7 DE FEVEREIRO DE 2013
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O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — E, Sr. Ministro, é um erro tão grande quanto a evidência mostra que
a sua gestão, no último ano, aumentou em 10 pontos percentuais a dívida pública. Portanto, se não
tivéssemos as disposições europeias em vigor, estaríamos em incumprimento dessa disposição. Precisamos,
pois, de melhorar esta redação e não apertar ainda mais o garrote orçamental com esta lei.
Aplausos do PS.
E o mesmo se nota quanto à trajetória da despesa pública, Sr. Ministro. O mecanismo de sustentabilidade
do crescimento da despesa pública prevê, nos regulamentos europeus, a exceção da despesa com juros, com
subsídios de desemprego ou com a utilização de fundos europeus, ou até mesmo a contrapartida com receita
fiscal. Isso desaparece da sua proposta de lei. Ou seja, aquilo que é o efeito dos estabilizadores automáticos
ou aquilo que não está no controlo do Governo, que é a despesa com juros, desaparece da sua transposição
dos tratados e dos regulamentos europeus e torna maior o garrote orçamental nesta proposta de lei. É isso
que também queremos melhorar na especialidade, Sr. Ministro.
Ainda um último aspeto: a questão do artigo 17.º-A, Sr. Ministro. O artigo 17.º-A, se esta redação se
mantivesse (e queremos melhorá-la), daria um estatuto de soberania aos credores internacionais, o que é
inaceitável, porque soberano, Sr. Ministro — e essa soberania é inalienável — é apenas o povo português, à
luz da Constituição Portuguesa.
Aplausos do PS.
Teve de vir o Tribunal de Contas, e bem, recordar, no seu parecer sobre a sua proposta de lei, os artigos
9.º e 81.º da Constituição, que definem as tarefas fundamentais do Estado: a liberdade, a democracia, a
defesa, a consolidação do nosso Estado, o progresso, o bem-estar, a igualdade, não podem ser deixadas para
trás, como que secundarizadas…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — … ao que o senhor agora queria tornar prioritário, que era o
pagamento de juros aos credores internacionais.
O soberano é o povo e as regras e as prioridades fundamentais que estão na Constituição. É isso que
queremos defender e melhorar nesta proposta de lei. Estou seguro de que o poderemos fazer.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, queira terminar.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Sr. Ministro, transporemos a lei, incluiremos na nossa lei os mecanismos de rigor e sustentabilidade das
finanças que lhe estão inerentes. Mas, Sr. Ministro, temos de resolver os problemas que enfrentamos dando
prioridade e tendo um papel ativo na Europa na construção dos instrumentos decisivos para a recuperação
económica e social dos povos da Europa.
É nisso que queremos também o Governo português mais ativo, é nisso que o Partido Socialista reclama
também o seu papel na Europa, o papel que tem tido a partir daqui e que o Governo português, tantas vezes,
não tem tido, Sr. Ministro.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do CDS-PP. Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, obviamente, acompanhamos aqueles
que já disseram que hoje o que está em causa e em discussão é muito mais do que uma simples alteração à
lei de enquadramento orçamental, porquanto transpomos o chamado pacto orçamental, e não só no que
consagra a «regra de ouro», que basicamente, para quem me está a ouvir, tem a ver com a necessidade de