17 DE OUTUBRO DE 2013
41
Sempre fomos claros, transparentes e afirmativos na defesa de um serviço público de televisão e de rádio
prestado por um prestador público, mas também temos o realismo e a clareza de visão para saber que só
podemos defender esse serviço público de rádio e de televisão se ele for sustentável pelos portugueses, se
ele for identificado com os portugueses e se os portugueses o sentirem como seu, como parte da sua cultura e
da sua vida e não como um peso ou um fardo que têm de carregar.
Este clima que a oposição cria permanentemente de desestabilização da empresa, de desestabilização do
estado de espírito dos seus trabalhadores, de separação entre aquilo que é o interesse da empresa e o
interesse dos trabalhadores, no nosso entender, na nossa maneira de ver as coisas, não ajuda nem a
empresa, nem os trabalhadores, nem os portugueses, que querem ver a RTP com saúde.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Nesse sentido, Sr.ª Deputada, de forma muito clara, e sem mais
tergiversações acerca desta matéria, os senhores dizem defender —, e acho bem que o digam, porque ainda
na semana passada o Bloco de Esquerda se furtou a responder a esta minha pergunta — a indemnização
compensatória. A para que, lá em casa, os portugueses saibam, a indemnização compensatória sai do
Orçamento do Estado. Assim, deixo-lhe duas perguntas, a primeira das quais relativa a esta matéria.
Sr.ª Deputada, a indemnização compensatória é paga com dinheiro dos impostos dos portugueses. Como é
que a Sr.ª Deputada e o Partido Comunista Português querem pagar a indemnização compensatória,
aumentando o défice ou subindo os impostos dos portugueses? É que não há outra via. Explique-nos, Sr.ª
Deputada, ou, então, diga onde é que cortam para poderem dar a indemnização compensatória à RTP, que
nós não defendemos.
Uma última pergunta, relativa à agência Lusa, Sr.ª Deputada. A agência Lusa está num ponto em que
presta um serviço único ao País, é um ativo estratégico do País. E, pelo que foi dito da agência Lusa, hoje,
aqui, neste debate, pergunto-lhe, Sr.ª Deputada: acredita ou não nos trabalhadores e na qualidade dos
trabalhadores da agência Lusa? Presta, ou não, a agência Lusa um serviço de referência para Portugal e para
todas as comunidades portuguesas no mundo?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Raúl de Almeida, agradeço a sua questão e
respondo-lhe muito claramente: corte o Governo nas PPP, corte o Governo nos juros da dívida e, certamente,
teremos o dinheiro necessário e suficiente para pagar o serviço público de rádio e televisão portuguesa. É por
isto que o Governo tem de optar, Sr. Deputado Raúl de Almeida, mas o Governo já optou há muito tempo:
privilegia os grandes grupos económicos, privilegia a banca, privilegia o sistema financeiro, em detrimento dos
serviços públicos, sejam eles quais forem.
Sr. Deputado Raúl de Almeida, a opção deste Governo é a de destruir os serviços públicos, sejam os de
rádio, os de televisão ou os da agência noticiosa. Basta que o serviço público custe 1 € para este Governo o
desmantelar e destruir.
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Não diga disparates!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Portanto, Sr. Deputado Raúl de Almeida, para nós, está claro: há opções, o
Governo fez a sua opção; para nós, corte-se nas PPP, corte-se nos juros e teremos o dinheiro necessário e
suficiente para pagar todo o serviço público, e serviço público de qualidade. Mais, Sr. Deputado Raúl de
Almeida: teremos dinheiro para manter os trabalhadores que lá estão e recrutar os necessários e suficientes. É
que, como o Sr. Deputado sabe, há setores no serviço público de rádio e televisão que estão deficitários. É
necessário dotar o serviço de rádio e televisão de equipamentos modernizados, porque, assim, poderão fazer
boas produções e bons produtos.