I SÉRIE — NÚMERO 27
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A Sr.ª Isabel Oneto (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista acompanha esta
iniciativa legislativa, que decorre, como já aqui foi referido, de recomendações de entidades internacionais,
como o GRECO e a OCDE.
Também já aqui foram referidas algumas das questões que se levantam relativamente à introdução de
mais normativos penais em matéria de corrupção. Estes normativos podem não ser mais do que uma «jarra de
flores» ao lado do orçamento da Polícia Judiciária, que tem orçamentado para despesas de combustível
menos do que o Gabinete do Sr. Primeiro-Ministro — tem orçamento até abril. Portanto, bem podemos
introduzir no nosso ordenamento penal mais normas, que as mesmas não deixam de ser normas que estão no
livro, não são normas em ação, como se impunha.
Recordo que, em 2010, foram feitos grandes avanços nesta matéria, nomeadamente com o Gabinete de
Recuperação de Ativos, que é um instrumento fundamental para que o crime não fique impune e não
compense.
Como disse, acompanhamos esta iniciativa, deixando, no entanto, o alerta de que o faremos nos limites
que o Direito Penal e o Estado de direito exigem.
Recordando aqui as situações que tivemos com o processo sumário, gostaríamos que, desta vez, o
proponente, o PSD, atendesse às propostas que o Partido Socialista fará nesta matéria, dado que já que nos
habituou a ver rejeitado tudo aquilo que apresentamos nesta matéria. Contudo, estaremos, obviamente,
disponíveis para o debate e para, em sede de especialidade, conseguirmos aprofundar uma matéria que
corresponde, hoje, a uma necessidade urgente do nosso País.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo
Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero
sublinhar, caso alguma dúvida ainda pudesse existir ou pairar sobre este Plenário, que, de facto, o presente
projeto de lei foi apresentado pelo Partido Social Democrata, e só pelo Partido Social Democrata. Estamos
coligados mas não estamos, de modo algum, obrigados a subscrever em conjunto todos os projetos
apresentados, ainda que deste tivéssemos tido conhecimento, como é evidente.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — A CDU não perceber isto parece estranho!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Qualquer dúvida que pudesse ter, Sr. Deputado António Filipe, fica
esclarecida. Compreendo que a sua experiência de coligação, no seio da CDU, seja substancialmente
diferente da nossa,…
Vozes do CDS-PP: — Claro!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … mas, enfim, cada um vive a experiência que vive.
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
A nossa coligação é entre dois partidos que normalmente vão a votos, que elegem os seus próprios
Deputados e que se juntam depois. Portanto, é uma experiência substancialmente diferente.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ainda não disse nada!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Neste contexto, e feita esta referência introdutória, quero registar que
há um dado muito positivo neste debate: sendo esta iniciativa proveniente de um só partido desta Câmara, até