I SÉRIE — NÚMERO 95
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Nesse plano, não quero aqui deixar de anunciar três questões que me parecem fundamentais para um
debate ordenado e produtivo.
Primeiro, uma despesa pública mais contida deve significar a possibilidade de uma carga fiscal mais
moderada.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Exatamente!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — É este, parece-me, o sentido útil, em primeiro
lugar, da reforma.
Terá de haver um momento em que a estabilização orçamental que vamos conseguindo permita uma
reversão da carga fiscal, que é, obviamente, uma dificuldade para o crescimento económico.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Se a recessão torna as coisas mais difíceis,
as próprias condicionantes da dívida aconselham a consensualizar, enquanto é tempo, o destino dos frutos do
crescimento para que, quando chegar um ciclo de crescimento, nos possamos entender sobre aquilo que pode
beneficiar a redução da nossa dívida e aquilo que pode beneficiar a redução da carga fiscal.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Saber quais são as prioridades da política
fiscal nessa área é uma discussão muito relevante e que, a meu ver, não deve ter faltas.
Em segundo lugar, administrações menos pesadas devem dar lugar a processos menos burocráticos. Não
é imaginável que uma administração com uma organização deficiente dos recursos humanos não possa
aproveitar a sua reestruturação inteligente para simplificar os processos, diminuir os procedimentos, rever os
sistemas e acelerar a capacidade de resposta que é dada ao público.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É absolutamente necessário que a reforma lance as bases de um programa integral e integrado de
simplificação virada prioritariamente para as empresas e para o investimento.
Reduzir o número de procedimentos, reduzir a quantidade de departamentos que têm de se pronunciar,
evitar a mais que frequente contradição de vontades entre administrações, obrigar a respostas obrigatórias,
tempestivas, por parte da administração à família, ao cidadão, à empresa e ao investidor é a melhor ajuda que
um Estado menos pesado pode dar a uma economia mais forte.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Em abono do consenso, chamem-lhe, se quiserem, Simplex 2 — isso a mim não me causa nenhum
problema!
Risos do PSD.
Em terceiro lugar, um Estado mais atento ao cidadão, às famílias e às empresas pode e deve utilizar
instrumentos de política em que mantém a tutela de uma função mas não é, necessariamente, o seu executor.
Esta possibilidade é aberta quando esse mesmo Estado guarda para si funções de financiamento e de
supervisão, que são categóricas, mas admite utilizar mais exaustivamente os instrumentos de políticas
públicas como a contratualização e a concessão.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!