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5 DE DEZEMBRO DE 2013

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A experiência destes países tem de constituir lição e ensinamento para Portugal e não podemos aceitar

que estas decisões desastrosas sejam aplicadas num verdadeiro roubo, num escândalo nacional, que está a

ser levado a cabo por este Governo!

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana

Mortágua.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, antes de mais, quero cumprimentar o Sr. Deputado

Bruno Dias por trazer aqui o tema da privatização dos CTT, assunto que, por mais que se discuta — e já

muitas vezes foi discutido nesta Casa —, não ganha sentido. Continuamos a não perceber o sentido de vender

uma empresa que é viável, continuamos a não perceber o sentido de vender uma empresa que, numa dezena

de anos, dará lucros que mais do que compensam o seu valor de venda hoje! Portanto, esta é uma operação

«curtoprazista» que só tem em conta os milhões, os trocos que vamos receber hoje…

Vozes do PSD: — Trocos?!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — … e que põe em causa a sustentabilidade das finanças públicas no

longo prazo e a sustentabilidade de um serviço que é universal e que deve ser, também ele, público.

Continuamos sem perceber o sentido de vender uma instituição que presta um serviço público, um serviço

que é essencial ao País, uma instituição que tem cinco centenas de anos e que, em muitos locais deste País,

é o único contacto das populações com o Estado central e isto, Srs. Deputados, não tem preço, nem mais alto

nem mais baixo. Não se pode pôr um preço num serviço público.

Continuamos sem perceber o sentido de entregar o capital desta empresa, com esta importância que tem

para o País, aos mercados financeiros. Continuamos sem perceber o sentido de entregar o capital desta

empresa à especulação em bolsa, aos grandes investidores que não têm rosto, que não têm morada e que

não têm qualquer responsabilidade perante o País nem perante os seus habitantes.

Tal como aconteceu no caso da EDP Renováveis e de outras empresas cotadas no PSI 20, o que se pode

esperar é que, depois de uma euforia inicial, o preço venha a cair no futuro e, portanto, os pequenos

investidores vão perder as suas poupanças nesta ilusão de uma privatização — na realidade, só estão a

comprar aquilo que já era deles, porque era público — e o capital vai concentrar-se nos grandes investidores

institucionais. E tudo isto, Srs. Deputados, sem nenhuma garantia de manutenção de qualidade ou de

universalidade de serviço público postal.

Portanto, o que eu gostava de perguntar ao Sr. Deputado Bruno Dias é se acha que, como o Governo diz

— e o Sr. Secretário de Estado já aqui veio afirmá-lo várias vezes —, temos garantias de que a qualidade se

mantém no futuro, se temos garantias de que mais trabalhadores não serão despedidos, se temos garantias

de que os postos e o serviço se mantêm, ou se, pelo contrário, vamos assistir a uma situação semelhante,

como já aqui foi referida, à da Holanda, em que os Correios foram privatizados, a empresa que ficou com o

serviço deixou de prestar o serviço postal e agora diz ao Governo «se querem um serviço postal, paguem por

ele».

Portanto, a minha pergunta é sobre se temos garantias de que isto não venha a acontecer, se não vamos

no futuro ter de pagar por um serviço que agora privatizamos.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, agradeço as questões que

me colocou.

Ultimamente, tem vindo a surgir a pergunta e a discussão sobre se estaremos ou não perante um bom

negócio com esta privatização e o que se torna evidente é que, para os grandes grupos económicos e para os