30 DE MAIO DE 2013
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A Sr.ª Presidente: — Fica registado, Sr. Deputado, sabendo-se que as interpelações, aqui, são todas
objeto de um tratamento hábil por parte dos oradores.
Passamos, então, à segunda ronda. A próxima intervenção é do PSD.
Tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Soares.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros,
Sr.ª Secretária de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: Confesso que no início deste debate acreditava ainda que
fosse possível fazermos hoje, aqui, a discussão que o País, lá fora, espera que esta Câmara faça, a
verdadeira discussão sobre a reforma do Estado.
Achava eu que o Bloco de Esquerda vinha aqui, hoje, discutir propostas concretas para tornarmos o nosso
Estado mais sustentável.
Julgava eu que o Partido Comunista Português vinha aqui, hoje, acabar, de vez, com uma confusão que
parece querer fazer lavrar na cabeça dos portugueses, a de que reformar o Estado nada tem a ver com um
ataque às prestações sociais.
Pensava eu que, hoje, pela primeira vez, o Partido Socialista iria trazer propostas concretas para a reforma
do Estado. No entanto, o Partido Socialista veio aqui, hoje, «fazer um número» que julgo inacreditável. Veio
dizer-se disponível para discutir a reforma do Estado, mas hoje ainda estamos todos à espera que indiquem os
seus Deputados que constituem a comissão eventual que, nesta Câmara, foi proposta para fazer essa mesma
discussão.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Ficou hoje claro para todos os portugueses que o Governo e os
partidos da maioria querem encontrar soluções, querem encontrar propostas concretas para o futuro, para que
o País possa ser sustentável. É que a reforma do Estado não é o debate de uma geração, não é o debate da
minha geração, não é o debate da geração anterior, não é o debate das gerações que hão de vir, é o debate
de todas as gerações.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Mas qual reforma? Diga! Isto não é reforma nenhuma!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Que País queremos construir? Que País queremos deixar aos
nossos filhos? Que País queremos que garanta que aqueles que mais precisam, os idosos, os jovens e as
crianças, possam ter sempre a proteção do Estado social?
Essa é que é a discussão sobre a reforma do Estado. E é essa discussão que nem o Bloco de Esquerda,
nem o Partido Comunista Português, nem o Partido Socialista querem fazer.
Mas este é um debate que a todos deve convocar. Deve convocar, designadamente, os partidos do arco da
governação, a saber, o Partido Socialista.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Do arco da governação?!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Ouvi agora esta interpelação à Mesa do líder parlamentar do Partido
Socialista, pedindo para distribuir uma declaração absolutamente verdadeira do Ministro de Estado e dos
Negócios Estrangeiros, que diz que queremos reformar o Estado no estrito cumprimento da Constituição da
República Portuguesa.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Esta é verdadeira, não é como aquela que vocês distribuíam!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Diz o Deputado Carlos Zorrinho: entreguem essa declaração ao
Ministro das Finanças, porque ele é que negociou com a troica. Mas quem é que negociou o Memorando
original? Não foi o Partido Socialista que negociou o Memorando com a troica?!
Julgo que essa declaração deve ter um efeito boomerang e ser distribuída ao Partido Socialista.