I SÉRIE — NÚMERO 77
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Uma outra hipótese é a de substituir a despesa. Os Srs. Deputados acham mal, mas estas bancadas
acharão bem. Estamos perante uma despesa de 1300 milhões de euros, o que significa que temos de
encontrar uma poupança compensatória de cerca de 5 milhões de euros/dia, nos cerca de 260 dias que faltam
para acabar o ano.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Terminarei, Sr.ª Presidente, com a sua tolerância.
Isto implica, como é óbvio fazer escolhas.
A terceira hipótese é aquela que coloca grande parte dos Deputados desta Casa, que é: «Não vamos
cobrar mais impostos, não vamos diminuir despesa. Portanto, o que é que vamos fazer? Vamos aumentar a
dívida e o défice». Não se sabe quem pagará esta dívida, não se sabe como, não se sabe quando. Sabemos
apenas que o vamos fazer.
Protestos do PCP.
Renegociar implica duas partes, portanto, implica que quem está do lado de lá e vai financiar esta dívida e
este défice esteja de acordo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas é preciso que quem está do lado de cá também o exija!
A Sr.ª Cecília Meireles (PCP): — Aquilo que os Srs. Deputados realmente querem não é uma
renegociação, aquilo que os Srs. Deputados querem é um ultimato de Portugal, em que se diga, pura e
simplesmente, «Nós não pagamos. Os senhores façam o favor de não receber e de continuarem a financiar
mais dívida que queremos fazer». Tenham a sinceridade de dizer isto!
Aplausos do CDS-PP.
Em todo o caso — e peço ao Sr. Secretário de Estado que o confirme —, creio que ainda vigora uma regra
segundo a qual quando se aumentam os tetos de despesa é preciso que esta Casa o aprove. Portanto,
mesmo que seja para aumentar os tetos de despesa sem nenhuma compensação, ainda assim será preciso a
aprovação desta Casa, pelo que a Administração Pública não pode fazer despesa que não tenha sido aqui
aprovada. Ora, esta ainda não foi aqui aprovada.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, peço-vos que não dilatem demasiado o tempo que o Regimento
concede.
Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Orçamento.
O Sr. Secretário de Estado do Orçamento: — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o Sr. Deputado
Pedro Filipe Soares fez uma insinuação sobre a ausência do Sr. Ministro das Finanças neste debate, dizendo
que, se calhar, não estaria presente por desrespeito à Câmara ou por qualquer outra razão. Ora, como o Sr.
Deputado sabe, é público que o Sr. Ministro das Finanças se encontra em Dublin a tratar de uma negociação
essencial para o País, relativa à extensão das maturidades, pelo que a insinuação que fez é totalmente
descabida.
Aproveito também para responder ao comentário lateral que foi feito nesta Câmara relativamente à Lei dos
Compromissos. No cumprimento desta lei, o despacho protege a despesa que está contratada e os contratos
realizados, portanto, protegem esses compromissos.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Então, para que é que serve o despacho?