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I SÉRIE — NÚMERO 74

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hoje é consequência de uma política extraordinariamente errada, seguida ao longo de muito tempo, de

aumentar sistematicamente a despesa do Estado e de não fazer uma consolidação orçamental.

Aplausos do CDS-PP.

O que vivemos hoje é consequência disso mesmo. Portanto, se aquilo que queremos deixar aos nossos

filhos é diferente, convém mudarmos de políticas, e é isso que estamos a fazer.

Tal implica sacrifícios, Srs. Deputados? Com certeza que sim, implica muitos sacrifícios.

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Para os grupos económicos nunca há sacrifícios, só benesses!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Gostaria de perguntar aos Deputados do Partido Socialista — é uma

pergunta que me parece fazer bastante sentido —, que apresentam um diploma com uma versão mais

mitigada, para não dizer mesmo envergonhada (e não vou perguntar sobre a execução orçamental, porque já

todos percebemos o que pensam), porque é que propõem a taxa intermédia e não a taxa mínima, como fazem

os diplomas do PCP, do Bloco de Esquerda e de Os Verdes. Os Srs. Deputados, em abstrato, são a favor de

todas as medidas de redução da despesa, mas, de repente, em concreto, não me lembro de nenhuma em

relação à qual sejam, de facto, a favor. São sempre a favor em teoria, mas, depois, na prática, negam tudo.

Em teoria, podem ser a favor de alguns aumentos de impostos, mas, depois, na prática, são sempre contra

todos.

Peço, pois, aos Srs. Deputados do Partido Socialista, que negociaram o Memorando e que previram

receitas pela alteração da tabela de taxas do IVA da ordem das centenas de milhares de euros, já que nunca

foram capazes de referir um produto concreto que mudassem na tabela de taxas, que deem, pelo menos, um

exemplo de uma medida concreta, para não estarmos sempre a debater matérias em que o PS é sempre a

favor do Memorando em abstrato, sendo depois, em concreto, sempre contra. Ou seja, na teoria é sempre a

favor, mas, depois, na aplicação é sempre contra.

Aplausos do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma nova intervenção, a Sr.ª Deputada Ana Drago.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada: Creio que no Plenário da Assembleia há já um

relativo cansaço em relação à estratégia utilizada na argumentação da maioria.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

É apresentada pelas bancadas da maioria a ideia de que houve um Memorando assinado pelo Partido

Socialista — partido que foi julgado nas eleições de 2001 — relativamente ao qual os Srs. Deputados não têm

culpa alguma. Mas os senhores estiveram nessa negociação, e depois de assinado o Memorando fizeram uma

campanha eleitoral, em que, em torno desse Memorando, o CDS disse que ia exigir o visto familiar para cada

uma das medidas.

Ora, se no âmbito das empresas a questão do IVA na eletricidade não é assim tão importante, em relação

às famílias o aumento de IVA foi de 17%. Não foi de 2%, não foi de 3%, não foi de 5%, foi de 17%! E isto tem

um impacto imenso!

Mais do que isso, os senhores disseram que estariam contra um saco fiscal a atribuir às famílias e aos

contribuintes.

E o que é disse o Dr. Pedro Passos Coelho em campanha? Disse que os portugueses não aguentavam

mais impostos — e já havia Memorando de Entendimento!

Mas há uma segunda estratégia da parte da maioria, que é a de olhar para a esquerda e dizer que não há

nenhuma proposta política. Vou, pois, pedir ao Sr. Deputado Virgílio Macedo e à Sr.ª Deputada Cecília

Meireles que peguem numa caneta e num papel e escrevam cuidadosamente, para não termos de voltar a

falar disto: «Cortar na dívida e nos juros». Não ponham portugueses a viver à luz da vela, a pagar um IVA de