I SÉRIE — NÚMERO 14
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Gostaria também de dizer que este é um processo de privatização que está e foi inscrito no Memorando
assinado em junho de 2011. Portanto, é um processo que terá de ser — e será, com certeza — concluído.
Devo dizer que há um conjunto de preocupações que, num processo desta natureza — o qual leva, com
certeza, ao encerramento, como tem havido, de estações, postos e centros de distribuição e à substituição por
outros prestadores no mercado —, criam alguns transtornos.
Mas devo dizer que, sobre essa matéria, esta bancada em particular, mas também a da maioria, tem
reportado sempre, sempre ao Governo essas preocupações das populações.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vai daí?… Qual foi o resultado?
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — É que nós queremos que sejam garantidos o serviço de universalidade e o
serviço público às populações onde estão os CTT, e a verdade é que esses serviços têm sido substituídos, e
sê-lo-ão progressivamente no futuro.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não é verdade!
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Em relação à proposta de lei, devo dizer que a mesma visa alterações
pontuais que aqui foram faladas e relacionadas com o regime de comparticipação do fundo de compensação,
destinado a financiar o serviço universal e as regras de acesso a determinados elementos das redes postais,
para a salvaguarda de um serviço de prestação universal.
Quem vai contribuir para esse fundo de compensação serão os prestadores de serviço, que são
permutáveis com os serviços integrados de serviço universal e, portanto, definidos pela autoridade reguladora
nacional, no caso a ANACOM, o que permitirá um aumento do papel regulador da ANACOM, e este fundo será
financiado pelos prestadores privados e não pelos contribuintes.
Contudo, acho que seria de bom-tom que talvez o Sr. Secretário de Estado nos esclarecesse de que forma
é que funcionará este fundo de compensação e que nos garantisse que o mesmo será assegurado pelos
prestadores privados e não pelos contribuintes portugueses.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Campos.
O Sr. Paulo Campos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: Este
debate é muito claro sobre os verdadeiros interesses da proposta do Governo relativamente a esta matéria. E,
insisto, o interesse é apenas um: a defesa do interesse do comprador dos CTT.
Este Governo e esta maioria chumbaram a proposta que hoje trazem a esta Assembleia, em sede de
especialidade, aquando da discussão da lei sobre os serviços postais, porque nessa altura os CTT eram
públicos e, portanto, quem devia financiar o serviço universal eram exclusivamente os próprios CTT.
Nós estamos de acordo que haja mais pessoas a financiar o serviço universal e por isso é que o
propusemos no passado, pelo que votaremos a favor desta proposta, mas importa perceber a razão porque
esta proposta é apresentada agora e não quando foi apresentada a lei proposta por este Governo ou quando a
maioria chumbou as propostas que a oposição apresentou. É que não foi apenas o Partido Socialista que fez
propostas neste sentido, em sede de discussão, na especialidade, desta lei.
Esta era a primeira matéria que tinha de ficar aqui muito bem clarificada, porque isto diz tudo sobre a forma
de governar desta maioria: é em favor dos interesses e da especulação associados a estes negócios nas
privatizações, com negócios particulares, com ajustes diretos, sem comissões de acompanhamento, sem a
cláusula de salvaguarda ser devidamente transposta para a lei.
Mas passemos também à questão dos CTT. Sobre a privatização, o Partido Socialista é e sempre foi a
favor de que poderia ocorrer uma operação de privatização nos correios, mas nunca assumiu que seria
maioritária e, portanto, nós sempre defendemos uma operação minoritária, o que faz toda a diferença neste
contexto. Até porque não se percebe quais são os objetivos, pois, do ponto de vista da eficiência, Sr.
Deputado Rui Barreto, os CTT de Portugal são dos correios mais eficientes, a nível europeu, em todos os