD. Por isso é que eu desafiei o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, que não disse nada acerca desta matéria, para que conseguisse que os Deputados do PSD somassem os seus votos aos do PS para essa revisão constitucional.
Finalmente, gostaria de chamar a vossa atenção - e estou convencido de que os Srs. Deputados do PSD estarão de acordo - para a necessidade deste amplo debate nacional, que o PS propõe, sob a forma de organização das Forças Armadas.
Na verdade, isto não é uma matéria, como os senhores estão habituados, para ganhar votos; o nosso líder apresentou esta proposta com seriedade, para que se discuta na praça pública com transparência aquilo que muitas vezes é discutido em fóruns limitados, como os Srs. Deputados sabem. Aquilo que se pretende é saber qual o novo conceito de defesa nacional, qual a parte da vertente militar e qual a parte da vertente civil. E isto que está em causa! Não mudem o centro do debate...

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Como o PS está a fazer!

O Orador: - ... porque o debate é sério e não é apenas uma retórica para ganhar votos, como os senhores fizeram com a redução do serviço militar obrigatório, que ainda não existe.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Candal.

O Sr. Carlos Candal (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Subo a esta tribuna para falar de um assunto que não é transcendente, mas que tem alguma importância, porque venho falar da minha terra, da minha sub-região natural, o distrito de Aveiro, e não há palanque intermédio para dm assunto com esta relativa relevância. Não vos ocuparei muito tempo, até porque o meu partido já não dispõe dele, e não vos enfadarei. Não terei o recorte literário do Sr. Deputado Branco Malveiro,...

Risos.

... mas terei, com certeza, o mesmo bairrismo e a mesma convicção na defesa das gentes e da terra que aqui represento.
A minha intervenção é um pouco de confronto moderado contra a Câmara, contra a representação nacional, contra o todo nacional, porque desde há muito tempo me venho convencendo - e não tenho a mania da perseguição - que Aveiro é sistematicamente a região preterida, esquecida, subalternizada, ultrapassada, a favor umas vezes do colosso Porto, outras vezes do pretenso pequeno colosso Coimbra. E tenho aguentado todas essas malfeitorias com alguma serenidade e passividade, mas devo dizer que estou «cheio».
E a última invenção, desta vez parece que de Coimbra, foi o famoso eixo peninsular. É uma ideia peregrina, inventada com certeza na celebração elevada da Torre da Universidade, por aí algures, e que foi induzida no sentido bairrista, mas ingénuo, de Castelo Branco!
Convenceram as pessoas e os representantes dessa região que uma auto-estrada que começasse na fronteira espanhola (não explicam bem onde é que nasceria ou onde é que iria dar) e que viesse para o litoral português - e já adivinham que havia de terminar um pouco mais abaixo de Coimbra - seria um factor de desenvolvimento para a região, que tem carências e dificuldades e índices pouco relevantes.
Chamei-lhe uma tese peregrina e ingénua porque é sabido que a construção de auto-estradas em regiões que não tenham infra-estruturas industriais ou agrícolas sedimentadas e fortes é um dreno empobrecedor, fluido, a favor da desertificação, a favor do crescimento demográfico e do fomento da zona terminal que seria a região envolvente de Coimbra.
Perguntarão se tenho alguma coisa contra Coimbra. Não propriamente, tenho é a favor de Aveiro!

Risos.

É que ao falar-se numa nova auto-estrada, que não está prevista no Plano Rodoviário Nacional, que tem sido relativamente pacífico, esquecendo a necessidade de rectificar e de alargar o IPS, bem como de lhe dar segurança e rapidez ao trânsito, talvez se esteja a ver o problema de óculos eseuros, de uma forma pessimista! Trata-se, mais uma vez, de preterir Aveiro. E diferente do que preterir Aveiro é prejudicar o eixo Aveiro-Viseu-Guarda Espanta-me a passividade dos representantes de Viseu e da Guarda, porque para Aveiro, propriamente dita, é tudo lucro, já que nos puxam, por um lado, para o Porto e, por outro, para Coimbra. Não conseguem esgaçar-nos, porque somos muito corpulentos e fortes. Bem, e se nos puxam criam uma tensão que nos eleva, afinal! Mas não é assim para Viseu e para a Guarda. Penso que é mais uma conspirata de Coimbra, semelhante às outras que levaram para essa cidade o centro tecnológico da cerâmica no tempo do Prof. Veiga Simão. Este bissaísmo-barretismo coimbrão