I SÉRIE — NÚMERO 77
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A linha geral é esta. Os meus amigos têm a proposta de lei em cima da mesa e estarei perfeitamente
disponível para todas as perguntas que queiram fazer a propósito das linhas gerais e de orientação.
Todos sabemos qual é a motivação. Não estamos a legislar a reboque dos acontecimentos publicados nos
jornais, mas o que é facto é que, em relação a acontecimentos recentes quanto a esta matéria, houve alguma
insuficiência legal quanto ao que é necessário fazer, que é por cobro de imediato a alguns tipos de situações,
que, em alguns casos, são dramáticas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Paulo Rios de Oliveira.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª e Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: A proposta de lei reforça os requisitos de detenção e os regimes penal e contraordenacional
relativos aos animais perigosos ou potencialmente perigosos.
Nos tempos que correm, de grande constrangimento financeiro, há, no entanto, outros temas que colocam
em causa a segurança e tranquilidade dos cidadãos, sendo o caso deste tema trazido hoje a debate.
Independentemente do número de ocorrências ou da gravidade dos danos — e sabemos que houve casos
de grande gravidade —, a verdade é que o sentimento de insegurança é real e exige medidas mais eficazes e
urgentes.
Também por isso o Governo — e bem! —, depois de ouvir um conjunto alargado de entidades e
organismos, remeteu esta proposta ao Parlamento com um pedido de prioridade e urgência.
O que é que está em causa? Está em causa a salvaguarda da segurança dos cidadãos e dos próprios
animais e a promoção de condutas responsáveis por parte daqueles que têm o dever de vigilância sobre
animais perigosos ou potencialmente perigosos.
É que todos sabemos que muito mais perigoso do que um animal perigoso é um dono perigoso, seja por
negligência seja por falta de idoneidade para assumir tais responsabilidades!
Em linha com as boas práticas internacionais, este diploma pretende exatamente isso: formação sujeita a
aprovação dos detentores deste tipo de animais; maior rigor no treino dos próprios animais, que começará
mais cedo (entre os 6 e os 12 meses de idade); maior exigência para a obtenção da licença para detenção
destes animais e acrescido rigor na apreciação da idoneidade, nomeadamente o conteúdo do registo criminal
— há crimes que automaticamente inibem seja quer for de deter um animal perigoso.
A proposta prevê a obrigação de identificação e registo de todos os cães potencialmente perigosos e o
aumento da fiscalização e do combate a condutas ilícitas ligadas à criação, reprodução e detenção deste tipo
de animais.
Embora este diploma faça uma correta aposta na prevenção (e prevenir tem de ser antes!), a verdade é
que também reforça os mecanismos de repressão, nomeadamente as sanções contra os incumpridores, como
sejam: o aumento das coimas aplicáveis (quer mínimas, quer máximas) e o aumento para 10 anos da sanção
acessória de privação do direito de detenção deste tipo de animais.
Igualmente relevante é a criação um novo tipo legal de crime que vem responder ao clamor público e ao
elementar bom senso e prudência ao configurar penas de prisão ou multa para «quem, ainda que por
negligência, circular na via pública, em lugares públicos ou em partes comuns de prédios urbanos com animais
perigosos ou potencialmente perigosos não estando em condições de assegurar o seu dever de vigilância por
estar sob a influência de substâncias estupefacientes ou psicotrópicas ou outros produtos perturbadores da
aptidão física, mental ou psicológica.»
Francamente, quem não está em condições de se conduzir a si mesmo dificilmente estará em condições de
deter e conduzir um animal, especialmente se for perigoso.
Sr.as
e Srs. Deputados, estas medidas seguem as melhores práticas, são atuais e urgentes e
correspondem à resposta imediata, mas também para o futuro, do que pode ou deve ser a salutar relação
tripartida entre estes animais, os detentores e a sociedade envolvente.
Estamos convictos da bondade e da qualidade desta proposta e alimentamos naturais expetativas de
recolher o apoio dos demais grupos parlamentares, pois o PSD votará esta favoravelmente proposta, que,
aliás, louva.