13 DE MARÇO DE 2014
25
Pedia, pois, que tivessem em conta do tempo de que dispõem, uma vez que a Mesa nem sempre o pode
fazer, porque também trata de outras coisas, e que, em autorregulação, tomassem conta dos limites do tempo.
Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Lobo d'Ávila.
O Sr. Filipe Lobo d'Ávila (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Nos passados dias 6 e 7
de março realizou-se, em Dublin, o Congresso do Partido Popular Europeu, um Congresso que reuniu mais de
800 congressistas, mais de 70 partidos do centro-direita de 39 países, entre os quais o CDS e o PSD.
Foi um momento de grande pluralismo ideológico da maior família política da Europa e que extravasou
mesmo as fronteiras da União Europeia, fazendo pontes com Estados associados e Estados vizinhos.
Foi um Congresso marcado por um debate aberto sobre o manifesto eleitoral para 25 de maio, palco de
uma disputa democrática com diferentes candidaturas para a presidência da Comissão Europeia. Falamos de
um manifesto legitimado que traçou as prioridades desta campanha e os grandes desafios da União Europeia
nos próximos anos: o combate ao desemprego, a solidariedade entre os Estados-membros, a consolidação do
modelo social europeu, a luta contra a imigração ilegal.
Foi um Congresso com a particularidade de apontar, à partida, três candidatos com origens geográficas e
políticas diferentes: Michel Barnier, de um grande Estado fundador, a França; Jean Claude Juncker, de um
pequeno Estado fundador, o Luxemburgo; e Valdis Dombrovskis, de um pequeno Estado do grande
alargamento a leste, a Letónia. Isto a provar bem a abertura e descentralização dos perfis políticos no PPE.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O CDS desde o primeiro dia manifestou um sinal inequívoco de
simpatia e empatia com a candidatura de Jean Claude Juncker, confirmado pelo Congresso como o candidato
do Partido Popular Europeu a Presidente da Comissão Europeia.
Uma vitória que prova duas coisas: que no Partido Popular Europeu não há indicações a dedo, não há
candidatos definidos à partida, os votos contam-se nas urnas, e que as opções de escolha são transparentes,
sendo que os congressistas privilegiaram um candidato com um perfil de experiência institucional, negociador,
promotor de compromissos, conhecedor profundo dos alicerces da moeda única e dos pilares precisos para se
chegar a uma união económica sustentável e para preservar, reformando, o modelo social europeu, de que os
europeus se devem poder orgulhar.
O CDS apoiou o Sr. Jean Claude Juncker por razões muito simples de explicar: primeiro, o Sr. Juncker é
um político, não é um tecnocrata, e as questões com que a Europa se debate têm que merecer um olhar
político, uma avaliação política e não são apenas um encargo tecnocrata.
Segundo, o Sr. Juncker é um democrata-cristão de razão e coração e a Europa precisa da sensibilidade
social e cristã quando se debate com um problema muito sério de competitividade e desemprego.
Terceiro, o Sr. Juncker é um político naturalmente aceite, apoiado no Sul, no Centro e no Norte da Europa
e isso é essencial para remover os preconceitos morais perigosos que as crises das dívidas soberanas
geraram no nosso continente.
Quarto — ou talvez mesmo em primeiro lugar —, o Sr. Juncker é amigo de Portugal, é amigo dos
portugueses e conhece muito bem os portugueses, porque 20% da população do Luxemburgo é portuguesa.
Se ele for, como nós desejamos e procuraremos que seja, Presidente da Comissão Europeia, será sempre um
homem sensível a Portugal e aos portugueses.
Quinto, o Sr. Juncker foi primeiro-ministro durante 18 anos, todos em coligação, ora com os socialistas ora
com os liberais. Uma prova, Sr.as
e Srs. Deputados, que a estabilidade exigida às reformas estruturais foi
sempre um bem acautelado pela sua liderança e que as pontes com outros partidos — importa recordar nesta
sede — podem e devem ser executadas em nome do interesse nacional.
Negociador nato, capaz de fazer compromissos entre interesses divergentes, experiente na política
europeia como nenhum outro, dará à Comissão esse preciso papel, mais do que nunca necessário: o de uma
instituição garante do diálogo entre pequenos, médios e grandes Estados; o de uma instituição depositária do
método comunitário como mecanismo fundacional da unidade europeia; o de uma instituição motora do
combate às prioridades desta União Europeia, focada no crescimento e emprego, na solidariedade dos
Estados-membros e na concretização, tão rápida quanto possível, da união bancária.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Não é justo que uma empresa portuguesa que apresente melhor
performance que uma empresa alemã, quando quer aceder ao crédito, beneficie de uma taxa de juro mais
desvantajosa em razão do seu território ou da sua nacionalidade.