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gente competente para ensinar matemática nas horas que as crianças têm de suportar.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): - Claro!

O Orador: - A este propósito, os 90 minutos têm sido uma vexata questio na discussão. Mas, de facto, desafio alguém, por muito sedutor que seja, a conseguir entreter uma assistência sem que a mesma mexa o «rabo» nas cadeiras, tussa ou faça outros barulhos, durante 90 minutos. Quanto mais uma assistência jovem! Parece-me que ninguém consegue suportar.
Bem sei que são blocos de 90 minutos que podem ser geridos, mas é evidente que há sempre paranóicos que querem mesmo «pespegar» com 90 minutos.

Risos do CDS-PP, do PSD e de Os Verdes.

E a verdade é que não se pode dar campo aos paranóicos para ensinar! Há casos psiquiátricos nas escolas! Conheço-os! Dou-me com eles e até gosto deles, porque, de certa forma, até me ensinam alguma coisa sobre a natureza humana. Naturalmente, não são a regra, mas conheço casos em que, de facto, os estudantes não gostam do ensino. O ensino tem de estimular as crianças e a verdade é que isto permite que haja uma mobilidade para a qual, muitas vezes, o corpo docente não está preparado.
Quanto ao ensino tecnológico, ele dá 17 possibilidades. Estou de acordo que haja, de facto, várias possibilidades, mas há uma coisa que não admito: é que, neste País, se continue a considerar que frequentar o ensino tecnológico seja desprestigiante para o ser humano.
De facto, nunca considerei que, por ser doutorado ou não sei quê, era melhor do que o mecânico que trata do meu carro. E não estou aqui a armar-me, com parvoíces! Sempre o tratei com consideração e nunca entendi que ele, do ponto de vista social, estivesse abaixo de mim. Se isso acontece é porque, de facto, se querem criar falsas divisões na sociedade.
Agora, há uma coisa que é certa: a nossa mão-de-obra não tem qualificação. E aí sim, aí sofrem-se, efectivamente, diferenças grandes, em face daqueles que têm mais qualificação.
Todos sabemos que o acesso ao ensino superior deve ser aberto a todos,…

O Sr. António Braga (PS): - E é!

O Orador: - … mas qualquer país desenvolvido, e conheço vários, aliás, estive ontem a fazer um estudo comparativo com vários países, como a Alemanha e a própria Itália, tem sempre uma vertente técnico-profissional, um curso médio. Portanto, não posso estar senão de acordo com os cursos médios e não os considero desprestigiantes.
No entanto, como é que o Sr. Ministro vai pôr em funcionamento os cursos médios, sem que, de facto, se faça como fazem as Berufsakademien, na Alemanha, que têm contratos com as empresas, e os estudantes passam muito pouco tempo na escola e muito tempo a trabalhar nas empresas?
São estes problemas que, de facto, não vejo que estejam resolvidos. Bem sei que não se pode resolver tudo num decreto, bem sei que não se pode resolver tudo por escrito, mas a verdade é que devíamos adaptar o ensino às necessidades do País e as necessidades do País são claras: o País precisa de saber trabalhar melhor, porque, se não, vai perder a corrida, aliás, já está, neste momento, a perdê-la.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Para uma intervenção, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Deputados: Os Verdes consideram profundamente preocupante o facto de o Governo tentar impor uma revisão curricular dos ensinos básico e secundário sem ouvir a comunidade educativa, fundamentalmente professores e alunos. O Sr. Ministro insiste em dizer que a ouviu, mas não há uma única associação representativa dos professores e dos alunos que diga que foi ouvida. Portanto, Sr. Ministro, permita-me fazer esta afirmação com profunda legitimidade: o Sr. Ministro não ouviu a comunidade educativa relativamente a esta revisão que procura agora impor, nem tão-pouco atendeu às recomendações do Conselho Nacional de Educação. E permita-me também sugerir que leia com atenção o parecer do Conselho Nacional de Educação, quando refere que não se revê, de todo, nesta revisão que o Sr. Ministro pretende impor. Isto, na minha perspectiva, demonstra uma única coisa por parte do Governo: arrogância, incapacidade de diálogo e incapacidade de envolvimento da sociedade neste processo de revisão.
Por outro lado, Os Verdes consideram profundamente preocupante que o Governo pretenda implementar esta revisão já no próximo ano lectivo, já em Setembro, sem ter em conta o que já está implementado em algumas escolas - e refiro-me, nomeadamente, à gestão flexível dos currículos no ensino básico - e sem proceder à sua avaliação e respectiva correcção, obrigando os alunos, que fizeram o 5.º ano com um determinado sistema, a transitar para o 6.º ano com um sistema diferente, negando uma aplicação faseada desta revisão, sem garantir períodos experimentais para algumas matérias propostas para o ensino secundário, sem que sejam definidos os projectos curriculares das escolas, sem que esteja regulamentado um conjunto vasto de aspectos previstos quer no Decreto-Lei n.º 6/2001, quer no Decreto-Lei n.º 7/2001, sem deixar definidas as condições nas quais o projecto vai avançar, como, por exemplo, o número de alunos por turma, o número de turmas por professor, as condições de equipamento das escolas, designadamente no que diz respeito a laboratórios, a equipamentos informáticos, a gimno-desportivos.