I SÉRIE — NÚMERO 98
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Os senhores estão, neste momento, a fazer uma ronda de encontros e conversas com vários partidos. Nós
apreciamos esta vossa disponibilidade — apreciamos, sublinhamos e elogiamos. Parece-nos, no entanto, que
convinha acrescentar uma outra ronda que é fundamental, que é a ronda com o Governo. É que quem tem a
responsabilidade da política executiva neste País é o Governo. Por isso, era fundamental que os senhores,
Partido Socialista, se disponibilizassem a reunir também com o Governo, para apresentarem as vossas
soluções, fazerem as vossas propostas e encontrarem pontos de encontro para que as soluções encontradas
sejam soluções duradouras, soluções de estabilidade para as pessoas e não soluções fugazes — se é que
existem, e, no caso do Partido Socialista, lamentavelmente não existem.
Termino, Sr.ª Presidente, dizendo o seguinte: hoje, vivemos um tempo em que é preciso mostrar a
coragem. Hoje, não estamos no tempo dos pusilânimes, não estamos no tempo dos tíbios. Hoje, o País exige
que haja coragem, coragem até para resistir à apresentação de propostas fáceis, de propostas não
substanciadas, de propostas não devidamente convalidadas.
Nós exigimos que o Partido Socialista tenha a coragem de apresentar as suas propostas na sede certa
porque queremos que haja aqui um grande consenso, um grande compromisso das forças políticas e das
forças sociais em geral.
Pensamos que, desta maneira, com este caminho, encontraremos soluções de resgate deste País e de
melhoria das condições das pessoas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Adão Silva, inscreveu-se a Sr.ª
Deputada Ana Drago.
Entretanto, inscreveram-se, para intervenções, os Srs. Deputados Elza Pais, do PS, Artur Rêgo, do CDS-
PP, e Jorge Fão, do PS.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Adão Silva, o senhor tentou, de uma forma
relativamente habilidosa, carpir as mágoas de dois anos de Governo. Compreendo bem a sua dificuldade, pois
não há um único indicador a que se possa agarrar para dizer «aqui estão os resultados da nossa governação,
isto está a melhorar». Pelo contrário, Sr. Deputado, está tudo a piorar.
Todavia, numa intervenção tão longa como a sua, houve algo que não ficou dito, há um mistério. E gostava
que o Sr. Deputado me pudesse ajudar. O Sr. Deputado, por acaso, sabe onde anda o partido PSD que era o
grande amigo das PME, aquele que dizia que a aposta nas PME era determinante para a economia nacional e
para a sustentação do emprego? É que o Sr. Deputado falou, falou, disse que era preciso e que vão encontrar
soluções, mas, sobre as PME, o Sr. Deputado não foi capaz de nos avançar uma única medida política, o que
é curioso, porque o Sr. Ministro falou sobre a questão do financiamento às PME, e esse tem sido um debate
onde o Bloco de Esquerda tem estado presente.
Falemos sobre financiamento.
O Bloco de Esquerda apresentou aqui uma proposta para que os bancos que foram auxiliados por este
Governo com 5,4 milhões de euros direcionassem exatamente para as PME, para a exportação, para o setor
de produção industrial, 50% do auxílio que tiveram do Estado. O que fez o PSD e o CDS? Chumbaram esta
proposta.
Propusemos aqui que os 6400 milhões de euros que sobraram para a recapitalização da banca fossem
utilizados para o financiamento das PME. E o que fez o PSD e o CDS? Chumbaram esta proposta.
Propusemos aqui, sobre a questão dos spreads, que se estabelecesse uma taxa-travão, mais 20% do que
a média das taxas de juro da zona euro. E os senhores, PSD e CDS, chumbaram esta proposta.
Propusemos aqui o IVA de caixa para empresas com faturação até 2 milhões de euros. E o PSD e o CDS
chumbaram esta proposta.
Portanto, o Sr. Deputado fala-nos aqui de nada, de resultados absolutamente desastrosos na economia
nacional, e não tem uma única palavra para as PME.
Assim sendo, Sr. Deputado, este é o seu momento: diga qualquer coisa de construtivo!