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I SÉRIE — NÚMERO 14

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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Campos para pedir

esclarecimentos.

O Sr. Paulo Campos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, a forma como a presente proposta

de lei chegou a esta Assembleia e a sua essência dizem tudo sobre este Governo — sobre a ultrapassagem

de prazos, sobre a necessidade de legislar bem, mas, sobretudo, sobre os interesses que estão por detrás

deste diploma.

Esta proposta vem hoje à Assembleia porque está em curso um processo de privatização. E vem hoje a

esta Assembleia porque, no passado, quando se aprovou a lei sobre os serviços postais e quando se tratava

de defender os CTT públicos, o Governo e a maioria recusaram a abrangência de todos os prestadores

poderem fazer parte e financiarem o serviço universal. Agora que os CTT passam a ser privados, então,

apresentam uma proposta para que o pagamento do fundo de compensação do serviço universal passe a ser

feita não por todos os prestadores, é verdade, porque os de maior dimensão, os do serviço expresso, ficam

ainda fora deste âmbito, mas, sim, por uma grande maioria que estavam de fora no passado.

Isto é, quando os CTT eram públicos esta maioria defendia que o serviço universal fosse unicamente pago

pelos CTT; agora que os CTT passam a ser privados quem vai financiar o serviço universal são também

alguns privados. Isto para quê? Para favorecer quem vier a adquirir os CTT, que hoje são públicos mas que

passarão a ser privados no futuro. Esta é a essência desta proposta de lei.

Desta forma, pergunto-lhe, Sr. Secretário de Estado: o que é que aconteceu entre a aprovação da lei

proposta pelo seu Governo e, depois, o chumbo que a maioria fez às propostas que o Partido Comunista e o

Partido Socialista apresentaram para que houvesse maior abrangência no financiamento do serviço universal

e a proposta que o senhor hoje traz a debate? O que é que aconteceu? Foi apenas o processo de

privatização?

Em segundo lugar, Sr. Secretário de Estado, no que respeita ao processo de privatização, e até porque

estamos a discutir também um projeto de resolução do Bloco de Esquerda, por que é que o Governo optou

não por um concurso público mas, sim, por uma negociação particular e um ajuste direto? Sim, porque essas

são as regras que constam do diploma que aprova a privatização dos CTT, que, depois, diz que há duas

formas possíveis: ou a oferta pública de venda ou com parceiros qualificados que o queiram. Ainda estamos

para saber qual é a opção em definitivo, mas a solução que está em causa é um ajuste direto, uma

negociação particular, se não for para 100% da privatização é, pelo menos, para 30%, que neste momento se

reservam para essa área.

Com a opção pela negociação particular e o ajuste direto, ou seja, escolhendo a negociação particular, sem

transparência e não havendo um concurso público, por que é que este Governo optou por não nomear a

comissão de acompanhamento, tal como está previsto na lei?

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Paulo Campos (PS): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.

Será porque, no passado, as comissões de acompanhamento elaboraram relatórios que impediram,

nomeadamente, que a transação ou a alienação da TAP fosse concretizada e, portanto, agora é melhor que

não haja uma comissão de acompanhamento deste processo de privatização? Por que é que, até agora, a

cláusula de salvaguarda aprovada neste Hemiciclo na lei das privatizações — e o Governo tinha um prazo de

60 ou 90 dias para regulamentar e já lá vão anos! — ainda não foi regulamentada? Porquê?

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, mais do que duplicou o tempo de que dispunha.

O Sr. Paulo Campos (PS): — São estas as perguntas que lhe deixo, Sr. Secretário de Estado.

Aplausos do PS.