1766 I SÉRIE - NÚMERO 50
poder ser, no século XXI, uma das melhores faculdades de medicina de Portugal e da Europa.
Quanto ao Instituto Geofísico da Universidade do Porto, o primeiro estabelecimento oficial a realizar observações meteorológicas regulares foi instalado em 1883 na ala sul do Hospital Geral de Santo António - era o Observatório da Escola Médica do Porto. Em 1885 é fundado, na Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, oposto magnético e meteorológico da cidade do Porto, sendo em 1887 designado por Observatório Meteorológico Princesa D. Amélia. Após a implantação da República mudou o nome para Observatório Meteorológico da Serra do Pilar, tendo sido, em 1946, integrado na Universidade do Porto como Instituto Geofísico.
Um dos aspectos mais fascinantes das instalações do Instituto Geofísico na Serra do Pilar é a convivência entre o equipamento obsoleto e o ultramoderno. Ao lado de um pequeno dispositivo capaz de atingir temperaturas negativas de 200 graus centígrados e positivas de mais de 900 - o suficiente para derreter rochas -, encontram-se ainda em funcionamento, verdadeiros exemplares de arqueologia cientifica, com um anemómetro mecânico, fabricado em 1885, que mede ininterruptamente, há mais de um século, a direcção e a velocidade do
vento.
No Instituto Geofísico existe um Laboratório de Geomagnetismo, de nível europeu, montado em 1990-93. Mas não há investigadores que rentabilizem este laboratório, - por falta de suporte económico, pelo que a sua existência é irrelevante.
Existe uma estação climatológica, com mais de 100 anos de dados acumulados, que serve o Instituto de Meteorologia e que não é actualizada desde há 30 anos.
Esteve em pleno funcionamento até Janeiro deste ano uma estação sísmica, única no País, instalada pelos Estados Unidos da América em 1965, integrada numa rede mundial que regista todos os sismos que ocorrem no mundo, a qual foi desactivada por falta de verbas para assegurar o seu funcionamento e manutenção. Importa agora, ao menos, transformá-la em museu, ficando no mesmo local onde está instalada:
Existe ainda uma estação de satélites meteorológicos que capta imagens em tempo real, que pode ser utilizada para a área das pescas e da prevenção de incêndios, mas que não tem infelizmente o apoio da universidade.
O Instituto Geofísico precisa de investigadores para rentabilizar tudo o que foi acumulado ao longo de todos estes anos e precisa de um substancial aumento do seu orçamento para ultrapassar o seu, estrangulamento financeiro. O montante de verbas Jeque dispõe do Orçamento do Estado, através da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, é ridículo, dado atingir apenas cerca de 6500 contos, verba que é utilizada essencialmente para as despesas correntes do Instituto.
O Instituto Geofísico da Universidade do Porto continua instalado no mesmo edifício na Serra do Pilar em que foi fundado e instalado, em 1885, o primeiro observatório que lhe deu origem. É, por isso, um edifício com mais de um século de existência, de valor cultural e histórico que importa recuperar e preservar. Porém, o estado de conservação do edifício encontra-se bastante degradado, necessitando de uma intervenção de beneficiação global urgente para a sua reabilitação, de forma a conferir-lhe mais operacionalidade, comodidade e funcionalidade.
A actual situação de degradação das instalações do Instituto há muito que é denunciada junto dos responsáveis da universidade pelo seu director, Professor João
Montenegro, mas infelizmente sem o sucesso desejado. É que, como referiu o director do Instituto numa das muitas exposições efectuadas, para além do desconforto de se trabalhar em espaços degradados; é difícil exigir-se trabalho de qualidade aos funcionários e alunos.
Por exemplo, a estrutura da torre onde se encontram vários sensores meteorológicos, aos quais os técnicos e alunos têm de ter acesso várias vezes ao dia, apresenta fracturas onde já está a descoberto o ferro interior da estrutura. Ainda há poucos dias, um pequeno bloco de betão desprendeu-se da estrutura da torre de instrumentos perfurando a cobertura de fibrocimento que constitui o telhado. Agora; a água da chuva, caindo por esta fenda, irá forçosamente infiltrar-se, até atingir o tecto de madeira; é brevemente o equipamento electrónico das salas do 1º. andar ficará em risco.
A continuação desta situação de degradação das instalações do referido Instituto põe também em risco a integridade física dos que lá trabalham e fazem a sua investigação.
A segurança do Instituto não existe e a situação é caricata. Para prevenir eventuais assaltos ao seu património o director cedeu, para ser cultivada, uma faixa de terreno junto ao edifício e os agricultores, em contrapartida, guardam as instalações.
Sem mais delongas, a Universidade do Porto, com o apoio do Ministério da Educação, tem de investir nas obras de recuperação das instalações do Instituto Geofísico e de todo o seu equipamento, para motivar os responsáveis e todas as pessoas que ali desenvolvem a sua actividade e investigação, as quais devem ser rentabilizadas ao serviço da região e do País.
Com instalações recuperadas e aumento de investigadores, faz todo o sentido a instalação de uma nova estação sísmica digitalizada, celebrando-se um protocolo entre o Instituto Geofísico e o Ministério do Ambiente. também para a rentabilizar ao serviço da região e do País. Num país como o nosso, teria todo o interesse fazer um estudo sísmico aprofundado de todo o território nacional, o que nunca foi feito.
Há que preservar, valorizar e potenciar o Instituto Geofísico da Universidade do Porto como património da região norte e do País.
Em relação à nova ponte rodoviária sobre o rio Douro, a construir entre as Fontaínhas e a Serra do Pilar, como alternativa ao tabuleiro superior da Ponte D. Luís, uma vez que este vai ficar futuramente afecto exclusivamente à passagem do Metro Ligeiro de Superfície do Porto, devia ser, como também defende a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, com dois tabuleiros, um à cota alta e outro à cota baixa, e não fazer agora uma ponte só à cota alta, como se prevê, e mais tarde outra ponte á cota baixa. Julgo que isto é agravar o investimento financeiro vultuoso para o efeito e não serve da melhor forma e a curto prazo a enorme população da Área Metropolitana do Porto e, em particular, dos municípios do Porto e Vila Nova de Gaia.
Foi recentemente presente pela Empresa Metro do Porto, a uma reunião da Câmara Municipal de Gaia, uma proposta de abertura de concurso público internacional para a concepção e construção da nova ponte rodoviária, que, para além de ser tecnicamente errada, é uma autêntica provocação a Vila Nova de Gaia, tentando-se mais uma vez menorizar e prejudicar altamente este município, o que é para os gaienses inaceitável.
Propunha-se nessa proposta, que foi liminarmente rejeitada, por unanimidade, pela Câmara Municipal de Gaia,