I SÉRIE — NÚMERO 10
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É que essa especulação vem dos partidos da oposição com a maior das irresponsabilidades.
Diz o Bloco de Esquerda que não há crescimento com austeridade. Então, o que dizer do 2.º trimestre
deste ano, em que Portugal cresceu acima de 1%, e deste último trimestre, em que Portugal cresceu acima de
0,5%?
O PCP diz que não há corte na maior das despesas do Estado, que são os juros. Pois fiquem os Srs.
Deputados e as pessoas a saber o seguinte: os juros contam, em 2013, 8,8% e, em 2014, 9,3% da despesa;
os salários contam, em 2013, 21,6% e, em 2014, 20% da despesa; as pensões contam, em 2013, 47,3% e, em
2014, 48,7% da despesa.
Nós também defendemos redução dos juros e este Governo reduziu os juros em relação àqueles que
tinham sido negociados pelo Partido Socialista. Mas dizer que é possível reduzir a despesa e fazer
consolidação orçamental numa parte da despesa que são menos de 10% contra outra que são quase 70%, é
demagogia e é mentir aos portugueses, é enganar os portugueses, dizendo que é possível fazer uma coisa
que, na prática, não é.
Aplausos do CDS-PP.
Mas mais irresponsável foi o comportamento do Partido Socialista nos últimos tempos. O Partido Socialista
fez o discurso mais demagógico sobre as pensões de sobrevivência, alarmando os portugueses, dizendo que
os cortes se aplicavam a órfãos, dizendo que se aplicavam aos rendimentos mais baixos, dizendo que
tecnicamente a medida era inconcebível porque aplicava uma condição de recursos a pensões contributivas.
Vou ler um documento oficial, intitulado Revisão do regime da pensão de sobrevivência, que diz o seguinte:
«A pensão de sobrevivência foi inicialmente configurada tendo em conta um contexto social em que apenas
um dos cônjuges contribuía economicamente para a economia familiar. Hoje em dia, o paradigma da
microestrutura económica familiar inverteu-se, sendo raras as situações em que apenas um dos cônjuges
exerce atividade profissional remunerada. Com efeito, Portugal é um dos países da União Europeia onde se
verifica a maior taxa de participação feminina no mercado de trabalho. Assim, propõe o Governo as seguintes
alterações ao regime jurídico das prestações por morte: introdução do princípio da diferenciação positiva e
condição de recursos…» — refiro bem, condição de recursos — «… das prestações a atribuir a cônjuges
sobrevivos».
O Sr. António Gameiro (PS): — Para o futuro!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Naturalmente que este deveria ser um texto da autoria deste
Governo. Acontece que não é, Srs. Deputados. Este texto constava das Medidas de reforma da segurança
social, era oriundo do Ministério do Trabalho e Segurança Social, e datava de junho de 2006, ou seja, se é
uma irresponsabilidade técnica introduzir condição de recursos numa pensão contributiva, então, os
governantes do Partido Socialista eram irresponsáveis do ponto de vista técnico e propunham uma coisa que
era inconcebível.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. António Gameiro (PS): — Era para o futuro!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Se, do ponto de vista social, não é aceitável que se cortem
pensões de sobrevivência, então, o Partido Socialista, em 2006, sem plano de assistência, sem a situação de
crise internacional, e antes ainda da crise internacional, era muito mais irresponsável, porque propunha isto.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Para o futuro!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas a irresponsabilidade maior, Srs. Deputados, é fazer
debate político sem seriedade. A irresponsabilidade maior é ter, no passado, sem programa de assistência,
proposto na concertação social o corte nas pensões de sobrevivência e a aplicação da condição de recursos