O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE DEZEMBRO DE 2013

57

Em primeiro lugar, são sinais de interrupção de um ciclo de desenvolvimento que culminou com os

resultados obtidos e publicitados pelo Relatório PISA 2009 e que deveriam ter tido continuidade.

Em segundo lugar, trazem preocupações quanto à descontinuidade em relação a apostas essenciais dos

últimos governos liderados pelo Partido Socialista e que redundaram em tais resultados de sucesso.

É evidente que, não se confinando à escola, a escola pública de qualidade está presente, com certeza,

nestes resultados. E estão presentes também todos os professores, todos os educadores,…

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Agostinho Santa (PS): — … mesmo aqueles a quem querem pedir agora uma prova de capacidade

e de conhecimentos. Mesmo esses contribuíram para estes resultados de sucesso.

É preciso não ignorar, é preciso perceber a tendência para podermos emendar a mão e corrigir erros.

A estagnação, o risco de inversão de um ciclo deve-se — é preciso dizê-lo — ao desinvestimento no que é

essencial para os jovens, naquilo que se lhes proporciona como projeto não apenas escolar, mas também

escolar, mas também integrado, sustentado e continuado de acesso a níveis qualitativamente superiores de

vida ativa e interventiva em sociedade, em liberdade e em arrojo.

Pergunto: o caminho não será o de repensar as soluções e as ausências que entretanto deram os

resultados agora explicitados? Não valerá a pena repor o caminho do investimento na formação de jovens que

conduza ao crescimento estruturado e permanentemente procurado?

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Muito obrigada, Sr. Deputado, e considere este tempo de tolerância

como uma oferta da Mesa relativamente à sua primeira intervenção.

Tem a palavra, para responder, a Sr.ª Deputada Cecília Honório.

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Agostinho Santa, queria também

cumprimentá-lo pelo conteúdo da sua intervenção e pelas preocupações que aqui nos trouxe e subscrever a

sua preocupação com o retrocesso nas políticas de educação que estamos a identificar.

Perguntou-me sobre as soluções. Respondo-lhe que as soluções têm tudo a ver com a urgência de parar

com este ataque à escola pública, que tem uma fortíssima componente ideológica de um radicalismo muitas

vezes inesperado, mas existente, que visa a sua desconfiguração.

Se me diz: «Bom, 'no tempo da outra senhora', no tempo dos Governos do PS é que era bom», eu digo-lhe:

«Não vamos por aí. Há trabalho feito, há alguns sinais positivos que somos capazes de identificar, mas, como

sabe, também há muita obra de má memória.»

Sobre a obra de memória assinalável, é evidente que há sinais objetivos de melhoria de desempenho dos

nossos jovens em áreas tão sensíveis como a Matemática, as competências da língua e o domínio das

ciências. Estes aspetos são positivos, são para sublinhar e, mais uma vez, servem para destacar o

contrassenso, a política de atraso de um Governo que, face a aspetos que são positivos, o que faz é deitar no

lixo aquilo que estava a correr bem. Isto é ameaçador! É mesmo profundamente preocupante aquilo que está

na cabeça deste Ministério da Educação, particularmente deste Ministro.

Queria deixar-lhe a seguinte nota: se os Governos do PS foram historicamente reconhecidos como sendo

capazes de fazer uma espécie de gastão controlada das desigualdades na escola pública, com mais ou menos

empenho dependendo dos ministros e das ministras, na verdade, o que este Governo tem é uma política de

engenharia social, através da escola pública, de elitismo, de seleção e de destruição do princípio fundamental

da igualdade de oportunidades. E é a destruição deste princípio que está na origem de todas estas políticas de

seleção, de reforço do ensino privado e da vertente profissionalizante, a qual sucede tão cedo na vida das

crianças que elas ainda nem sequer tiveram tempo para pensar bem e muito menos para definir um destino

profissional.

É tudo isto que está sobre a mesa e é por ser tão ameaçador e tão preocupante para o futuro da

democracia que deixo um apelo: é mesmo preciso mobilizar toda a gente em defesa da escola pública e da

sua qualificação.