I SÉRIE — NÚMERO 49
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Temos que ter os pés bem assentes na terra e não podemos enveredar por situações que contribuam para
o colapso do sistema e não para a sua sustentabilidade.
Protestos da Deputada do PCP Paula Baptista.
Assim, acompanhamos o Governo no trabalho que está a levar a cabo para que o sistema educativo possa
corresponder de forma cabal às necessidades de formação dos nossos jovens, que são sempre o nosso
objetivo ao discutirmos estas matérias, independentemente de considerarmos o papel insubstituível dos
professores na construção de um futuro capaz de corresponder aos desafios do século XXI.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Não estamos a falar do mesmo!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Agostinho Santa.
O Sr. Agostinho Santa (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Embora dirigidos ao mesmo
universo de profissionais, os dois projetos de lei em discussão não se confundem, nem sequer nos seus
efeitos e na sua oportunidade. Motivarão, por isso, posicionamentos diferentes quanto à bondade das
soluções normativas propostas e ao sentido da sua aceitação.
O projeto de lei do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda ilustra uma situação que também nos parece
conter suficiente perversidade para demandar alteração urgente.
Pode, com segurança, afirmar-se que a existência de vários impulsos de vinculação excecional de
professores das ditas técnicas especiais, ligadas ao ensino artístico, profissional e tecnológico, tiveram como
resultado prático e indesejado a criação de uma situação de desigualdade de tratamento, em que alguns
profissionais, nas mesmas condições de habilitação para a lecionação de disciplinas técnicas e com superior
tempo de serviço em relações a outros, se veem confrontados com regras mais penalizadoras de progressão
na carreira e de estatuto remuneratório.
Neste sentido, o que este projeto de lei pretende — equiparação dos regimes de progressão na carreira de
todos os professores vinculados de técnicas especiais nas mesmas condições — assume foros de reposição
de níveis imprescindíveis de justiça.
Por sua vez, o projeto de lei do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português tem como lastro
motivante a situação de uma elevada percentagem de docentes…
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
… de disciplinas do ensino artístico das artes visuais e audiovisuais, da música e da dança que, suprindo
embora necessidades permanentes das escolas, são contratados a termo todos os anos, nunca tendo acedido
à vinculação, pretendendo-se que essa vinculação seja imediata e extraordinária para docentes contratados
com pelo menos três anos de serviço.
O Partido Socialista tem defendido, a propósito de iniciativas sobre o problema da precariedade nas
condições de exercício das funções educativas, que se impõe que a situação dos docentes contratados que
vêm preenchendo necessidades permanentes da escolas seja tratada com equidade, evoluindo para a
estabilidade através do acesso à carreira docente e respetivos quadros.
Mantemos esse entendimento na certeza reforçada de que a União Europeia impõe a tomada de medidas
em cumprimento da diretiva comunitária de combate à precariedade do regime de trabalho de profissionais,
entre os quais se encontram os docentes contratados, cumprimento esse a que o Governo português está
imperativamente vinculado.
Neste pressuposto, tem o Sr. Ministro da Educação entre mãos um problema que tem que resolver, nos
tempos mais próximos e de acordo com o direito comunitário e nacional. Este é, portanto, o tempo de o
Governo aparecer com a solução legalmente conformada; este não é o tempo de criar regimes excecionais de