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I SÉRIE — NÚMERO 36

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Confesso que me entristece — e com isto termino, Sr. Presidente — que nem o Sr. Deputado nem o

Partido Socialista responderam ao apelo que o Presidente do meu partido, o Dr. Paulo Portas, fez e que eu

hoje também fiz da tribuna, com humildade democrática, no sentido de nos podermos entender e

consensualizar em nome de Portugal e dos portugueses.

Os portugueses ficam hoje a saber que quem está em campanha eleitoral é o Partido Socialista, que não

quer consensos, não quer participar no esforço e não quer tirar Portugal deste protetorado. Os senhores ficam

com o desígnio de tentarem ser populares, porque nós temos outro: recuperar a autonomia financeira e a

soberania de Portugal.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro

Filipe Soares.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, Sr. Deputado Nuno Magalhães,

em primeiro lugar, apresento os cumprimentos da praxe sempre que há um momento relevante na vida de um

partido. O Congresso do CDS, apesar de atrasado seis meses face à sua marcação inicial, foi esse momento

de debate possível de existir dentro do seu partido.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Mais vale tarde do que nunca!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas devo dizer-lhe que a realidade da análise deste Congresso

demonstra o facto de parecer que o País real só chegou ao Congresso do CDS nos intervalos do mesmo. Só

nesse momento é que, realmente, o descontentamento, a crise que chega à vida das pessoas bateu à porta —

ou à mesa (como se quiser colocar) — do CDS.

Dentro do Congresso, ouvimos muito pouco dessa realidade. Ouvimos, sim, o Presidente do CDS, Paulo

Portas, dizer que o tempo dos demagogos e da demagogia terminou. Bem, mas com essa afirmação, com

essa determinação, não fez um mea culpa e nem sequer explicou aquela que era a arma mais mordaz que

utilizava nos debates políticos e aquelas que foram as suas sucessivas falhas de palavra aos portugueses.

Podemos dizer que demagogia eram as palavras do CDS — muita gente, porventura, dirá isso. É que

ouvíamos o CDS dizer que era o partido dos pensionistas, o partido dos contribuintes. Mas, depois, quando os

congressistas se preparavam para se deslocarem para o Congresso, entrou nesta Assembleia da República

um orçamento retificativo, que vai novamente ao bolso dos pensionistas.

Este Governo, no Orçamento do Estado para 2014, naquele que é o sistema fiscal criado, criou o maior

esbulho fiscal, indo ao bolso dos portugueses com um aumento brutal de impostos. Ora, não há demagogia

que resista a esta realidade inequívoca de um partido que está no Governo, que ataca os pensionistas e que

assalta os contribuintes.

Por isso, pergunto-lhe: haverá consequência, por parte do CDS, deste decretado fim da demagogia? Fez-

lhe o velório devido? Não, não fez. Nem as explicações sobre o irrevogável foram dadas claramente. A

verdade é que também chegariam atrasadas seis meses, mas foi isso que ensombrou o Congresso.

Dizia-nos agora o Sr. Deputado que o exemplo deste Congresso é o da grande unidade desta maioria, mas

nós vemos que a sombra deste Congresso é essa explicação nunca alcançada de porque é que esta maioria

esteve em causa com o irrevogável pedido de demissão de Paulo Portas.

Mas, não havendo a responsabilização, não havendo o assumir das culpas, pergunto o que é que nós

retiramos deste Congresso e o que é que podemos retirar deste CDS para o futuro. E, Sr. Deputado, parece-

me que esta pergunta ficará também sem resposta, porque vemos que há um CDS comprometido em

continuar o ataque aos contribuintes, o ataque aos pensionistas, mas continuando com a demagogia.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar.