5 DE DEZEMBRO DE 2013
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Em primeiro lugar, são sinais de interrupção de um ciclo de desenvolvimento que culminou com os
resultados obtidos e publicitados pelo Relatório PISA 2009 e que deveriam ter tido continuidade.
Em segundo lugar, trazem preocupações quanto à descontinuidade em relação a apostas essenciais dos
últimos governos liderados pelo Partido Socialista e que redundaram em tais resultados de sucesso.
É evidente que, não se confinando à escola, a escola pública de qualidade está presente, com certeza,
nestes resultados. E estão presentes também todos os professores, todos os educadores,…
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Agostinho Santa (PS): — … mesmo aqueles a quem querem pedir agora uma prova de capacidade
e de conhecimentos. Mesmo esses contribuíram para estes resultados de sucesso.
É preciso não ignorar, é preciso perceber a tendência para podermos emendar a mão e corrigir erros.
A estagnação, o risco de inversão de um ciclo deve-se — é preciso dizê-lo — ao desinvestimento no que é
essencial para os jovens, naquilo que se lhes proporciona como projeto não apenas escolar, mas também
escolar, mas também integrado, sustentado e continuado de acesso a níveis qualitativamente superiores de
vida ativa e interventiva em sociedade, em liberdade e em arrojo.
Pergunto: o caminho não será o de repensar as soluções e as ausências que entretanto deram os
resultados agora explicitados? Não valerá a pena repor o caminho do investimento na formação de jovens que
conduza ao crescimento estruturado e permanentemente procurado?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Muito obrigada, Sr. Deputado, e considere este tempo de tolerância
como uma oferta da Mesa relativamente à sua primeira intervenção.
Tem a palavra, para responder, a Sr.ª Deputada Cecília Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Agostinho Santa, queria também
cumprimentá-lo pelo conteúdo da sua intervenção e pelas preocupações que aqui nos trouxe e subscrever a
sua preocupação com o retrocesso nas políticas de educação que estamos a identificar.
Perguntou-me sobre as soluções. Respondo-lhe que as soluções têm tudo a ver com a urgência de parar
com este ataque à escola pública, que tem uma fortíssima componente ideológica de um radicalismo muitas
vezes inesperado, mas existente, que visa a sua desconfiguração.
Se me diz: «Bom, 'no tempo da outra senhora', no tempo dos Governos do PS é que era bom», eu digo-lhe:
«Não vamos por aí. Há trabalho feito, há alguns sinais positivos que somos capazes de identificar, mas, como
sabe, também há muita obra de má memória.»
Sobre a obra de memória assinalável, é evidente que há sinais objetivos de melhoria de desempenho dos
nossos jovens em áreas tão sensíveis como a Matemática, as competências da língua e o domínio das
ciências. Estes aspetos são positivos, são para sublinhar e, mais uma vez, servem para destacar o
contrassenso, a política de atraso de um Governo que, face a aspetos que são positivos, o que faz é deitar no
lixo aquilo que estava a correr bem. Isto é ameaçador! É mesmo profundamente preocupante aquilo que está
na cabeça deste Ministério da Educação, particularmente deste Ministro.
Queria deixar-lhe a seguinte nota: se os Governos do PS foram historicamente reconhecidos como sendo
capazes de fazer uma espécie de gastão controlada das desigualdades na escola pública, com mais ou menos
empenho dependendo dos ministros e das ministras, na verdade, o que este Governo tem é uma política de
engenharia social, através da escola pública, de elitismo, de seleção e de destruição do princípio fundamental
da igualdade de oportunidades. E é a destruição deste princípio que está na origem de todas estas políticas de
seleção, de reforço do ensino privado e da vertente profissionalizante, a qual sucede tão cedo na vida das
crianças que elas ainda nem sequer tiveram tempo para pensar bem e muito menos para definir um destino
profissional.
É tudo isto que está sobre a mesa e é por ser tão ameaçador e tão preocupante para o futuro da
democracia que deixo um apelo: é mesmo preciso mobilizar toda a gente em defesa da escola pública e da
sua qualificação.