25 DE OUTUBRO DE 2013
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Reconhecemos — aliás, esta maioria sempre o reconheceu — a importância histórica de uma empresa
centenária na construção da coesão territorial no que tem a ver com os serviços postais e na universalidade do
serviço. Porém, há, naturalmente, uma diferença entre estas bancadas e outras deste Plenário.
Para nós, o serviço postal pode e deve ser feito, o serviço público pode e deve ser feito, mesmo com
empresas que tenham uma participação privada no capital.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Por isso, não temos uma visão dogmática sobre esta matéria, porque as
garantias de serviço público podem sempre ser feitas.
Mas há uma verdade incontornável e penso que o Bloco de Esquerda e outros partidos reconhecerão: o
mundo, hoje, é diferente do de algumas décadas atrás. Estamos num mundo globalizado, altamente
concorrencial e competitivo. Por isso, as empresas, nomeadamente esta, têm de ter mecanismos de
autofinanciamento mais facilmente conseguidos em Bolsa ou através de outras formas.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
Por isso, não é possível que o Estado continue a financiar empresas que possam ter uma dimensão global,
que possam concorrer a serviços postais em outros países…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Deixe lá os outros países! Deixe os serviços cá, que tanta falta fazem!
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — … que possam ser mais facilmente alcançados através do mercado
postal.
O que o Estado deve assumir — e é isso que é importante garantir — é o seu papel regulador e a garantia
de livre concorrência, como, aliás, é o caso. O que o Estado deve garantir é o princípio da universalidade do
serviço. O que o Estado deve garantir é a confidencialidade do serviço postal. O que o Estado deve garantir é
que o regulador, a ANACOM, assuma poderes reforçados e exerça um papel de forma mais assertiva e atenta
ao mercado.
Aliás, o mercado postal de encomendas está hoje liberalizado. Existem já no mercado diversos players — a
FedEx, a Chronopost ou a DHL — e o mercado não deixa de funcionar bem com essa fórmula.
Percebo que haja alguma preocupação no que tem a ver com o quadro e com os trabalhadores desta
empresa. Mas não pode ser despicienda a ideia de racionalidade e de termos uma visão também ela histórica
daquilo que tem sido a evolução do serviço postal. Hoje, as empresas e os particulares não utilizam o serviço
postal da forma clássica e tradicional que utilizavam. Vivemos no mundo da informática, das novas tecnologias
e, por isso, hoje, as empresas utilizam mecanismos de informação, em tempo útil, que têm levado à redução
do serviço postal.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E os correios também!
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Isso é reconhecido por todos.
Portanto, é também de bom senso perceber que, ao longo do tempo, as receitas desta empresa têm sido
reduzidas. Por isso é que a base e o portefólio de serviços dos CTT têm sido aumentados, para que a
empresa possa compensar aquilo que é o seu core business, aquilo que era o seu negócio tradicional. É
preciso também reconhecer isso.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Que grande confusão que aí vai!
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Por isso, não é possível, como vem aqui refletido no projeto de resolução
do Bloco de Esquerda, que o Estado dê à empresa todas os meios necessários para satisfazer as suas
necessidades. O Estado deve assegurar um serviço postal em todo o território, um serviço público universal,
mesmo que a empresa detenha alguns capitais privados.