22 DE NOVEMBRO DE 2012
21
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — … porque propõe reduções orçamentais à custa da política de
coesão e da política agrícola comum, que são essenciais, deixando de fora desses cortes orçamentais
programas que têm um aumento significativo e que, de alguma forma, poderiam ser reavaliados.
Ao mesmo tempo, gostaríamos também de salientar que, a nosso ver, as regras de cofinanciamento e de
prefinanciamento de países sob assistência externa, como é o caso de Portugal, não podem ser impeditivas
ou limitativas de acesso a programas comunitários que vão ser aprovados.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, queria dizer-lhe também que esta
proposta do Presidente Van Rompuy não sublinha a necessidade de programas que consideramos essenciais
para o futuro, não só de Portugal, mas também da Europa; tem a ver com competitividade, com a
internacionalização da economia, com o crescimento, com a capacidade de competir com mercados cada vez
mais diversos e mais agressivos do ponto de vista da defesa dos seus interesses.
Deverá, portanto, haver programas específicos, quer ao nível da criação de emprego, da produtividade e
também de defesa do desenvolvimento rural e da agricultura.
Sr. Primeiro-Ministro, gostaria de aqui deixar estas cinco breves reflexões em nome do CDS, na certeza de
que o Governo português saberá ser firme na defesa dos interesses portugueses, construtivo nas soluções
para a União Europeia e conciliador na defesa do interesse que deve ser comum.
Como aqui bem disse, não é certamente com voz mais grossa ou menos grossa ou com manifestações que
se resolvem problemas, é com diálogo, um diálogo construtivo, um diálogo que se baseie num consenso. É
assim que a Europa tem sido construída, como um projeto de paz, certamente, como um projeto económico e
como um projeto político. Creio que, certamente, é isso que irá acontecer.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, acompanho as suas reflexões
e, a propósito da primeira que enunciou, relacionada com a crise de confiança, queria sublinhar que esse
aspeto é tão importante na Europa como em qualquer sociedade, nomeadamente em Portugal.
Se os países e as sociedades conseguirem ancorar as suas perspetivas de futuro em fatores de confiança
permanentes conseguem mais facilmente vencer os obstáculos, ultrapassar os obstáculos e motivar os seus
cidadãos para os resultados que vão alcançando.
A Europa tem tido uma crise de confiança, que começou no sistema financeiro, mas que alastrou
rapidamente à economia e à política.
Não tenho uma visão tão negativa quanto às vezes no debate público perpassa, em muitos comentadores
e analistas, sobre o que tem sido a resposta europeia a estes problemas. Não quero dizer isto para
contemporizar no sentido de achar que a resposta tem sido boa e ideal, mas não tem sido tão negativa quanto
se tem vindo a sublinhar.
É verdade que, ainda na década de 90, já com o relatório Delors, se antecipava que a criação de uma área
monetária comum única trazia dificuldades sobretudo antecipáveis pelos choques assimétricos a que as
diversas economias poderiam estar sujeitas e ao facto de os diferenciais de competitividade entre as diversas
economias poderem acelerar ou intensificar os problemas de divergência e não os fatores de convergência.
Poder-se-á, portanto, dizer que, ainda na década de 90, quando se construiu em cima de Maastricht a
moeda única e a União Económica e Monetária, havia já alguma visão de que existiam problemas que
emergiriam que seriam antecipáveis se tivéssemos tido uma maior coordenação das políticas económicas e se
tivéssemos previsto logo mecanismos corretores para esses desvios.