O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 40

28

Mas, enfim, Sr. Deputado, para lá disso, penso que é importante, quer gostemos quer não, recordar

algumas partes de um diagnóstico, que até nem é feito por esta bancada mas pela União Europeia, em

relação ao nosso sistema tecnológico e científico.

Sr. Deputado, tem toda razão, somos cimeiros num dos indicadores importantes, que é o número de

investigadores ou doutorados — os dois andam par a par —, em proporção da nossa população. Neste

indicador, estamos à frente da média europeia e no top 5 dos países analisados pela OCDE, o que é uma boa

notícia.

Infelizmente, Sr. Deputado, no que diz respeito ao indicador da Comissão Europeia de excelência, não das

pessoas, mas da investigação produzida, o Sr. Deputado disse que éramos o melhor país do Sul da Europa

mas não é verdade, estamos bem abaixo da média europeia, atrás, por exemplo, do Chipre, da Espanha e da

Itália.

Protestos do PS.

É o número da Comissão Europeia, constante no seu boletim Economic Analysis Unit, o DG Research and

Innovation.

Os países que estão à frente, em excelência, são aqueles em que grande parte do investimento público é

feito em projetos e instituições e não em bolsas individuais, como é o caso da Dinamarca, da Holanda, da

Alemanha ou da Finlândia.

Por isso, o que lhe quero perguntar é se fazemos bem ou não em seguir uma receita que, noutros países,

funcionou para aumentar a excelência na investigação, uma vez que já temos recursos humanos excelentes,

graças à política de vários governos anteriores. Fazemos bem ou não em fazer isto, recordando ao Sr.

Deputado que a execução da FCT, quer para projetos, quer para instituições, sobe, sem parar, desde o ano de

2011?!

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Zorrinho.

O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Michael Seufert, tenho muito gosto em fazer-

lhe chegar, oportunamente, um dossier com dezenas de relatórios em que a aposta na ciência e na inovação

em Portugal é considerada, pelas instâncias internacionais, uma aposta-modelo, uma aposta excecional. E a

verdade é que os resultados mostravam-no, mas, agora, desde que os senhores tomaram posse e começaram

a aplicar as vossas políticas, Portugal começou a decrescer em todos os rankings.

Mas, perante a sua intervenção e o facto de o PSD, com toda a legitimidade, não me fazer qualquer

pergunta, gostaria, sobretudo, de retirar uma ilação política que me parece evidente: a austeridade ganhou ao

novo ciclo, a austeridade matou o novo ciclo, o grande derrotado desta política científica chama-se Pires de

Lima, ou, eventualmente, Paulo Portas, na perspetiva de procurar aumentar as exportações e a dinâmica da

economia em Portugal.

Aplausos do PS.

Pires de Lima considerou que o IVA da restauração devia baixar, que o IVA e os preços da energia deviam

baixar para termos uma economia mais competitiva, mas a austeridade venceu o novo ciclo.

Pires de Lima considerou que o salário mínimo devia ser ajustado, devia seguir-se aquilo que, aliás, está

feito em concertação social e aceite pelos patrões e pelos sindicatos, mas a austeridade venceu o novo ciclo.

Ouvi, ontem, Pires de Lima a falar da competitividade, em Espanha, a prometer uma economia portuguesa

inovadora, a prometer uma economia portuguesa de valor acrescentado, mas, ao mesmo tempo que o

promete, está aqui a ser atraiçoado pela austeridade. Mais uma vez, o novo ciclo é morto pela austeridade, por

uma austeridade sem sentido e sem critério.

Aplausos do PS.