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I SÉRIE — NÚMERO 1

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A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Carlos Zorrinho, do

PS, e António Filipe, do PCP.

Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado Carlos Zorrinho, informo que o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares

pretende responder individualmente a cada pedido de esclarecimento.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, o porta-voz do PSD, o

Dr. Marco António Costa, que é hoje o novo Pangloss da vida pública portuguesa, veio dizer que o Partido

Socialista anda a fazer um pouco o papel de profeta da desgraça.

Também já ouvimos aqui hoje o Pangloss-sombra do CDS, o Deputado João Pinho de Almeida, falar de

terror, dizendo que o Partido Socialista estaria a aterrorizar as pessoas.

Ora, nós não somos nem profetas da desgraça nem apregoamos o terror. Nós observamos com muita

preocupação a realidade. E os sinais que observamos na realidade são, verdadeiramente, sinais arrepiantes.

Se esses sinais aterrorizam é porque a governação é má!

A verdade é que o novo ciclo da governação se esfumou de um momento para o outro. Até a não descida

do IVA da restauração é o melhor exemplo de uma irracionalidade — essa medida já é apenas uma hipótese

em quatro nos novos estudos do Governo.

A ideia que dá, Sr.as

e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, é que o PSD e o CDS estiveram

no recreio. E no recreio cada um dizia aquilo que lhe vinha à cabeça, cada um dizia coisas diferentes, mas

agora chegou a troica e, uma vez chegada a troica, imediatamente colocaram-se em sentido.

Ora, é muito importante termos uma enorme seriedade na defesa do interesse nacional. E ter uma enorme

seriedade na defesa do interesse nacional é respeitarmos os credores, mas é exigirmos também que os

credores respeitem o Estado de direito e a nossa Constituição.

O pior que pode suceder — o Sr. Deputado disse-o e eu gostaria que se pronunciasse sobre esse tema —

é podermos ter, em Portugal, o nosso Governo aliado não aos poderes políticos da Europa mas aos

tecnocratas da Europa, contra o nosso Estado de direito e contra o interesse nacional.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, no início da resposta à

sua pergunta, permita-me que coloque em cima da mesa uma compreensão.

Compreendo que este seja um debate complicado para o PSD e para CDS-PP, por isso entendo que não

formulem qualquer pergunta. Correriam o risco, que é sempre chato em política, de falarem a duas vozes e

compreendo que não queiram acrescentar mais ruído àquele que já tem existido, não guardo qualquer mágoa

e cá estaremos para futuros debates; compreendo, também, que era difícil entrar neste debate face à

dificuldade das medidas que estão previstas para o País.

Sr. Deputado José Junqueiro, respondendo à sua pergunta, utilizando até a expressão que usou sobre a

relação com os credores, quero dizer-lhe que é necessário respeitar quem se dá ao respeito, mas quem não

se dá ao respeito também merece ter uma palavra crítica.

Enquanto representantes do povo português, enquanto eleitos pelo povo português, temos a obrigação de

zelar pela melhoria das suas condições de vida. Essa é a obrigação de todos nós, independentemente do

partido ou do grupo parlamentar a que estamos vinculados. E essa obrigação coloca-nos no patamar de

negociações internacionais com uma força imensa, porque não devemos mais aos especuladores que

andaram a brincar com a dívida pública portuguesa, que atacaram o País para especular, para ganhar dinheiro

à nossa custa, do que devemos aos nossos cidadãos, que trabalharam uma vida inteira e agora têm direito a

reformas de miséria.

Para nós, primeiro está quem trabalhou uma vida inteira, primeiro está o respeito por aqueles que se deram

ao respeito e que construíram este País. Aqueles que não se deram ao respeito, que especularam, que

atacaram o País, que só estão contentes quando tudo vai mal e só querem que tudo fique ainda pior, só