I SÉRIE — NÚMERO 27
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Pela nossa parte, Srs. Deputados, rejeitamos a existência de um défice tarifário. Os grandes grupos
económicos que operam no setor da energia fazem-no em condições de monopólio, aproveitando a
cumplicidade ativa do Governo para garantir lucros completamente inaceitáveis.
Srs. Deputados, Sr.as
Deputadas, cabe ao Estado regular o setor energético, garantir a sua sustentabilidade
no longo prazo, bem como o acesso de todos e todas as cidadãs a um bem público que deve ser universal.
Aquilo que não cabe ao Estado é assegurar rendas milionárias a poucas multinacionais.
Defender o interesse universal e não o particular. É em nome desta escolha que o Bloco de Esquerda vai
apresentar, nos próximos dias, um conjunto de medidas para atacar as rendas da energia e diminuir o preço
da eletricidade. Queremos abrir um debate que todos os cidadãos sabem ser necessário e urgente.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, inscreveram-se dois Srs.
Deputados, um do Partido Socialista e outro do PCP, para lhe pedir esclarecimentos.
Tem palavra o Sr. Deputado Mota Andrade.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, de
facto, o Partido Socialista também partilha das preocupações que V. Ex.ª expôs da tribuna.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Isso é que é grave!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Não é não, não, Sr. Deputado, e já vai ver porquê.
O Partido Socialista está preocupado com o aumento do preço da eletricidade para as famílias mais
carenciadas, para aqueles que estão desempregados. É essa sensibilidade que normalmente VV. Ex.as
não
têm.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Mas deixe-me dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que, porque está preocupado com esse aumento de preço, o
Partido Socialista, na semana passada, entregou na Mesa um requerimento, cuja votação estará agendada
para a próxima reunião da Comisso de Economia e Obras Públicas, no sentido de ouvirmos a Autoridade da
Concorrência nessa Comissão.
Ouvirmos a Autoridade da Concorrência porquê? Porque, segundo notícias que vieram a público, a
Autoridade da Concorrência recomendou ao Governo a revisão de algumas rendas excessivas pagas ao setor
elétrico, a Autoridade da Concorrência considera, aliás, que os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual
(CMEC) distorcem a concorrência e prejudicam os consumidores, recomendando, assim, ao Governo que
reveja os contratos que foram assinados com a EDP.
Ora, a Autoridade da Concorrência diz isto num relatório e, mais, o que é de sublinhar é que esse relatório
teve um parecer favorável da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
É, pois, nesse sentido que queremos ouvir a Autoridade da Concorrência, uma vez que ficámos
surpreendidos com a posição do Governo, porque, em vez de valorizar esse relatório, veio dizer que era um
relatório, veja-se, completamente fora de tempo. Ou seja, o que o Sr. Secretário de Estado da Energia teve
para dizer sobre uma matéria tão importante foi que este relatório não fazia sentido, que é um relatório fora de
tempo.
Para nós, esta é uma grande preocupação e eu gostava de saber qual vai ser a posição do partido de V.
Ex.ª em termos de votação deste requerimento, tal como gostava de saber qual é a posição da maioria que,
numa matéria tão importante, ficou pura e simplesmente muda.
Mas a verdade é esta: estamos perante um relatório bem claro, que diz de forma expressiva que as rendas
pagas ao setor energético são excessivas e que as mesmas têm repercussão nos consumidores. Queremos
saber qual é a posição que VV. Ex.as
vão tomar em relação ao nosso requerimento.
Mas deixe-me também dizer-lhe que, em termos de energia, não estamos só preocupados com o aumento
da eletricidade. Também estamos preocupados — e isso já foi aqui falado tantas vezes — com a necessidade