I SÉRIE — NÚMERO 74
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O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Todos sabemos que
vivemos tempos difíceis. Sabemos bem que muitos cidadãos temem pelo seu futuro e pelo futuro dos seus
filhos.
Hoje, toda uma geração encontra-se hipotecada, onerada, vergada ao peso de uma dívida que não criou,
mas sabe que vai ter de pagar.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — Mas que não haja ilusões: esta que é a geração mais bem
preparada de sempre sabe muito bem como chegámos até aqui e sabe muito bem como e quem está a fazer
tudo para nos tirar daqui.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Dito isto, e porque sabemos que de diagnósticos está o País farto, exige-se a quem critica o dever de
apontar estratégicas e de concretizar medidas que possam ser por todos avaliadas pelo seu mérito e pela sua
exequibilidade.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Vamos falar do País e de uma realidade social alarmante que afeta
milhares de jovens e também, infelizmente, milhares de menos jovens. Refiro-me à venda e consumo das
denominadas «novas drogas». Trata-se de substâncias psicoativas que provocam dependências e distúrbios
mentais, tendo já levado a várias dezenas de hospitalizações e até a algumas mortes no nosso País.
Não somos, por princípio, proibicionistas nem castradores das liberdades individuais, mas entendemos
que, perante tão preocupante cenário, não pode o Estado excluir-se da sua responsabilidade e deve, antes,
agir com firmeza.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — O PSD desde há muito que tem alertado para o perigo destas
novas drogas, muitas delas vendidas em lojas situadas nas imediações de estabelecimentos de ensino e que
cativam os jovens mais incautos com uma publicidade agressiva e enganosa, em que saquetas contendo
fertilizantes de plantas são apresentadas com imagens apelativas de diabinhos sorridentes.
Trata-se de armadilhas que, prometendo novas experiências e ilusões, põem em causa a saúde física e
mental, podendo mesmo levar à morte dos seus consumidores.
É obrigação, portanto, deste Parlamento, é nosso dever e é nossa responsabilidade combater este flagelo,
cortando literalmente o mal pela raiz.
Por isso, apresentámos já nesta Sessão Legislativa um projeto de resolução recomendando ao Governo a
aprovação de normas para a proteção da saúde pública e medidas de combate ao consumo das denominadas
«novas drogas». Tudo na defesa dos jovens portugueses!
O referido projeto foi aprovado nesta Câmara com o consenso de todos os grupos parlamentares e foi
publicado no passado dia 28 de janeiro como Resolução da Assembleia da República n.º 5/2013.
Aí, Sr.as
e Srs. Deputados, recomendámos a criação de um procedimento de suspensão provisória da
comercialização de substâncias psicoativas, suspensão, essa, que deveria ser determinada por decisão
urgente das autoridades; aí defendemos a atribuição de caráter prioritário à realização de ações de
fiscalização sistemática às smartshops; aí alertámos, finalmente, para a necessidade de realização de
campanhas de sensibilização para os portugueses em geral dos riscos decorrentes do consumo destas novas
substâncias.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Cumpre reconhecer que, em tempo recorde, o Governo
correspondeu a este repto do Parlamento aprovando um diploma que visa dar resposta a este problema.
Logo que a referida iniciativa legislativa do Governo entre em vigor, será proibida toda e qualquer atividade,
continuada ou isolada, de produção, importação, exportação, publicidade, distribuição, detenção, venda ou
simples dispensa de novas substâncias psicoativas.
Serão ilegalizadas 160 novas substâncias psicoativas.