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26 DE FEVEREIRO DE 1999 1931

Se este é um critério, tratar-se-ia de um belo e singular critério que os socialistas trazem para o Governo do País. No comentador, pelos vistos, não causou qualquer espanto.
Isto é, quando a Sr.ª Ministra, hoje, em desespero, acusa de manipulação as forças políticas, constata-se que também foram cidadãos que sempre estiveram com o partido do Governo que se encarregaram de exteriorizar a denúncia e a parcialidade que o comportamento seguido encerrava.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Não vale a pena perguntar se foi a pressão da opinião comum que provocou estas reacções, se foi a própria consciência abalada...
A conclusão que é lícito extrair é 'a de que o processo seguido e a iniquidade da decisão surpreendeu e feriu tudo e todos e deixou, mais do que sem palavras, cheios de palavras amargas de discordância e revolta, os próprios defensores do Governo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A máscara do diálogo cedeu à exibição da política de interesses e de manobrismo eleitoralista que melhor caracteriza este Governo.
O embaraço que aquele comportamento sugere permitiu ver como ninguém se entende nos períodos de crise e como toda a gente sacode, com a maior desenvoltura, «a água do capote».
A solidariedade, a famosa solidariedade socialista, cedeu o passo ao «salve-se quem puder». Era ver quem denunciava mais, era ver quem se distanciava melhor! Os episódios de Souselas e Maceira exibiam um Governo isolado e incapaz de manter uma decisão sua.
E tudo isto acontecia porque o Governo se viu obrigado a perceber que a sua decisão imponderada, insuficientemente fundamentada e inexplicável não era aceite pelas pessoas.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Governo ficou «encurralado», porque conseguiu, com a maior inabilidade, virar toda a opinião pública contra si e juntar num único movimento sensibilidades partidárias e não partidárias diversas.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Governo conseguiu a proeza de ofender, ao mesmo tempo, a Universidade e as populações.
O Governo conseguiu mobilizar a participação cívica, empenhada, de pessoas como o Prof. Boaventura de Sousa Santos que não descansou enquanto não obteve condições para promover o recuo na decisão e a promoção de um grande consenso entre a ,maioria das forças políticas e as instituições que o garantissem.
O Governo conseguiu motivar a maior petição até hoje entregue na Assembleia da República.
O Governo conseguiu ter este mesmo Parlamento a votar uma recomendação que o colocou perante obrigações que logo declarou não cumprir e que visavam impedir a continuação de um processo por todos recusado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas, apesar de tudo isso, a Ministra era, e é, o retrato obstinado da própria obstinação. Estranha teimosia esta da Ministra que quer ficar na história fugindo à normalidade do comportamento dos seus pares: num Governo que não decide, que foge como o diabo da cruz às responsabilidades, a Ministra do Ambiente logo escolheu uma decisão errada para afirmar a diferença.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A Ministra coloca o Governo e o Sr. PrimeiroMinistro em confronto com o resto do mundo. Quando o resto do mundo decide, o Governo discute; quando o resto do mundo discute, o Governo decide, e quando decide é sempre mal. Compreende-se a alergia...

Aplausos do PSD.

É certo que o Sr. Primeiro-Ministro, no auge da crise, desautorizou a Ministra, chamando a si o processo, enquanto durou uma curta reunião, para tentar oferecer alguma «anestesia» aos interessados. Apelou à confiança, aprestou-se a elaborar um diploma, encomendou até a sua redacção, mostrou-se sensível às críticas. Ou seja, o Primeiro-Ministro, sem que a Sr.ª Ministra aparentemente desse conta, explicou, com as suas atitudes, que a decisão não tinha sido devidamente fundamentada, que havia razão para as maiores dúvidas, que era preciso fundamentar cientificamente e com credibilidade como não o tinha sido, a opção seguida.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro actuou, como sempre, com a displicência de quem nunca erra por mal, de quem nunca decide definitivamente, de quem não tem se não a certeza da incerteza.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Sr.ª Natalina Moura (PS): - Não apoiado!

O Orador: - Mas afinal, se era assim, para quê assustar o povo?
Mas se deveria ter sido este o caminho, porquê a trapalhada a que assistimos?
Teria valido a pena que o Sr. Primeiro-Ministro tivesse perdido mais algum tempo a discutir o problema com a Sr.ª Ministra e evitasse tudo quanto se passou! Teria valido a pena, afinal, que o Sr. Primeiro-Ministro se exercitasse no acto de governar. E isto acontece com um Governo que muda de opções como quem muda de camisa.

O Sr. Luís Marques .Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - O mesmo Governo, que antes das eleições preferia o processo da incineração, muda de agulha para a co-incineração, sem mais, sem a ponderação e a transparência que se reclamavam.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E não basta atacar quem o antecedeu. O Governo esquece que os processos de incineração eram, há alguns anos atrás, a mezinha para tudo, até que os cien