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I SÉRIE — NÚMERO 14

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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ou seja, estamos a tratar de um seguro de vida para o negócio que os

senhores estão a preparar. Ou seja, quando nos diz que pode haver, em 2020, outros operadores que queiram

apresentar propostas, o problema que se coloca é em que estado estará o País e a rede postal nesse dia em

que alguém apareça, como apareceram em vários países que avançaram já com a liberalização e que agora

estão a recuar e a tomar medidas. Veja o caso da Argentina, esse belíssimo exemplo da globalização e dos

novos tempos que o mundo atravessa, em relação à liberalização que hoje está a ser desfeita pelo caos que o

serviço postal naquele país registou. Mas também podemos ver o que se tem passado na Holanda, no Reino

Unido e noutros casos.

Quanto ao belíssimo exemplo que o Sr. Secretário de Estado aqui nos trouxe do setor das

telecomunicações relacionado com esta questão do serviço público e das dinâmicas de mercado, queria aqui

lembrar que, no dia 30 de julho deste ano (portanto, já passou o prazo da resposta), colocámos uma pergunta

escrita ao Governo sobre o contrato para o serviço universal de comunicações da rede fixa. E numa altura em

que o País ficava a saber do extraordinário negócio da fusão entre a Optimus e a Zon, o Governo anunciava

que, no concurso para a rede fixa, atribuiu à Optimus o Norte e o Centro do País e à Zon a Região Sul e Ilhas.

Ou seja, a Optimus e a Zon juntam-se e os senhores invocam a concorrência, fazem um concurso e dizem: os

concorrentes aqui estão, é a Zon e a Optimus, é metade do País para cada uma. E, depois, como se juntaram,

fica uma só. É esta a dinâmica de mercado que os senhores querem? É esta a concorrência que os senhores

invocam? Numa altura em que a PT, que já foi pública, agora privatizada, anuncia a sua integração num tal

gigante global de telecomunicações e prepara a saída da sua sede para outro país? É esta a dinâmica de

mercado que os senhores querem para o desenvolvimento da nossa economia, para a coesão territorial, para

a própria soberania do País? É esta a perspetiva estratégica que os senhores colocam para o nosso futuro?

O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Aquilo que os senhores estão a fazer, Srs. Deputados e Srs. Membros do

Governo, na verdade é aquilo que se faz nos matadouros e nos talhos: é esfolar, cortar e desossar os correios

e entregar o bife do lombo a alguém que apareça com a melhor oferta, que nem tem de ser grande coisa.

Aquilo que se está a fazer com o Instituto de Obras Sociais (IOS), com o serviço complementar de saúde

dos trabalhadores dos correios, com a rede postal e até com o financiamento do serviço universal é a preparar

uma extraordinária oferta, uma oferta irrecusável para os apetites dos grupos económicos que se perfilam para

a festa da privatização que os senhores anunciam para dezembro.

Continuaremos a lutar contra essa estratégia porque ela é uma parte gravíssima desta política de

destruição do País que este Governo está a levar a cabo e que, por isso, tem de ser derrotado!

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo

Cavaleiro.

O Sr. Paulo Cavaleiro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, Sr.as

e Srs. Deputados: O

assunto dos CTT é um dos casos em que, perante estes novos tempos, como é natural, se exigem novas

soluções.

Queria fazer uma referência à proposta do Bloco de Esquerda. Já podiam inovar um pouco e, além de

elencarem as preocupações, podiam dizer bem de alguma coisa ou também referir aquilo que, se calhar, é

preciso rever. Mas essa é uma inovação que nunca vemos.

O Bloco de Esquerda está, normalmente, sempre do lado do problema e não da solução. Tem pouca

abertura para novas soluções, como é natural. Mas é o que temos! A verdade é que, felizmente, são cada vez

menos, pois o povo português tem vindo a julgar a vossa forma de estar.

Todos sabemos que este setor evoluiu muito nos últimos anos e carece, e bem, de alguma racionalização.

A atividade dos correios atravessa há uma década uma grande transformação com o crescimento da

digitalização e da Internet; cada vez há mais comércio eletrónico, enviam-se mais e-mails e menos cartas. A

evolução tecnológica é uma evidência. Mas o que os portugueses querem verdadeiramente é a garantia do