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0175 | I Série - Número 004 | 25 de Setembro de 2003

 

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Para formular um pedido de esclarecimento, tem, agora, a palavra ao Sr. Deputado João Teixeira Lopes.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Filipe, partilhamos o fio condutor da sua intervenção e gostava até de lhe dizer que o Sr. Deputado foi bastante moderado. Se lermos, por exemplo, o que escreve Pacheco Pereira, quando compara explicitamente o discurso do Dr. Paulo Portas ao discurso de Le Pen, ou o que escreve Marcelo Rebelo de Sousa, que compara o discurso de Paulo Portas com o discurso de Umberto Bossi, o tal que "tem umas ideias estapafúrdias", até chego à conclusão de que o Sr. Deputado foi moderado.
De facto, parece que estamos aqui entre Umberto Bossi e Le Pen. Umberto Bossi foi aquele político que, entre outras coisas, defendeu que, se fosse necessário, disparar uns tiros contra os navios que trazem imigrantes ilegais a Itália, disparava-se.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): - E acha que isso é igual?!

O Orador: - Por conseguinte, bem ofendidos devem estar os senhores com Marcelo Rebelo de Sousa e Pacheco Pereira.
Aliás, é estranho o silêncio do PSD. O PSD não fala nesta questão. Mas não fala porque, obviamente, dá jeito haver uma divisão do trabalho: deixar o discurso demagógico, irresponsável, populista ao Dr. Paulo Portas e o PSD apresentar, enfim, uma face responsável.
Mas, no essencial, a política é a mesma, é de restrição à entrada de imigrantes, de abandono aos imigrantes que cá estão, de ausência de políticas activas de inserção, quando se sabe que os imigrantes são necessários para a população activa crescer, para o equilíbrio da segurança social e dos impostos.
O que me parece, Srs. Deputados, é que anda por aí o fantasma de alguém, anda por aí o fantasma do Dr. Manuel Monteiro.

Risos do CDS-PP.

E a irresponsabilidade vai ao ponto de termos um Ministro de Estado a fazer um discurso populista porque a comunicação social tem dado notoriedade ao Dr. Manuel Monteiro.
Infelizmente, a agenda deste Governo é também determinada por este tipo de circunstâncias. Mas, sem dúvida alguma, a política deste Governo e o discurso do Dr. Paulo Portas são um claro incentivo ao que de pior pode existir em nós. São um incentivo a que se tenha os imigrantes como o bode expiatório da situação de profunda recessão económica em que vivemos, de profunda depressão social.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado António Filipe, se não é neste caldo de afirmações e de discursos que nasce o ódio, que nasce o terror, que nasce o medo ao estrangeiro, ao diferente e ao outro.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe, que dispõe, para o efeito, de 5 minutos.

O Sr. António Filipe (PCP): - Sr. Presidente, antes de mais, agradeço a todos os Srs. Deputados as questões que me colocaram.
Sr.ª Deputada Celeste Correia, estou inteiramente de acordo com as palavras que proferiu, as quais agradeço.
O Sr. Deputado João Pinho de Almeida disse que eu não assisti ao discurso da rentrée. Neste ponto tem razão; de facto, não estive presente, mas há televisões e pude assistir ao discurso, através delas.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): - A transmissão estava má!

O Orador: - O Sr. Deputado é que deve lá ter estado, mas não ouviu. Deve ter sido a única pessoa neste País que não ouviu, de facto, o que disse o Sr. Dr. Paulo Portas e que todo o restante País ouviu.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): - Ouvi, ouvi!

O Orador: - Sr. Deputado, veja os editoriais da imprensa nos dias seguintes.

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - O editorial do Avante?

O Orador: - Leia o editorial que o director do Público, José Manuel Fernandes, escreveu, criticando duramente o discurso de Dr. Paulo Portas. E, já agora, leia o texto do Dr. Pacheco Pereira, ilustre cabeça de lista do PSD ao Parlamento Europeu.

Protestos do CDS-PP.