I SÉRIE — NÚMERO 74
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É por isso que não consigo perceber como é que toda esta história aconteceu. Se já se sabia que esta
empresa, que apareceu depois de o concurso ser lançado, que vinha de empreendimentos na área da
construção civil, já tinha problemas financeiros, salários em atraso, obra que não continuava, como é que todo
este processo avançou e, há três meses, o Sr. Ministro fez o seu anúncio quinzenal, exatamente com este
modelo de concessão?
E, não contente com isso, o Governo convidou expressamente… Tenho comigo uma notícia que diz que a
empresa que ficou com a concessão dos Estaleiros Navais do Mondego foi o único grupo português convidado
pelo Governo para a reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Ou seja, não havia melhor
candidato do que este? Tinham de convidar exatamente este grupo!?
A estranheza é olhar, depois, para a resolução do Conselho de Ministros que estabelece quais são os
critérios para a reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, na qual se lê: «A respetiva
idoneidade, capacidade financeira, técnica e de execução e garantias eventualmente prestadas por quem vai
concorrer». Em suma, «não bate a bota com a perdigota»!
O grau de negligência que é tido neste processo é de tal maneira grave que, depois de tudo o que já
conhecemos do Ministro Álvaro Santos Pereira, devo dizer que é inexplicável como é que, hoje, no contexto de
tantas más notícias — temos uma boa, pequena mas razoável, que é a da demissão do Sr. Ministro Miguel
Relvas —, não temos mais nada a acompanhar!?
Esta demissão é urgente para a economia portuguesa. Não podemos ter gente tão negligente, tão
irresponsável à frente da economia do País!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Maurício
Marques.
O Sr. Maurício Marques (PSD): — Sr.ª Presidente, começo por saudar a Sr.ª Deputada Ana Drago pelo
tema que nos traz, até porque ele é de maior importância para nós.
Foi a preocupação que este Governo teve para com os trabalhadores que levou à decisão de aceitar uma
decisão que foi tomada no âmbito da autonomia que tem a Administração do Porto da Figueira da Foz. E
quero lembrar que, como já aqui foi dito, este problema só surgiu em 2011, porque a empresa Estaleiros
Navais do Mondego estava completamente falida.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Maurício Marques (PSD): — Lamento que as pessoas que agora vêm dizer que este Governo tomou
uma má decisão, quando tiveram toda a oportunidade de tomar melhores decisões, seja de 15 em 15 dias ou
com periodicidade diversa, não as tivessem tomado ao longo dos muitos anos em que estiveram no Governo e
com responsabilidades nessa matéria.
Vozes do PSD — Muito bem!
O Sr. Maurício Marques (PSD): — Também foi no âmbito da autonomia que reconhece à Administração
do Porto que o Governo entendeu como boa a decisão de adjudicar, de entregar a administração dos
Estaleiros a uma nova empresa, criada ou não para o efeito — até pode ter sido criada com um fim específico.
Mas, na altura, foi uma decisão aplaudida por todos, inclusivamente pelos próprios trabalhadores, e não vi (na
altura em que essa decisão foi tomada) qualquer objeção por parte dos partidos da oposição; antes pelo
contrário, a decisão foi aplaudida, porque garantia a viabilidade de uma empresa e dava alguma perspetiva de
futuro.
Vozes do PSD: — Muito bem!