I SÉRIE — NÚMERO 10
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sobrevivência a partir de 2000 €, de forma progressiva, e os senhores cortaram no abono de família a partir de
600 € para todos!
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Não é a mesma coisa!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Quer comparar a sensibilidade social de uns e de outros, Sr.
Deputada?!
Confesso que esperava que fosse o Sr. Deputado Pedro Marques a fazer-me um pedido de esclarecimento
e que até negasse aquilo que eu apresentei quanto ao documento do Ministério do Trabalho e Solidariedade
sobre medidas da reforma da segurança social de junho de 2006.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Não era retroativo!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não se trata de ser retroativo ou não, Srs. Deputado, mas de
apresentar a condição de recursos.
Os senhores encheram a boca durante a última semana a dizer que era impossível aplicar condição de
recursos a uma pensão contributiva! Ora, consta do documento que referi a condição de recursos para uma
pensão contributiva, Srs. Deputados! Onde é que está a seriedade e a coerência?
Sr.ª Deputada, sei porque é que não foi o Sr. Deputado Pedro Marques a fazer a pergunta. É que tenho a
ata da reunião da concertação social onde o Sr. Deputado Pedro Marques apresentou aos parceiros sociais a
proposta de ser aplicada às pensões de sobrevivência a condição de recursos.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Para o futuro!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O Sr. Deputado nunca disse se era para o passado ou se era
para o futuro. O Sr. Deputado disse que não se podia aplicar a condição de recursos a uma pensão
contributiva e, afinal, propôs em sede de concertação social a aplicação da condição de recursos a uma
pensão contributiva!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos passar agora à declaração política do Grupo Parlamentar do
PCP.
Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Passados dois anos de Governo, o serviço
público de rádio e televisão (RTP) e o serviço noticioso e informativo de interesse público (Lusa-Agência de
Notícias de Portugal) estão cada vez mais enfraquecidos devido às indefinições sobre o modelo de serviço
público pretendido, ao estrangulamento financeiro, ao desmantelamento das delegações e dos centros
regionais e à precarização dos vínculos dos trabalhadores da RTP e da Lusa.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, façamos o exercício da evocação dos principais acontecimentos ocorridos
nestes dois anos que incidiram sobre a RTP e a Lusa.
No decurso destes dois anos, foram vários os modelos e as conceções que saíam do estudo que cada
ministro encomendava sobre a RTP. Mas, no fundamental, todas as conclusões vão no sentido de
desmantelar e de destruir o serviço público plural, independente, que proceda à divulgação da cultura e da
língua portuguesas, que salvaguarde e garanta a coesão e a soberania nacional.
Primeiro, foi defendida e apresentada ao País como inevitável a privatização da RTP, depois a concessão
de um dos canais, mantendo-se o outro na esfera pública. A cada novo modelo apresentado os Deputados do
PSD apressavam-se a elogiar e a afirmar que «agora, sim, vamos resolver os problemas da RTP!».
Afastada por agora a privatização, o desmantelamento da RTP prossegue através do plano de
desenvolvimento e redimensionamento apresentado pelo Conselho de Administração e sufragado, mais uma
vez, pelo Governo e pelo PSD.