O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

0012 | I Série - Número 001 | 16 de Setembro de 2004

 

O "novo Governo velho" ocupou S. Bento, prometendo continuar esta política. Com a força absoluta de quem tem o poder sem nunca ter sido eleito para este cargo, Santana Lopes garantiu que tudo fica na mesma. Mas a "marca Santana" exibe-se como uma evolução na continuidade, e é esta "marca" que devemos discutir hoje, Sr.as e Srs. Deputados.
O Primeiro-Ministro começou por governar com promessas de modernidade - o e-government, a descentralização -, tudo perdido no espaço sideral e na viagem de secretários de Estado para o "exílio" com os seus motoristas.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!

O Orador: - Mas a centralização, essa, continua. O seu aliado Alberto João Jardim ameaça expropriar o único jornal que não controla, e essa não é a única ameaça à comunicação social. Depois de dois anos e meio, a concentração cresceu, a RTP foi atacada, um assessor do Governo toma conta do Diário de Notícias, outro da Lusa e, agora, o inevitável Luís Delgado é nomeado comissário político para a PT/Lusomundo.
Santana Lopes só governa para o seu próprio poder absoluto e o abuso do poder torna-se assim a regra do poder.
É claro que o Primeiro-Ministro sabe o que faz quando autoriza Paulo Portas a usar a Marinha de Guerra para proibir a entrada de um grupo de holandesas que protestam contra a criminalização das mulheres que abortam em Portugal; é claro que o Primeiro-Ministro sabe que assim o País percebe que as direitas preferem unir-se em defesa da regra taliban do que deixar de perseguir e humilhar as mulheres; as direitas preferem ridicularizar o País a discutirem soluções para os problemas,…

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!

O Orador: - … porque o Governo aumentou e agravou os problemas. E não nos regozijamos com isso!
É errado o que se passa na justiça; é errado o que se passa na abertura do ano escolar, porque as famílias sabem que o ano escolar não começa amanhã, como prometido, em muitas escolas - o Governo apresentou três listas, o Governo não sabe quando vai começar o ano escolar, a Ministra da Educação anunciou ontem que a lista final das colocações prevista para hoje, para aulas a começar amanhã, é adiada até dia 20! E os portugueses perguntam-se como é que o Governo é tão incapaz de fazer uma lista que é apresentada todos os anos.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!

O Orador: - Os erros e a incompetência são as marcas do "novo Governo velho". Quando é de esperar trabalho e preocupação, temos leveza e publicidade; quando é de exigir rigor, temos improviso e confusão; quando se espera responsabilidade, temos confusão entre os Ministros, como no caso do relatório sobre o incêndio em Leça da Palmeira.
A responsabilidade, Sr. Presidente, é de um só homem: o Primeiro-Ministro. É ele que nos envergonha com os barcos de guerra na perseguição às mulheres; é ele que dirige a operação sobre a comunicação social; é o Dr. Santana Lopes que deve responder pelo atraso das aulas com a atrapalhação do Governo.
Mas o Primeiro-Ministro vive tudo isto com tranquilidade. Escolheu mesmo o Brasil para declarar a uma televisão que agora já conhece os dossiers, que agora já lhe podem fazer perguntas…! É sempre tranquilizante saber a notícia fresca de que o Primeiro-Ministro agora já conhece os dossiers!...
Ora, conhecedor dos dossiers, o Primeiro-Ministro anunciou então a boa-nova: as taxas moderadoras vão ser pagas com cartões de cores diferentes, segundo o IRS de cada um; no dia seguinte já não eram as taxas, mas uma nova cobrança dos serviços de saúde; mais um dia, veio o Ministro da Saúde dizer que os cartões não serão de cores diferentes, que logo se vê…; mais outro dia, vem o porta-voz do Ministério da Saúde dizer que não sabe quando vai ser ou se vai ser. Afinal, a medida já tinha sido anunciada no dia 15 de Junho de 2003.
Conhecedor dos dossiers, o Primeiro-Ministro julga que, declarando perseguir implacavelmente os abusos do Dr. Jardim Gonçalves, do Dr. Ricardo Salgado ou de outros ricos no Serviço Nacional de Saúde, fica de bem com os pobres. É mero fogo de vista!
Com este Governo é mais fácil a um camelo passar pelo buraco da agulha do que alguma vez ser exigido aos ricos que cumpram as suas obrigações e paguem os seus impostos.