38 | I Série - Número: 035 | 17 de Janeiro de 2008
Não interessa ao PS falar de segurança interna quando a intranquilidade pública cresce todos os dias e, perante a impotência do Governo, os portugueses assistem à multiplicação dos crimes à porta das suas casas e das escolas, bem como ao surgimento do fenómeno da criminalidade violenta.
Não interessa ao PS falar de educação quando todos conhecemos a quebra dos patamares de exigência que o Governo impôs ao País como forma de aumentar artificialmente a taxa de sucesso no ensino.
Não interessa ao PS falar do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) quando o Governo já perdeu um ano e está atrasadíssimo no aproveitamento desses fundos europeus que — convém lembrar — ascendem a cerca de 22 mil milhões de euros e constituem a última oportunidade de Portugal se modernizar.
Não interessa ao PS falar de política fiscal porque, depois de ter sobrecarregado as famílias portuguesas com impostos sobre impostos, quer guardar-se para fazer um pequeno alívio fiscal, mesmo a tempo das próximas eleições legislativas.
Não interessa ao PS falar de emprego quando a taxa de desemprego aumentou como aumentou nos últimos três anos! Não interessa ao PS falar de inflação quando as notícias de hoje mesmo dão conta do falhanço da previsão do Governo nesta matéria em relação ao ano de 2007! Não interessa ao PS falar de economia quando tanto o Banco de Portugal como o EUROSTAT confirmam que o crescimento económico português é dos piores de toda a União Europeia.
Não interessa ao PS falar sobre a política de transportes quando acabou, há dias, por dar, uma vez mais, razão ao PSD e a todos quantos defenderam a localização do novo aeroporto em Alcochete.
Como não recordar, sobre esta matéria, frases do Sr. Primeiro-Ministro ou do Sr. Ministro das Obras Públicas como «quem tiver ideias contrárias às do Governo, relativamente ao aeroporto da OTA, presta um mau serviço ao País», ou «a OTA é a única solução», ou, ainda, «a decisão de construir a OTA é irreversível»? Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Fruto da falta de convicções e de uma ideia mobilizadora para o País, o Governo está cansado e sem ânimo.
Um Governo que, em 18 horas, deixa cair a OTA e invoca as razões que invoca para decidir como decidiu na questão do referendo europeu é um Governo sem estratégia, sem rumo e sem convicções.
Aplausos do PSD.
Já o sabíamos! Quem governa por sondagens não pode governar por ideias, por princípios, por convicções! Governa, assim, pelo poder! Vive e morre apenas pela manutenção do poder, por si, sem procurar saber o que quer, para além da ostentação desse mesmo poder! E sem projecto, Srs. Deputados, fica a arrogância, vazia, sem conteúdo, pelos lugares e com uma única preocupação: a continuação no poder a qualquer preço! Um Governo que pretende distribuir o aumento extraordinário das pensões em «suaves prestações mensais» de 68 cêntimos — com o argumento de que se esse aumento fosse pago logo em Janeiro, os reformados gastavam tudo de uma só vez — é um Governo que perdeu a noção do ridículo.
Um Governo com um Ministro que se dá ao luxo de criticar as matérias que o PSD decidiu incluir e abordar nas suas jornadas parlamentares é um Governo que dá sinais de grande nervosismo, revelador de uma enorme tendência para o controlo de tudo o que é e tem a ver com a liberdade; dando ideia de uma grande, de uma já enorme intolerância!
Aplausos do PSD.
Parafraseando António Barreto, «Sócrates não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de informação a que chama de comunicação». «O Primeiro-Ministro…» — e continuo a citar — «… é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas, contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.» Ou seja, como diria o mesmo ex-ministro socialista, em Maio do ano passado, «o estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário. Crispado. Despótico. Irritado. Enervado. Detesta ser contrariado». Citei António Barreto.
E que graça têm as fases de reconstrução da imagem do Sr. Primeiro-Ministro para tentar disfarçar o indisfarçável! Como aquela em que se afirma — e voltemos ao objecto da presente moção de censura — que «o Primeiro-Ministro terá aproveitado a reunião informal do Conselho de Ministros, no domingo (dia 6 de Janeiro), para trocar as voltas e, desta forma, testar a capacidade da sua equipa para guardar segredos.» E, face às notícias vindas a público, nos dias seguintes ao do referido Conselho de Ministros Extraordinário, conclui o artigo: «Sócrates não pode confiar em ninguém»! Ou seja, Srs. Ministros, não se importam de destruir a imagem do Governo, de todos e de cada um de vós, para tentar salvar a imagem do chefe. Elucidativo! Como diria António Barreto — e faz bem à democracia citálo, por insuspeito, face à sua identificação partidária! — «Sócrates está convencido que pode vender o que