24 DE JANEIRO DE 2014
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra a Sr.a Deputada Rita Rato.
A Sr.a Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.
a Deputada Heloísa Apolónia, agradeço as questões que
coloca.
Começo por dizer que, ao longo dos últimos anos, têm sido milhares os investigadores e cientistas
portugueses que foram forçados a emigrar porque nos outros países têm condições e veem valorizado o seu
trabalho de uma forma que não acontece no nosso País. Mas não deixa de ser curioso que para muitos,
quando são confrontados com a pergunta «gostaria de regressar ao seu País?», a resposta imediata seja
«sim, gostaria, mas se me garantissem exatamente as mesmas condições de valorização do meu trabalho».
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.a Rita Rato (PCP): — O que acontece não é apenas uma emigração forçada dos mais jovens e
qualificados do País, que com a sua formação podiam contribuir para o seu desenvolvimento, é também o
agudizar desta sangria de saída de jovens altamente qualificados e a insistência no desastre de dizer que os
jovens não fazem falta ao seu País.
Quanto a algumas matérias que já foram referidas, gostaria de dizer o seguinte: para o PCP é muito claro
que o responsável político da decisão de redução do financiamento das bolsas da FCT e de concentração do
financiamento nas empresas é o Governo e a FCT executa-a, naturalmente com critérios duvidáveis e já vários
vieram contestar estas decisões. Por isso, entendemos que é fundamental derrotar esta política e colocar a
ciência ao serviço do povo e do País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte
Marques.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o PSD partilha com os
restantes grupos parlamentares a importância que a ciência tem em Portugal e considera que não é património
da esquerda o investimento da ciência em Portugal.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Portanto, esta não é uma questão ideológica.
Importa referir também que foi o PSD que viabilizou a vinda a este Parlamento, amanhã mesmo, do
presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Protestos da Deputada do PS Elza Pais.
Até agora, e que eu saiba, o Partido Socialista não propôs a vinda de ninguém, foi o PCP que o fez e foi o
PSD que tornou possível a vinda do presidente da FCT para viabilizar a proposta do Bloco de Esquerda, de
modo a serem discutidos os concursos que tiveram lugar e poderem esclarecer-se todas as dúvidas legítimas
que existam sobre o assunto. Essa foi a grande questão.
Mas o que está a acontecer em Portugal, e tem criado grande alarido na comunicação social e nesta Casa,
é uma inversão do paradigma do investimento em ciência.
Não discuto que outros partidos possam considerar que esta não é a melhor opção, mas esta é uma opção.
Se dissessem que se cortava nas bolsas e que o dinheiro não ia para mais lado nenhum, até concordaria com
a oposição. No entanto, o que está em causa é uma alteração dos instrumentos de investimento em ciência e
das políticas de ciência em Portugal, passando-se de investir tanto em bolsas e aumentando o apoio aos
centros de investigação e a projetos. É com o aumento da exigência, da excelência e criando condições que
se melhora a qualidade nos centros de investigação.