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3038 I SÉRIE-NÚMERO 87

citou, mas, nesse mesmo ano, não fez só isso. Na verdade, foi nesse ano que deixou que aumentassem brutalmente os salários reais, que degradou as finanças públicas deste país.
Nós não só queremos a estabilidade política como não vamos fazer, em 1999, o que os senhores fizeram em 1991. Vamos governar exactamente com os mesmos critérios que temos agora. Queremos ser julgados por quatro anos de acção, não pelo oportunismo de um único!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Marques Mendes, para defesa da honra e da consideração da sua bancada.

Vozes do PS: - Ah!

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, peço a palavra justamente para, defendendo a honra da bancada, referir três aspectos.
O primeiro é sobre a questão, que não é pessoal mas toda política e que deve ser esclarecida, da relação do Governo com o poder económico. A esse respeito, quero dizer ao Sr. Primeiro-Ministro que não há aqui questões pessoais, mas há questões políticas muito sérias.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Quero, ainda, sublinhar que o Sr. Primeiro-Ministro esteve aqui presente na interpelação ao Governo que citou. Teve, pois, a obrigação, mais, até, do que o direito, de falar, mas não falou!

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Ora, nós dissemos tudo o que tínhamos a dizer. Cara a cara!

Aplausos do PSD.

A segunda questão não é pessoal, é política e vai ser analisada e esclarecida no inquérito parlamentar que já começou.
Em matéria de pedidos de desculpas, o Sr. Primeiro-Ministro gosta sempre de fazer-se de vítima: nunca é responsável por nada, é sempre vítima de tudo - coitadinho! Sr. Primeiro-Ministro, esse é um «filme» que toda a gente já viu!

O Sr. José Magalhães (PS): - «Quem não se sente não é filho de boa gente»!

O Orador: - Como dizia, em matéria de pedido de desculpas, pensei que, ao menos, o senhor daría uma orientação ao Sr. Ministro da Economia que, tendo ameaçado com um processo judicial à Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, nem sequer teve a hombridade de pedir desculpa à Sr.ª Deputada e ao País.

Aplausos do PSD.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: - è preciso «lata»! É espantoso!

O Orador: - Sr. Primeiro-Ministro, pedi a defesa da consideração também porque, obviamente, não lhe pedi que fizesse o relatório de actividades do Governo nesta ou naquela área. Coloquei-lhe duas ou três questões concretas. Fica claro que, quando voltar a fazer uma encenação, já ninguém o leva a sério porque as regras estão definidas.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, o que lhe perguntei, além de outras coisas que os portugueses querem saber, foi o seguinte: como é que, na semana passada, disse que não pode ser aprovado um programa para acabar com as listas de espera nos hospitais porque não há 12 milhões de contos, enquanto o senhor gastou 17 milhões de contos na compra de quatro edifícios na Expo 98?

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - E já estão pagos!

O Orador: - Sr. Primeiro-Ministro, acho que os factos são óbvios: em 1990, que não foi ano de eleições, o crescimento económico foi semelhante ao do ano que estamos a viver e foi criado o 14.º mês para todos os reformados, o que custou 95 milhões de contos, a preços de hoje. Ora, hoje, o crescimento económico, como o senhor disse, é muito semelhante ao daquele ano. O senhor até acrescentou que a segurança social não está falida. Então, não se propondo um aumento que custe um tostão mais, isto é, com condições iguais às que havia em 1990, como é que não pode fazer um aumento extraordinário que foi possível fazer naquela altura? Ou será que o senhor só tinha consciência social quando estava na oposição e passou a deixar de tê-la quando chegou ao poder?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tern a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, para dar explicações, querendo.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Marques Mendes, não brinque com coisas sérias!

Vozes do PSD: - Ah!

O Orador: - A honra das pessoas é uma coisa séria; a minha honra é uma coisa séria, pelo menos para mim!
O Sr. Deputado Luís Marques Mendes teria razão se aqui tivesse sido feita uma acusação. Mas o que aqui foi feito foi uma insinuação ténue para, depois, ser glosada e desenvolvida em órgãos de comunicação social, a ponto de eu próprio não ter dado conta do que verdadeiramente estava a passar-se nem de qual era a vossa verdadeira intenção. Foi essa intenção que justificou a justa indignação do Sr. Ministro da Economia.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, se ele não pôs em tribunal quem proferiu essas insinuações foi pela simples razão de que foram feitas num regime que, nos nossos tempos parlamentares, impede que uma tal acção seja posta em tribunal. E foi apenas por essa razão.

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Teve medo!

O Orador: - Vamos, pois, ao que interessa.
O que interessa é ter uma política social, não é ter «fogachos» sociais. Nós temos uma política social global e integrada. 0 peso das despesas sociais no conjunto do