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1830 I SÉRIE - NÚMERO 52

pacote de medidas na véspera da minha intervenção no Porto, ele foi o resultado de meses de trabalho que nos permitiram amadurecé-1o e apresentá-lo há poucos dias.
Por outro lado, devo dizer-lhe que a preparação para o mercado e para a concorrência já vem de há muito, como disse há pouco. Aliás, foi por isso que o Sr. Deputado António Campos nos criticou, dizendo que gastámos 102 milhões de contos.

Risos do Deputado do PCP Lino de Carvalho.

De facto, ao longo dos últimos anos, interviemos na preparação da concorrência com um investimento de 102 milhões de contos, e a prova é que o Sr. Deputado António Campos falou neles.

O Sr. António Campos (PS): - Foram mal gastos, foram desbaratados!

O Orador: - Sr. Deputado António Campos, foram exactamente para os exemplos que dei na minha intervenção, ou seja, para centrais horto-frutícolas, adegas, lagares, etc., que foram financiados ao longo destes anos. Julgo que o Sr. Deputado acompanhou ou leu a intervenção.
Sr. Deputado Mário Tomé, no que se refere à óptica do saneamento financeiro das cooperativas, a nossa lógica não é essa Já tivemos, no passado, um programa de saneamento financeiro das cooperativas que, infelizmente, não deu qualquer resultado, porque os problemas aparecem de novo. O que interessa é criar nas cooperativas uma gestão empresarial, porque, caso contrário, andamos a sustentar ali o amadorismo e a incompetência.
Queremos que as cooperativas sejam, de facto, empresas viáveis e profissional e é por isso que falamos em saneamento empresarial, ao contrário do Sr. Deputado, que fala em saneamento financeiro.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - É preciso é que os produtores recebam o dinheiro!

O Orador: - É exactamente isso que queremos, Sr. Deputado. Queremos o saneamento empresarial para que elas funcionem bem e, assim, poderem escoar os seus produtos.
Para terminar, Sr. Deputado António Murteira, no que se refere à divergência sobre os custos, quero dizer-lhe que, naturalmente, ela é uma realidade entre nós, por isso é que pertencemos a partidos diferentes. É nessa divergência que está a substância da democracia Cada um tem a posição que tem e, portanto, uns ganham e outros perdem. E natural que haja discursos diferentes, o Sr. Deputado tem o seu e eu tenho o meu!
No que se refere à especificidade, V. Ex.ª disse uma coisa curiosa, isto é, disse que «é preciso especificidade para que haja em Portugal uma autêntica reforma agrícola e agrária». Finalmente caiu o pano! Reforma agrária, Sr. Deputado!... Andamos agora a pagar os custos da vossa reforma agrária!

Vozes do PCP: - Deixe-se disso, Sr. Ministro!

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Cassete n.º 3!

O Sr. Presidente: - Sr. Ministro, V. Ex.ª estava a responder a três pedidos de esclarecimento de cada vez, mas, para finalizar, restam quatro. Pergunto-lhe, por isso, se o Sr. Ministro responde aos quatro pedidos de esclarecimento ou se deseja agregá-los dois a dois.

O Sr. Ministro da Agricultura: - Posso responder aos quatro, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim da Silva Pinto.

O Sr. Joaquim da Silva Pinto (PS): - Sr. Presidente, Sr. Ministro da Agricultura, quero, apenas em um minuto, colocar a V. Ex.ª três questões de carácter técnico e levantar-lhe um problema de ordem fundamentalmente política.
Em primeiro lugar, depois de ouvir o seu discurso, fiquei sem saber se pensa que a agro-indústria tem ou não futuro em Portugal.
Em segundo lugar - e olho para um dos secretários de Estado que o acompanha -, o que é que se passa sobre a cadeia de frio, sonho que, como dirigente associativo, me levou, há alguns anos, a ouvir promessas de curto prazo?
Em terceiro lugar, o que é que V. Ex.ª pensa no que se refere à pecuária? Sobre este assunto, não ouvi qualquer palavra sua. Talvez me tenha distraído!
Quanto à questão fundamentalmente política, V. Ex.ª fala, e bem - e, por isso, não serei eu a contrariá-lo -, de que é necessário reduzir a percentagem da população activa na agricultura. No entanto, se não tivermos o cuidado de seguir uma política de desenvolvimento rural, não só no domínio da beneficência e ,do subsídio, mas também no da animação cultural e económica e da articulação do seu Ministério com outros, designadamente o do Emprego e da Segurança Social, teremos a desertificação, com todos os problemas graves que, naturalmente, preocupam todas as bancadas deste Parlamento.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Lobo Xavier.

O Sr. António Lobo Xavier (CDS): - Sr. Presidente, Sr. Ministro da Agricultura, a primeira nota que quero deixar aqui é o meu lamento pela forma como V. Ex.ª excluiu os Deputados do CDS deste debate.
Devo dizer-lhe que, para além das divergências políticas, deve haver sempre um respeito intelectual, que deve ser mantido, sobretudo sabendo o Sr. Ministro que fomos colegas no curso de Estudos Europeus da Faculdade de Direito de Coimbra, como regentes. Penso que isso deve ser respeitado, apesar das vicissitudes da política. Eu tenho respeito intelectual pelo Sr. Ministro e, por isso, seria incapaz de tomar uma medida de exclusão como aquela que V. Ex.ª tomou, independentemente da cor de quem quer que me tivesse acompanhado numa tarefa universitária.
Em segundo lugar, o Sr. Ministro da Agricultura, confessa, afinal, a crítica principal que o CDS lhe quer fazer, ou seja, de que os problemas da agricultura são velhos. Pois são, Sr. Ministro! E um desses problemas, que é o da comercialização, só aparece, com um esboço de solução, neste momento, o que é muito tarde.
A organização dos agricultores para o escoamento dos seus produtos vem muito tarde, porque a liberalização completa está à porta e as grandes superfícies - os hipermercados - não vão esperar o tempo necessário para que essa organização se faça, pois ela leva, pelo menos, seis meses de atraso, o que,, neste domínio, é irremediável.
Em terceiro lugar, sabe de quem é a responsabilidade de os grandes hipermercados preferirem comprar os produtos estrangeiros? É da, fiscalização que vai aos hiper-