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I SÉRIE — NÚMERO 74

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É por isso que entendemos que este processo levanta muitas dúvidas, mas aponta-nos uma certeza: o

Governo tratou com os «pés» os Estaleiros Navais do Mondego.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O Governo não respeitou o património histórico daquela empresa, não respeitou

o legado importante da reparação e da construção naval daquele setor nem garantiu a salvaguarda dos postos

de trabalho.

Entendemos, por isso, que é fundamental ouvir — e esperamos ouvi-lo hoje aqui dos Deputados do PSD e

do CDS — que vão desencadear todos os mecanismos que têm ao seu dispor para salvaguardar os postos de

trabalho e para garantir o compromisso da viabilização desta empresa.

A Sr.ª Presidente: — Queira fazer o favor de terminar, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Termino já, Sr.ª Presidente.

Esta empresa é importante para a Figueira, para a região Centro, mas sobretudo para o País pela

importância do setor da reparação e da construção naval, que tem um papel fundamental no desenvolvimento

económico e social.

Da parte do PCP, é o que continuaremos a exigir.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, creio que conta bem a história

aventurosa dos Estaleiros Navais do Mondego nas mãos de sucessivos governos e de diferentes empresas

concessionárias.

Quanto ao que aconteceu agora, neste último processo de concessão, se um argumentista quisesse criar

uma história mais ou menos mirabolante do que é uma negociata mal conduzida por um Governo deslumbrado

com a ideia de concessão a privados de tudo o que eventualmente possa ser útil, estratégico e interessante na

economia portuguesa não conseguia escrever uma história mais atribulada.

Temos aqui uma empresa que entra no concurso quando ele já estava aberto — ela é criada um mês

depois de o concurso estar aberto — e que tem a participação de uma empresa na área da construção civil

que já tinha problemas financeiros conhecidos desde junho de 2011. Portanto, esta concessão é anunciada,

com pompa e circunstância, pelo Ministro Álvaro Santos Pereira e, agora, no exato momento em que nenhum

dos compromissos que foram assumidos no âmbito da concessão é executado pela empresa, é necessário

perguntar ao Governo: afinal, não exigiram garantias? Não fizeram a investigação? Quais foram os critérios

que estabeleceram neste concurso para a atribuição desta concessão? É que o problema que se põe é o da

viabilidade económica dos Estaleiros — a manutenção dos postos de trabalho e o alargamento destes, a

reabilitação da região Centro e a capacidade de projetar a economia nacional.

Era para esse fim que achávamos que devia existir um Ministro da Economia. Mas não! Afinal, é um

homem deslumbrado, que vai andando de notícia em notícia, de anúncio em anúncio, sem que nada aconteça

no momento seguinte.

É verdade que todo o Governo é remodelável — e, como bem sabe, o Bloco de Esquerda quer a demissão

deste Governo. Mas é incompreensível que, com as notícias que foram tornadas públicas hoje, com as

declarações (quase de caricatura) que foram feitas por estes notáveis empreendedores que ganharam a

concessão, não tenha havido até este momento qualquer esclarecimento por parte do Ministério da Economia.

É por isso que queremos hoje, no Plenário da Assembleia da República, que as bancadas da maioria, que

avançam sempre com a ideia de que o é privado é bom, possam explicar este tortuoso processo de arruinar os

Estaleiros Navais do Mondego.

Aplausos do BE.