I SÉRIE — NÚMERO 74
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A Sr.ª Elza Pais (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Aliás, o Governo contra tudo e contra todos não ouviu quem está no
terreno, não quis saber da opinião dos técnicos do ex-IDT (Instituto da Droga e da Toxicodependência) e
implementa uma nova estratégia e organização de intervenção por parte do Estado na política de combate à
toxicodependência que em nada vai ao encontro daquilo que são as necessidades reais e no terreno. À
semelhança do que tem acontecido noutras áreas de intervenção, o desinvestimento público é uma área
também aqui marcante.
Sr. Deputado, quer em matéria das smartshops ou do consumo das ditas «drogas novas», quer em matéria
de toxicodependência ou alcoolismo, há que intervir na prevenção, questão central que não pode ser
descurada.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Gostava de ouvir o que o Sr. Deputado tem a dizer e que medidas
concretas pretende implementar em relação a esta matéria.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Mais? Não ouviu?!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — É também importante dizer que, num momento de tão grave situação
económica e social que vivemos no nosso País, quando aumenta o desemprego, quando se corta no subsídio
social de desemprego, quando se corta no rendimento social de inserção — e estamos a falar de uma
população já de si fragilizada, que está na primeira linha de despedimento e na primeira linha de entrar em
situações de exclusão e pobreza —, o que faz o Governo?
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
O Governo desinveste, acaba com importantes equipas de rua e com projetos que estavam no terreno para
ajudar estas pessoas, o que leva a que esteja já a assistir-se a um recrudescimento deste fenómeno no nosso
País.
Importava, isso sim, que houvesse alguém do PSD que viesse aqui falar do contexto em que vivemos e das
consequências das suas medidas no recrudescimento da toxicodependência em Portugal.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, uma vez que o Sr. Deputado Simão Ribeiro optou
por responder em conjunto a todas as questões, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Barreto.
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Simão Ribeiro, em boa hora nos trouxe, em
declaração política, esta questão das substâncias psicoativas, uma matéria de particular importância e que
não deve ser de modo algum negligenciável nem ignorável pelos agentes políticos.
Devo dizer que fui Deputado na Assembleia Legislativa da Madeira e esta matéria teve particular
incidência, aliás, tem-nos preocupado fortemente. Não foi por acaso que há 15 dias discutimos aqui uma
proposta da Assembleia Legislativa Regional da Madeira sobre esta matéria. E fizemo-lo não só porque é uma
matéria regional e também nacional mas, sobretudo, porque na Região Autónoma da Madeira o consumo
destas novas substâncias psicoativas teve uma preponderância e uma incidência invulgares. No ano passado,
registaram-se 210 casos e quatro mortes, o que alertou quer os agentes políticos quer as autoridades de
saúde no sentido de se fazer qualquer coisa para proibir o consumo destas novas substâncias.