5 DE ABRIL DE 2013
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Confesso, contudo, que me custa que uma matéria, que é séria, que põe empregos em risco, que põe a
economia da região e do País em risco, que merece uma avaliação serena e calma, seja discutida aqui com
chavões e com a politiquice — vou repetir — de urubu, que o Bloco de Esquerda tanto faz e que prejudica não
só a bancada do Bloco de Esquerda, que tem até Deputados bastante qualificados, como o interesse e a
matéria de facto.
Portanto, Sr.ª Deputada, a minha pergunta é esta: o que é que o Governo fez mal nesta matéria? É ou não
a empresa que falha? E o que é que a Sr.ª Deputada faria?
São estas as questões que coloco.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Hélder Amaral, obviamente, não quero colocar em
causa as competências ornitológicas do Sr. Deputado, que fará as considerações que entender.
Em todo o caso, devo dizer que, se tivesse as suas responsabilidades na Comissão de Economia e Obras
Públicas na Assembleia da República, hoje, ao consultar os jornais, teria telefonado a quem, eventualmente,
conheça (no âmbito do Governo) para saber exatamente como é que um processo tão preocupante, em
termos de negligência, de irresponsabilidade e de leviandade, pôde ter sido conduzido pelo atual Governo que
o senhor sustenta nesta Assembleia. É que, pelo que foi feito, de acordo com todos os dados que vêm hoje na
imprensa, não é possível manter o Sr. Ministro da Economia em funções.
Não é possível ao Governo dizer que vai avançar com um conjunto de privatizações e de concessões de
ativos estratégicos da nossa economia quando descobrirmos que, num processo recente de concessão a
privados dos Estaleiros Navais do Mondego, o Governo, pura e simplesmente, entregou essa mesma
concessão a uma empresa criada à última hora, na 25.ª hora do concurso, e que tinha dificuldades financeiras.
Portanto, o Sr. Deputado devia esclarecer aqui hoje como foi possível fazer esta concessão sem garantias
por parte do concessionário. Ou, se essas garantias existem, por que é que, depois do incumprimento das
normas contratuais, elas não foram acionadas? Só que o senhor não veio explicar nada disso, veio dizer que é
um problema da oposição. Mas não é!
O que não é normal, Sr. Deputado, é esta contradição de afirmações, isto é, termos um Ministro do
Governo que o senhor sustenta a anunciar um investimento de 18 milhões de euros e o dito investidor privado
(e não vamos dizer, à partida, que são todos uns malandros) a dizer que o Sr. Ministro se enganou, porque a
empresa fez um investimento de 18 000 € — 18 milhões de euros e 18 000 €?! Há aqui um problema de
contas que o Sr. Ministro da Economia tem de explicar, há qualquer coisa um bocadinho estranha, a não ser
que seja, como diria talvez aquele recente amigo do ex-Ministro Miguel Relvas: junta 18 amigos 10 meses a
vender pipocas e fica com a concessão dos Estaleiros Navais do Mondego!
É isto que é aceitável na economia portuguesa? Qualquer um, por 18 000 €, sem capacidade de
investimento e sem capacidade de assegurar postos de trabalho, ficará com a concessão dos Estaleiros? É
esta a forma de gerir a economia?
A sua responsabilidade e a sua seriedade, independentemente da espécie de pássaro que a sua bancada
seja, tem de levá-lo a dizer, nesta Assembleia, o mais rapidamente possível, qual é a solução, para além da
demissão do Sr. Ministro Álvaro Santos Pereira por esta negligência grosseira, para os Estaleiros Navais do
Mondego e qual é a política seguida em relação aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Caso contrário, a
vossa política é só uma: desmantelar a indústria naval o mais rapidamente possível, independentemente do
sangue e do desemprego que criem!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado
Cristóvão Simão Ribeiro, do PSD.