I SÉRIE — NÚMERO 74
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Hospitalar do Oeste não foram pautados por critérios clínicos nem tiveram como objetivo facilitar a
acessibilidade dos utentes à saúde ou melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados às populações.
O que moveu o Governo nesta pretensão, como noutras, foram critérios exclusivamente economicistas,
porque os números continuam, infelizmente, a mandar na nossa saúde e as consequências são mais do que
evidentes: diminuição dos serviços, dos meios e das valências e o enfraquecimento acentuado da capacidade
do serviço de saúde prestado às populações.
De facto, a criação do Centro Hospitalar do Oeste, que implicou a extinção do Centro Hospitalar de Torres
Vedras e do Centro Hospitalar do Oeste Norte, foi mais um elemento de perturbação no já sinuoso percurso
que a reorganização hospitalar do Oeste tem vindo a conhecer, uma reorganização que juntou as populações,
as comissões de utentes, as autarquias locais e os próprios profissionais dos respetivos serviços hospitalares
na sua mais firme contestação, uma contestação visível nas inúmeras ações promovidas tanto nas Caldas da
Rainha como em Peniche e em Torres Vedras mas também nas petições que fizeram chegar à Assembleia da
República.
Uma contestação que também foi visível nas várias moções aprovadas pelos vários órgãos autárquicos,
que chamam a atenção para as gravosas consequências que esta reorganização representa para as
populações no que diz respeito ao acesso aos cuidados de saúde.
Também o Conselho Distrital do Oeste da Ordem dos Médicos, que, aliás, nunca foi ouvido neste processo,
defende a manutenção de urgências médico-cirúrgicas nos hospitais de Caldas da Rainha e de Torres Vedras.
A nosso ver, a proposta de reestruturação hospitalar do Oeste não serve as populações nem vem facilitar o
acesso das pessoas aos cuidados de saúde. Pelo contrário, representa mais uma perda substancial no que diz
respeito ao acesso aos cuidados de saúde por parte das populações.
Neste sentido, naturalmente que Os Verdes consideram que se impõe, antes de mais, a suspensão da
reestruturação dos cuidados hospitalares do Oeste, mantendo-se tanto os serviços como as valências das
respetivas unidades; que se impõe a manutenção da urgência básica no hospital de Peniche, mas também
que o Hospital Termal das Caldas da Rainha continue integrado no Serviço Nacional de Saúde, e, por fim, que
o Governo analise a reorganização hospitalar do Oeste em conjunto, nomeadamente, com as comissões de
utentes, as autarquias locais e as organizações dos profissionais de saúde.
Vozes de Os Verdes e do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para concluir este debate, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel
Isaac.
O Sr. Manuel Isaac (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Como sabem, o Centro
Hospitalar do Oeste foi criado através da fusão do Centro Hospitalar do Oeste Norte com o Centro Hospitalar
de Torres Vedras.
Para a criação do Centro Hospitalar do Oeste, a ARS de Lisboa e Vale do Tejo elaborou uma análise
criteriosa da situação dos cuidados de saúde hospitalares na região Oeste, tendo em conta as dificuldades
sentidas pelas administrações dos hospitais na contratação de profissionais de saúde e a necessidade de
potenciar o recrutamento dos recursos disponíveis, humanos e financeiros,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É muito difícil contratar profissionais!
O Sr. Manuel Isaac (CDS-PP): — … de modo a responder com qualidade à procura de cuidados de saúde
das populações.
Sabemos que o grupo de trabalho criado pelo Ministério da Saúde está a estudar, com a ARS de Lisboa e
Vale do Tejo, a reorganização hospitalar do Oeste com todo o cuidado e atenção. Confiamos que qualquer
decisão que venha a ser tomada, sê-lo-á na base da melhor evidência científica.
Naturalmente, e como não podia deixar de ser, estão aqui tidos em conta os perfis existenciais de cada um
dos hospitais, os recursos humanos disponíveis e a população a ser abrangida por cada um deles.
Risos do Deputado do PS João Paulo Pedroso.