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O Sr. Rosado Fernandes (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Deputados: Lamento não ter trazido aqui um «pronto-a-falar», que a comunicação social pudesse pôr no micro-ondas para o expandir rapidamente.

Risos do CDS-PP.

Quero também dizer à minha estimada colega Isabel Pires de Lima que a navegação à vista não é tão má como isso. Às vezes, só com o sextante, com o radar e com o sonar não se chega lá e acontece aquilo que aconteceu nas Galápagos: o capitão estava distraído! Portanto, os olhos ainda são um grande instrumento de visão e de constatação daquilo que nos rodeia.
No que diz respeito a reformas, não há aqui pessoa alguma que não tenha sido já vítima de várias reformas. Todos nós fomos «reformados», por várias vezes; todos nós tivemos de «gramar» currículos diferentes, por várias vezes; todos nós vimos que os nossos tios tinham tido um currículo, que nós íamos ter outro e, quando esperámos que fossemos ter aquele, acabava por ser alterado e tínhamos ainda outro currículo! Não tem faltado variedade na educação portuguesa!
Não tem faltado variedade e, portanto, insegurança, instabilidade e, naturalmente, os resultados que temos visto, e que eu vi em 36 anos de ensino no ensino superior, não são, de facto, brilhantes. E mais: têm-se agravado nos últimos anos. Não falo de erros ortográficos, falo na falta de lógica na constituição da frase e isso, para mim, é já um sinal de que não se sabe falar, nem escrever, nem pensar.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - A escola devia ser essencialmente adaptada ao povo que temos e não deveríamos, utopicamente, querer adaptar o povo que temos a uma escola que imaginamos no nosso gabinete.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Sr. Ministro, isto não é um ataque a si, isto é um ataque a todo o sistema que tem vigorado em Portugal, desde há muitos anos a esta parte, desde que me lembro. Nunca vi coisa diferente! Já estou habituado, eu até já perdi agressividade, já nem me indigno! Como é que posso indignar-me se a coisa se repete sempre, numa «sonolência» já secular?!
Acordos ortográficos?! Quantos queiram! Já se escreveu açúcar com ss e agora escreve-se com ç; já escrevemos de toda a maneira e feitio e já ninguém sabe como escrever.
Mas isto mostra uma insegurança do mando, uma insegurança de quem dirige o País, uma insegurança do povo que suporta que o dirijam assim! E isto, naturalmente, é uma questão ontológica, é uma questão que convinha quebrar e que não se consegue quebrar porque ninguém quer.
A verdade é que ninguém adere a nenhum projecto e sem a adesão a um projecto, à sua reforma, a reforma não pode resultar. Porquê? Porque, Sr. Ministro, é muito bonito defender a liberdade mas é evidente que, se traçar só uma moldura e mandar as escolas pintarem o quadro que entendam dentro da moldura, arrisca-se a ter um Picasso de má qualidade. E o problema não é o Picasso, o problema é a qualidade!
A minha colega Luísa Mesquita fala de escolas de primeira e de escolas de segunda e elas existem. É verdade! Existem! Pessoalmente, tenho essa experiência, porque tive uma filha no Colégio Alemão e tive outra nos Salesianos. E são escolas privadas!

A Sr.ª Natalina Moura (PS): - São as duas de primeira!

O Orador: - Frequentei sempre escolas públicas e também sei que frequentei umas boas, como o Pedro Nunes, que era uma excelente escola, e frequentei o Gil Vicente, que não era uma escola tão boa.

A Sr.ª Natalina Moura (PS): - É óptima!

O Orador: - Naquela altura, não era! Ainda era no velho convento! Mas nem vale a pena entrarmos aqui em clubismos, porque não é essa a minha intenção.
De qualquer forma, o que entendo é que há um aspecto extremamente vago em toda a reforma, que se manifesta desde a área projecto ao estudo acompanhado, à formação cívica, à educação para a cidadania, que tem de ser transversal. Cidadania é um termo que, agora, todos utilizamos mas, em geral, não gosto de o utilizar, porque é um termo tão abstracto que pouca gente sabe o que significa.
Depois, há a questão das avaliações: avaliação diagnóstica, avaliação formativa, avaliação somativa ou «sumitiva», não sei o que será.

Risos do CDS-PP e do PSD.

Enfim, são três avaliações que, naturalmente, confundem qualquer pessoa. Em que é que estou a ser avaliado? É o Big Brother que, de facto, me está a avaliar? Mas é de uma forma somativa ou de uma forma diagnóstica? E qual vai ser o resultado?

Risos do CDS-PP.

Tenho já, de facto, gânglios nos pulmões do meu ensinamento ou não? É isto que me preocupa! É o facto de ser vago!
Naturalmente, o Sr. Ministro defendeu-se dizendo que não quer uma reforma ditatorial, que dite quais são as disciplinas, mas entendo que, de qualquer forma, alguma indicação tem de ser dada.
Todos sabemos que Portugal aparece numa posição miserável no que diz respeito ao ensino das matemáticas. Possivelmente, e os professores de matemática, nisto, estarão de acordo comigo, podemos aumentar o ensino da matemática, mas não podemos apenas aumentar o ensino, temos de aumentar a qualidade do ensino da matemática. O problema não é aumentar as horas, o problema é ter